6 ANOS DEPOIS

Memorial Brumadinho é inaugurado em homenagem às 272 vítimas de tragédia

Espaço em homenagem às vítimas do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão foi aberto neste sábado (25/1), seis anos depois da tragédia

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 Os mineiros lembram neste sábado (25/1) a maior tragédia socioambiental do país. Em 25 de janeiro de 2019, o rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, deixou 272 mortos, dos quais 251 trabalhadores, duas mulheres grávidas, moradores e turistas. Para reverenciar a memória das vítimas e homenagear seus familiares, foi inaugurado hoje, às 15h, o Memorial Brumadinho, na localidade de Córrego do Feijão, distante 15 quilômetros da sede municipal.

O espaço será gerido pela Fundação Memorial de Brumadinho, instituição de direito privado sem fins lucrativos, criada em 2023, após um acordo no Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) entre a Vale e a Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum), e que garantiu a representatividade dos atingidos na governança do sítio de memória.

Segundo a presidente da fundação, Fabíola Moulin Mendonça, o memorial é fundamental para honrar as pessoas e dar "cara e voz" para as vítimas da tragédia, além de um número. "Elas deixam de ser 272 vidas e passam a ser cada uma das pessoas que morreram no rompimento da barragem. Ao mesmo tempo, é um espaço que vai contar essa história na perspectiva desses familiares. É o momento em que a gente abre o espaço para que todas as pessoas vejam e se identifiquem, é um espaço importantíssimo para esse processo de luta", disse.

O Memorial reúne bosque com 272 ipês amarelos, plantados em homenagem a cada uma das vítimas, escultura-monumento, espaço meditativo, duas salas de exposição, além de ambiente dedicado “à guarda digna e honrosa dos segmentos corpóreos das vítimas”. Haverá também projetos educativos e de pesquisa a fim de fomentar estudos interdisciplinares em meio ambiente, geografia, arquitetura, direito e história, com foco na tragédia e seus desdobramentos. A entrada é gratuita, de quarta a domingo.

 



Histórico

Com projeto do arquiteto Gustavo Penna, o Memorial Brumadinho teve seu início em maio de 2019. Naquele mês, familiares dos que morreram em decorrência do rompimento da barragem protocolaram no Ministério Público uma solicitação para construção de um parque em homenagem às vítimas da tragédia. Dessa mobilização nasceu também a Avabrum, que passou a representar formalmente os interesses dos familiares.

Um ano após a tragédia, os familiares celebraram a conquista da reivindicação coletiva, com a pedra fundamental do memorial. Três anos e meio depois, em agosto de 2023, foi firmado o Termo de Compromisso entre a Vale e a Avabrum. A promotora Ludmila Costa, responsável do MP por intermediar o acordo, destacou a dificuldade do processo de construir a governança do espaço.

“Ao final, graças a Deus, deliberou-se de forma consensual pela constituição de uma fundação de direito privado em que o conselho curador fosse indicado pelos familiares. Esse conselho delibera quem será membro da direção, e ela atua afinada com os familiares. Acho que isso foi o mais importante para o Ministério Público: garantir que o memorial vai ser gerido pelos familiares”, disse a promotora de Justiça.

Para Kenya Lamounier, viúva de uma vítima e membro do conselho curador representando a Avabrum, o memorial conecta o presente e o passado com a história das vítimas. Segundo ela, o espaço é um exemplo para que outras tragédias sociais sejam contadas do “ponto de vista dos oprimidos”.

“Que nesse espaço, os visitantes possam saber que por trás do número 272 existe a história dessas pessoas. Aqui no memorial, a narrativa será verdadeira, sem manipulação ou omissão dos fatos que levaram ao rompimento. Aqui damos voz e protagonismo para a vida de todos os 272 inocentes. É uma forma de assegurar que os erros não se repitam”, ressaltou a diretora da associação de familiares.

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