BRIGA DE TRÂNSITO

Motorista de app que matou colega é indiciado por homicídio privilegiado

Autor do crime se apresentou espontaneamente à polícia e explicou como ocorreu a briga de trânsito; caso foi considerado raro e emocionou os policiais

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“Homicídio privilegiado”. Esta é a conclusão do inquérito que apurou a morte do motorista de aplicativo Rodrigo Martins Guimarães, de 36 anos, que foi morto com uma facada por outro motorista de aplicativo, de 42 anos, em consequência de uma briga de trânsito. O crime ocorreu no dia 16 de janeiro, no Bairro Santa Rosa, na Região Norte de Belo Horizonte. A vítima ficou internada por três dias e morreu no último dia 19.

Segundo a delegada Ariadne Elloise Coelho, da Delegacia de Homicídios de Venda Nova, o indiciamento por homicídio privilegiado se dá pelo fato do autor ter agido sob o domínio de violenta emoção, logo após as provocações que sofreu por parte de Rodrigo. 

“O autor nos procurou, sem advogado, e acompanhado de seu irmão e de sua esposa. Ele estava arrasado. Falou que não conseguia parar de pensar no que tinha acontecido. Ele disse que sabia que a vítima tinha família, filhos, assim como ele. Era um pai de família”, conta a delegada Ariadne.

O crime 

No dia 16 de janeiro, segundo a delegada, o autor tinha começado a trabalhar às 6h. Ele saiu para fazer duas entregas, mas ao chegar ao primeiro local percebeu que o endereço estava errado. Retornou ao ponto de partida e a pessoa que havia feito o pedido de entrega pediu desculpas e passou os dados certos. 

Foi a partir daí que teve início o problema entre os dois motoristas. “No Anel Rodoviário, altura do Caiçara, ele deparou com o outro motorista, que trafegava muito devagar e ele tinha pressa para fazer a entrega. O autor, então, buzinou para que o outro motorista acelerasse ou o deixasse passar, mas o motorista da frente diminuiu ainda mais a velocidade. Nervoso e com pressa, o autor resolveu fazer uma ultrapassagem pela direita”, conta a delegada Ariadne.

Foi quando começou uma perseguição. Rodrigo acelerou, emparelhou com o autor e o ameaçou. “Ele disse que iria macetá-lo, uma gíria que quer dizer matá-lo”, explica a delegada.

O autor seguiu viagem, acelerou, mas tinha sempre Rodrigo na perseguição. Novamente, Rodrigo teria emparelhado e gritado: “Não adianta correr”. Mais uma ameaça de morte foi feita, segundo o autor.

Chegando à Avenida Sebastião de Brito, onde faria uma das entregas, o autor resolveu estacionar para tentar se livrar da perseguição, mas Rodrigo estacionou atrás e desceu do carro. O autor pegou uma faca, que tinha para cortar frutas, e um aferidor de pneus e desceu do carro.

Rodrigo foi para cima do autor, que o atingiu com uma faca. Foram dois golpes, um no peito e outro no abdômen. Os funcionários de um restaurante em frente de onde acontecia a briga saíram para separar os homens. Nesse momento, o autor do crime entrou em seu carro e deixou o local. Já Rodrigo foi socorrido e levado para o Hospital do Pronto Socorro João XXIII.

Confissão 

Segundo a delegada Ariadne, o homem que cometeu o crime deixou o local para fazer as entregas, mas realizou apenas uma delas. Depois disso, ele desapareceu, mas no início desta semana, procurou a Polícia Civil e se entregou. Ainda conforme informações da delegada, “segundo a família da vítima, o motorista apresentava quadro depressivo”.

O caso, considerado raro pelos policiais, chegou a comover os agentes devido às circunstâncias de emoção extrema que causaram o crime. “O depoimento do autor comoveu até uma de nossas policiais. Todos os dados e fatos foram checados, para que pudéssemos chegar à conclusão sobre o crime. Por isso, o indiciamento por homicídio privilegiado", disse a chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegada Alessandra Wilkie.

Tipificação do crime

O homicídio privilegiado é um argumento jurídico que pode reduzir a pena de um réu. Ele ocorre quando o crime é cometido sob circunstâncias que diminuem a culpabilidade do autor e está previsto no artigo 121, parágrafo 1º, do Código Penal Brasileiro.

As circunstâncias que podem levar ao homicídio privilegiado são motivo de relevante valor social ou moral e domínio de violenta emoção, após provocação injusta da vítima.

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No entanto, para que esse caso seja considerado homicídio privilegiado é necessário que o juiz comprove que o autor estava sob o domínio de uma forte emoção ou que o crime foi motivado por um valor social ou moral relevante.

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