
Adolescente morta por pastor será enterrada nesta quinta
Velório e sepultamento serão realizados no Cemitério Parque da Colina; corpo da menina foi encontrado dois dias depois de desaparecer
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Siga noA adolescente Stefany Vitória Teixeira Ferreira, de 13 anos, que foi morta por um pastor e enterrada em uma área de mata entre as cidades de Esmeraldas e Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, será sepultada na manhã desta quinta-feira (13/2).
De acordo com a família de Stefany, o velório será às 10h30 e o sepultamento, às 11h no Cemitério do Parque da Colina, no bairro Nova Cintra, na Região Oeste de BH.
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Nessa quarta (12), a família de Stefany fez uma campanha para arrecadar recursos para o sepultamento dela. Uma das irmãs da menina, Jéssica Soares, explicou, nas redes sociais, que a família já tinha um jazigo no cemitério, onde um irmão delas está enterrado. Segundo Jéssica, a razão da campanha seriam as taxas para o sepultamento, que estavam muito altas.

“Nosso desejo é que meu irmão e minha irmã fiquem juntos. O desejo da nossa família é manter os irmãos juntos e não colocar a Stefany em uma sepultura de cemitério público. O que a gente conseguir arrecadar é de grande apoio. É um momento muito difícil, doloroso”, afirmou.
O crime
O corpo de Stefany foi encontrado na tarde dessa terça (11/2) em uma área de mata entre as cidades de Esmeraldas e Ribeirão das Neves, já em estado de decomposição. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) localizou o corpo depois de prender o suspeito por cometer o crime, o pastor João das Graças Pachola, que confessou o crime e indicou onde havia enterrado a menina.
João atuava como pastor no Bairro Metropolitano, em Ribeirão das Neves, e foi preso em Contagem nessa terça depois de uma investigação conduzida pelo Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil. Ele confessou que matou Stefany depois de ter recebido um tapa no rosto, mas negou que a tenha estuprado. Os exames ainda confirmarão se houve abuso.
A adolescente desapareceu no domingo (9/2), quando saiu para ir à casa de uma amiga, onde nunca chegou. Segundo Kamila Oliveira, outra irmã de Stefany, a Polícia Civil prestou todo o apoio à família durante o desaparecimento.
De acordo com uma amiga da adolescente morta, o assédio às meninas do Bairro Metropolitano era frequente por parte do suspeito. Depois de ser preso, o carro do pastor foi incendiado pela comunidade, que está revoltada. De acordo com a irmã da vítima, o carro estava cheio de sangue, que ela imagina ser da adolescente.

Descaso da PM
Segundo Kamila, que atua como auxiliar de logística, policiais militares sugeriram que a vítima estivesse “com algum namoradinho” ou "em algum baile”, além de terem ignorado uma pista de que a adolescente poderia estar com o pastor.
“A gente tentou registrar o boletim de ocorrência, mas a polícia falou que não faria nada, que não poderia. A PM perguntou o que tinha acontecido e falou assim: ‘Pois é, essa idade é complicado. Provavelmente deve estar em algum baile’. Eu falei: ‘Mas minha irmã não faz isso. Minha irmã é muito caladinha’. Aí ele disse assim: ‘A gente não vai registrar nenhum boletim de ocorrência. Agora é esperar, porque provavelmente ela deve estar na casa de algum namoradinho ou deve estar na casa de alguma amiguinha, tá rolando um baile ali no São Januário. Se eu fosse você, eu passava lá para ver se você acha ela’”, contou Kamila.
Ainda de acordo com a irmã da vítima, o militar que atendeu a ocorrência no domingo disse que era complicado, pois havia pouco tempo que Stefany havia sumido. Conforme o relato, um dos militares que compareceu à casa da vítima levou a irmã de moto até o baile citado e disse para procurá-la. Como não a encontrou, o policial disse que o melhor seria ficar em casa esperando.
Para a auxiliar de logística, o descaso da PM diante da situação foi um dos motivos para não encontrarem a menina com vida. Ainda segundo ela, os militares ignoraram uma pista dada por um caminhoneiro. No domingo, ele havia ligado para a família e dito que viu uma menina sendo colocada em um HB20 branco no Bairro Tijuca, em Ribeirão das Neves, por um homem mais velho. Algumas das características batiam com a roupa que a vítima usava antes. No entanto, a informação não foi considerada pela PM.
Kamila conta, ainda, que a família não dormiu desde o desaparecimento, pois Stefany nunca havia dormido fora sem o consentimento, além de ser mais caseira. A irmã desabafa sobre a perda e diz desejar justiça, pois, segundo ela, moradores do bairro contam que o suspeito cometeu o crime outras duas vezes. A situação é agravada pelo fato dele ser amigável com a comunidade, além de ter o costume de levar crianças para a escola.
“É uma situação bem complicada porque a gente não vai ter velório, já que a minha irmã entrou em estado de decomposição. Ela tava sendo comida por bicho. Uma coisa que eu creio é que poderia ter sido evitado, porque a denúncia, no exato momento que o carro saiu, poderia ter evitado muita coisa, mas eles não quiseram registrar a denúncia”, relata.
Ainda segundo Kamila, ontem a PM estava de prontidão na casa do suspeito para evitar que moradores do bairro coloquem fogo no local. Para Kamila, a ação policial agrava o sentimento de revolta, pois dá a impressão de que eles estão protegendo o autor do crime contra a menor.
“A gente pede justiça, porque a dor que a gente está sentindo de ter que enterrar minha irmã com o caixão fechado, em decomposição, porque um traste fez isso com ela. Eu quero justiça, porque a PM poderia ter evitado sim, já que tem dois postos localizados próximo do bairro. Então, a PM poderia, sim, ter parado o carro e ter evitado a morte da minha irmã”, lamenta.
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que as guarnições do turno de atendimento da família da vítima se mantiveram atentas e na coleta de informações sobre o desaparecimento da adolescente. Ainda segundo a nota, a PM ajudou a Polícia Judiciária na ação de prisão do envolvido na ocorrência.
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Em relação à denúncia de descaso, a corporação afirma que a corregedoria da Polícia Militar de Minas Gerais instaurou um procedimento e está acompanhando o caso.