Minas confirma quinta morte por dengue em 2025
Até o momento, todos os casos fatais da infecção foram registrados no Triângulo Mineiro. Contaminação pela doença cresceu 5,8% em 24 horas
Mais lidas
compartilhe
Siga noO número de vítimas da dengue cresce em Minas Gerais. Nesta terça-feira (18/2), a Secretaria de Estado de Saúde, por meio do Painel de Monitoramento das Arboviroses, confirmou o quinto óbito pela doença em 2025. Até então, os quatro primeiros óbitos estão concentrados na região do Triângulo Mineiro - Iturama, Itapagipe, Uberaba e Uberlândia.
A reportagem procurou o Governo de Minas para saber em qual município foi confirmado a quinta vítima da infecção, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
Leia Mais
Além dos óbitos em que foram confirmados a relação com a infecção da dengue até o início da tarde de ontem, a SES-MG investiga outras 20 mortes. O levantamento diário também aponta que as contaminações pela doença cresceram 5,8% em 24 horas, saltando de 12.391 na segunda-feira (17/2) para 13.113 hoje.
De acordo com o governo do estado, a primeira paciente tinha 87 anos e morava em Iturama. Os sintomas começaram em 3 de janeiro e o óbito foi registrado cinco dias depois, em 8 de janeiro. Ela tinha comorbidade. Já o segundo registro se trata de outra mulher, de 82 anos, moradora de Uberlândia. Os sintomas começaram em 5 de janeiro e o óbito foi registrado dia 13 do mesmo mês. O terceiro caso foi confirmado em Uberaba. A paciente era uma mulher de 43 anos, que tinha doença renal. O quarto caso, de Itapagipe, não há detalhes sobre a identidade do paciente.
Em uma semana, os casos confirmados da arboviroses cresceram 36,17%. Em 10 de fevereiro, 9.099 infecções foram registradas. Além dos testes positivos para a dengue, os números de casos prováveis também saltaram em sete dias. No início da última semana, a Saúde investigava 18.317 possíveis contaminações. Até a tarde dessa segunda-feira, 22.527 casos da doença ainda estavam em investigação.
Dengue tipo 3
A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu alerta epidemiológico sobre o risco elevado de surtos de dengue tipo 3 nas Américas. De acordo com a entidade, a circulação do sorotipo já foi registrada em diversos países do continente – incluindo Brasil, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Peru.
"A Opas pede aos países que reforcem sua vigilância, o diagnóstico precoce e a gestão clínica para que possam enfrentar um potencial aumento de casos de dengue", destacou a organização, em nota. O comunicado cita ainda que a Argentina chegou a registrar alguns casos de dengue tipo 3 em 2024.
Mesmo com as contaminações em níveis inferiores que o último período sazonal em Minas, os dados deixam especialistas em órgãos oficiais em alerta devido ao reaparecimento do sorotipo 3 da arbovirose (DENV 3). Conforme o boletim epidemiológico divulgado pela SES-MG, na tarde de segunda-feira (17/2), das 923 amostras coletadas nas 12 regionais de saúde, 217 testaram positivo para a variante.
O tipo do vírus não era causador de surtos e epidemias há mais de 15 anos. O virologista, professor do departamento de microbiologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e ex-presidente da Associação Brasileira de Virologia, Flávio da Fonseca, explica que o tipo 3 da dengue estava apenas “escondido”, ou seja, circulava mas contaminava poucas pessoas. A variante entrou no país entre 2002 e 2003 e deixou de ser vista com frequência três anos depois. Para ele, o “reaparecimento” acontece devido à renovação populacional e, em consequência, à vulnerabilidade de novas pessoas à doença.
“A dengue apresenta uma circunstância excepcional, que acontece com poucos outros vírus, que é um fenômeno quando uma pessoa é infectada por um sorotipo e depois ela é infectada por outro sorotipo, essa segunda infecção acaba sendo mais grave. Isso é chamado de Ampliação Dependente de Anticorpos (ADE)”, diz Fonseca.
Em 16 de janeiro, o secretário de Saúde de Belo Horizonte, Danilo Borges, afirmou que o aumento de contaminações pelo DENV3 é algo que preocupa a administração municipal, no entanto, até o momento, a situação ainda mantém o executivo apenas em alerta.
“Estamos observando. Mas não é motivo para ficarmos mais do que alertas. Temos que ficar alertas e fazer a nossa parte, é com isso que a secretaria de Saúde e outras secretarias tem trabalhado no momento”, afirmou o secretário.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba as notícias relevantes para o seu dia