
Carnaval BH: Baianas Ozadas exaltará a força feminina em desfile no Centro
Bloco se apresenta na segunda-feira de carnaval (3/3), na Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte
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Siga no"Não tem como falar do surgimento do samba e do carnaval sem falar da presença das mulheres". A afirmação do baiano Geo Ozado, fundador do bloco Baianas Ozadas, que estreia nesta segunda-feira (17/2) a série de reportagens do Estado de Minas sobre os principais coletivos do Carnaval de Belo Horizonte, resume a essência do desfile deste ano.
O grupo se apresenta na segunda-feira de carnaval (3/3) e, pela primeira vez, escolheu deixar de lado homenagens a alguma personalidade para prestar tributo a todas as mulheres e celebrar a força feminina, em prol do respeito e da igualdade.
Com o tema "Mulher, você gera o mundo: mais respeito, mais amor", o Baianas Ozadas busca chamar atenção para a urgência do respeito e da necessidade de uma festa mais segura e inclusiva. A escolha, segundo Geo, veio da presença majoritária de mulheres no bloco, composto por cerca de 200 integrantes (100 na bateria e 100 na ala de dança), e no carnaval em geral, além do alto índice de feminicídio em Minas Gerais.
“Vimos que precisamos trabalhar, não só a questão da valorização, como contra crimes como assédio, importunação sexual e as outras diversas formas de violência contra a mulher. Decidimos colocar essa discussão no centro do carnaval porque acreditamos que é um momento de reflexão que pode possibilitar novas consciências e novos comportamentos, sobretudo dos homens”, afirma o fundador.
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A temática ainda resgata a ancestralidade e o papel fundamental da figura feminina na construção da festa momesca e da sociedade. “Ao mesmo tempo que a homenagem é a todas as mulheres, remete às raízes matriarcais da Bahia. Olhando para trás, para a história que rege o carnaval, encontramos, na virada do século XVIII para o XIX, a figura de uma mulher que desceu do recôncavo baiano e iniciou, no Rio de Janeiro, as primeiras rodas de samba, a Tia Ciata. Não tem como falar de carnaval sem falar das mulheres”, ressalta ele.
Tradição
Natural de Ilhéus (BA), Ozado viu em suas raízes legítimas a oportunidade de criar um bloco para trazer um recorte fiel do carnaval da Bahia aos belo-horizontinos, em 2012. Dentre as tradições nordestinas, destaca-se a lavagem das escadarias da Igreja São José, no Centro de BH, um ato ecumênico em reverência às águas de Oxalá na cerimônia da Colina do Bonfim, que precede o espetáculo e abre a folia em Salvador.
Antes do desfile, em 3 de março, o Baianas Ozadas se concentra às 8h na Avenida Afonso Pena, para lavar os degraus da paróquia. “Isso já era feito desde 2013, no Edifício Sulacap, também no Centro, mas mudamos em 2017 para a avenida. Foi uma alegria porque houve aceitação de todos os padres de um templo religioso centenário na cidade. O ato reúne diversas pessoas de matriz africana, como a umbanda e o candomblé”, explica Geo.
Segundo ele, é um momento de reflexão, para pedir paz, um carnaval pacífico e transmitir uma mensagem de harmonia. “É uma contribuição simbólica e exclusiva do Baianas Ozadas para a cidade”, comenta.
Axé
Tambores, fantasias vibrantes e mamães-sacodes - adereços de mãos muito lembrados e utilizados nas folias baianas entre os anos 1970 e 1990 - vão então tomar conta de uma das principais vias da capital mineira. De cima do trio elétrico, a banda vai agitar a bateria, a ala de dança e a multidão com o lançamento de duas novas músicas que celebram os 40 anos do Axé Music, ritmo baiano que consagrou o estado como quinta maior indústria fonográfica do mundo, em 1990.
“O Baianas é um dos pioneiros em tocar só música baiana em BH e sempre traz inspiração dos ritmos afro baianos, como respeito à nossa ancestralidade. Por isso, desfila com um trio ‘padrão Bahia’ de 20 metros de comprimento, para comportar a banda com 15 músicos profissionais. É um caldeirão musical, e a partir dele também nascem nossas músicas autorais”, relata Ozado.
"Mais respeito, mais amor", escrita pelo próprio fundador do bloco, e “Yayá Marabô”, uma mistura dos ritmos ijexá e samba-reggae, fruto da parceria entre Geo Ozado e a dupla Pablo Moraes e Priscila Magalhães, são os frutos desse “caldeirão” e prometem aquecer o repertório de 2025. “A primeira faz referência ao tema do ano, e a segunda é uma cantiga de amor em homenagem a Iemanjá”, descreve o criador do Baianas.
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Outros sucessos de artistas como Luiz Caldas, Sarajane, Gerônimo, Margareth Menezes, Daniela Mercury, e bandas como Chiclete com Banana, Cheiro de Amor, Eva, Olodum e Timbalada também serão entoados durante o cortejo. “Temos responsabilidade em manter viva a tradição do axé, ao mesmo tempo em que nos integramos à identidade única do carnaval mineiro. Ver as ruas de BH pulsando ao som do nosso axé, com pessoas de todas as idades e origens unidas em celebração, é a realização do sonho que partilhamos com a cidade e para o qual nos preparamos grande parte do ano”, conclui Geo.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata