ESTAÇÃO DE ÔNIBUS

Rodoviária de BH tenta reaver passageiros "fujões"

Após elevar fluxo de viagens e tirar 9,8 nas avaliações de 2024, terminal encara desafio de recuperar usuários perdidos para outras opções de transporte

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Concedido à iniciativa privada em 2022, o Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro (Tergip) registrou elevação de quase 10% no fluxo de viagens em 2024, na comparação com o ano anterior, e obteve uma nota global de 9,8 nos indicadores que avaliam conforto, higiene, registros de ocorrências e satisfação dos usuários, apontam dados da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra). No que se refere ao movimento de passageiros, entretanto, o avanço foi bem mais tímido, com alta de 2,4% em igual período, depois de um refluxo verificado nos últimos anos. Trazer de volta os passageiros é agora o maior desafio, aponta a diretora-executiva da rodoviária, Vanessa Costa, que assumiu o cargo em setembro de 2022, já na gestão da concessionária Terminais BH.


“O número (de viajantes) cresce timidamente, mas cresce”, diz Vanessa, ao explicar que houve uma queda relacionada à pandemia de COVID-19 e às novas opções de transporte, muitas vezes clandestinas, cada vez mais populares. “A gente vem intensificando a campanha para trazer os passageiros de volta, mas é um trabalho que requer dedicação”, diz.


Para ela, é necessário que os passageiros se conscientizem que a concorrência da rodoviária com os transportes clandestinos é desleal por um motivo: “Essas empresas, por serem clandestinas, operam com menos exigências e oferecem preços mais baixos. Mas o principal é que elas não seguem os mesmos padrões de segurança e qualidade que as empresas regulares são obrigadas a cumprir. O passageiro está ali correndo riscos, que vão desde de não embarcar a ter problemas com a segurança da viagem.”


Segundo a diretora, o terminal conta com uma equipe de controladores de tráfego, que opera 24 horas por dia. “Eles fazem levantamentos diários e enviam relatórios para os órgãos fiscalizadores competentes. Esses órgãos podem, inclusive, solicitar a presença de fiscais no terminal para verificar possíveis irregularidades. Se houver atrasos frequentes ou problemas identificados, a operadora pode ser investigada.” No caso das viagens interestaduais, segundo Vanessa, a fiscalização é responsabilidade da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), enquanto as viagens intermunicipais do Departamento de Estrada de Rodagem (DER).


No que diz respeito aos atrasos das partidas dos ônibus no ano de 2024, a Seinfra disse, em nota, que não estão relacionados à gestão do terminal rodoviário, mas à operação das empresas de ônibus. “Os atrasos são vistoriados, contabilizados, notificados e autuados, quando passível, pelo DER-MG”.


De acordo com os dados da Seinfra, o volume de embarques cresceu 3% no período, saindo de 3.547.205 para 3.668.431 pessoas. Nos desembarques, a alta foi de 2%, passando de 3.557.049 em 2023 para 3.612.677 em 2024. Segundo Vanessa, a rodoviária permanece operando com 65% de sua capacidade e não se fala em ampliação do espaço físico, uma vez que o terminal é tombado pelo patrimônio público, o que impede reformas.

PERCEPÇÃO DOS PASSAGEIROS


A reportagem esteve no terminal e conversou com alguns passageiros que aguardavam para o embarque. Izia de Fátima, de 69 anos, contou que transita pelo terminal desde a década de 1970. “Como moro em Sete Lagoas, venho com frequência para fazer meus exames e um tratamento de saúde. E acho que isso aqui piorou”, disse, citando especificamente os preços de lanches. “Uma Coca-Cola pequena custa R$ 5, uma água tônica, R$ 10”, reclamou a aposentada, que considera o local desconfortável e o ambiente sujo.


A rota feita por Izia, segundo Vanessa Costa, é o trajeto intermunicipal mais comum do terminal: “Chamam a atenção as viagens para as regiões Metropolitana e Central do estado, com destaque para Confins e Sete Lagoas, que no último trimestre de 2024 registraram fluxo de quase 57 mil passageiros.” Já para fora do estado, o destino preferido foi São Paulo, seguido de Rio de Janeiro e Espírito Santo.

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Já Irene de Souza, de 59, natural de Medeiros, Região Centro-Oeste do estado, avaliou positivamente o terminal. “Melhorou muito. Eu terminei minhas coisas e vim direto para cá esperar com tranquilidade. Carrego meu telefone, leio meu livro e espero aqui. Fico confortável e segura”, comentou. Ela contou que também faz uso terminal, com frequência, há muitos anos, vindo para Belo Horizonte visitar os filhos ou por razões médicas.


SANITÁRIOS


Enquanto aguardavam o ônibus para voltar para casa, em Curvelo, na Região Central, Maria Telo e Celso Guimarães contaram que também consideram o terminal eficiente no que se refere ao conforto e à segurança. “Já viajamos por aqui tem anos. Ao longo do tempo melhorou, inclusive os banheiros”, avaliou Maria.


Segundo a Seinfra, as principais reclamações direcionadas ao Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro foram em relação ao uso dos sanitários. Mas a microempresária do ramo de artesanato Terezinha Couto, de 56, também elogiou os sanitários do terminal: “Melhorou muito, tudo bem limpo e bonito”. A reportagem teve acesso ao local, onde são cobrados R$ 3 para a entrada. Para passageiros, o acesso é gratuito, desde que apresentem a passagem de ônibus ao guichê. As catracas modernas dão acesso ao interior do banheiro, que durante a presença da reportagem estava limpo, adequado para uso e com um visual moderno.


NOVAS OPERADORAS


A diretora do terminal conta também que, só em 2024, quatro novas operadores passaram a atender passageiros: Brasil Bus, Viação Catarina Transportes, Viação Jamjoy e Viação São Luiz. Dados disponibilizados pelo terminal mostram aumento de aproximadamente 10% no volume de partidas de veículos e de 7% no de chegadas, de janeiro a dezembro de 2024 em relação ao mesmo período de 2023.


O tamanho da rodoviária não aumenta com o fluxo, o que muda é a logística, de acordo com Vanessa: “São 16 locais de embarque, que acomodam até três veículos simultâneos. As partidas têm intervalo de 15 minutos. O terminal é grande, o que a gente controla é a concentração de horários, a gente tenta variar os horários para aumentar cada vez mais a capacidade da rodoviária.”


Segundo ela, a fiscalização é contínua. “Nossa equipe está atenta a sinais visuais de problemas, como pneus carecas ou partes quebradas nos veículos. Monitoramos se os ônibus saíram no horário ou com atraso e usamos essas informações para apoiar tanto a fiscalização quanto a melhoria do serviço”, explica.


Para o futuro, Vanessa Costa revelou a possibilidade de instalação de um sistema novo de leituras de placas, automático, tornando o processo de chegada e saída dos veículos mais rápido. Desde setembro de 2022, a área de embarque é liberada apenas para o viajante, que precisa apresentar a passagem ao leitor de tarifa antes de descer as escadas que dão acesso às plaformas. A medida foi adotada por questões de segurança, segundo a diretora.


CARNAVAL


De acordo com Vanessa Costa, o fluxo de passageiros muda pouco durante o carnaval. Para ela, quem frequenta a folia da capital mineira são os próprios moradores de Belo Horizonte e, apesar de aumentar o embarque e desembarque, esse crescimento não é proporcional ao tamanho da festa. A expectativa, segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, é de que a festa movimente cerca de 6 milhões de foliões na capital e até R$ 1 bilhão na economia local.


Segundo a Associação Mineira da Indústria de Hotéis e Lazer (Amihla), até o momento, 50% das vagas disponíveis nos hotéis de BH estão preenchidas e a previsão é que a ocupação hoteleira no estado atinja 85%. Na Região Centro-Sul da capital, que no último ano alcançou uma taxa de ocupação de 82%, a previsão é chegar a 96% de ocupação em fevereiro de 2025.


Segundo dados do terminal, no período do carnaval de 2024, de quinta-feira (8/2) a segunda-feira (19/2), cerca de 266 mil pessoas passaram pela rodoviária, entre embarques e desembarques. Esse volume representa um aumento de quase 4% na quantidade de passageiros verificada no mesmo período em 2023, de cerca de 256,5 mil pessoas. Na mesma comparação, foram 6.066 partidas no ano passado contra 6.058 no carnaval anterior.


*Estagiária sob supervisão da subeditora Rachel Botelho

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