VACINAÇÃO É A PRINCIPAL DEFESA

Casos de coqueluche em janeiro de 2025 superaram os de anos anteriores

Em 2024, quatro bebês com menos de 2 meses morreram pela doença em MG. Mães de três delas não haviam se vacinado

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Minas Gerais já registrou 99 casos de coqueluche em 2025. Apenas em janeiro, 97 infecções foram confirmadas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), o que supera os números de todo o ano de 2023 e 2022. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), em 2024, a doença, que começa como um resfriado comum, evoluiu para óbito em quatro pacientes com menos de 2 meses. Na ocasião, as mães de três deles não tinham se imunizado durante a gestação. Em Belo Horizonte, até esta terça-feira (18/2), o Executivo Municipal havia notificado 23 contaminações e investigava outras 11. 

Também conhecida como “tosse comprida”, a coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis. A doença é infecciosa e altamente contagiosa. Qualquer pessoa pode ser infectada e a transmissão ocorre pelo contato direto do doente com uma pessoa não vacinada por meio de gotículas eliminadas por tosse, espirro ou até mesmo ao falar. Febre, mal-estar, coriza e tosse seca são os principais sintomas.

O infectologista Estevão Urbano explica que a transmissão ocorre no período em que as tosses ficam mais recorrentes. “Durante a fase inicial de muita tosse é que há a transmissão. Ela ocorre por meio do contato com as gotículas expelidas durante a tosse. É extremamente contagiosa, então, boa parte das pessoas que entram em contato com quem está tossindo acaba adquirindo a doença. Portanto, a proteção é sempre a vacina, que praticamente zera a possibilidade de adquirir a doença e principalmente os casos graves”, detalha.

Para o médico, a principal causa do aumento dos casos de coqueluche é a queda da vacinação. “Essa queda nos índices de vacinação tem afetado outras doenças também. O sarampo e outras doenças têm aumentado também. A alta é um alerta importantíssimo para a possibilidade de retorno da coqueluche, que pode ser fatal. Essa baixa de vacinação também tem permitido um risco muito grande de várias outras doenças que tinham praticamente sido eliminadas voltarem,” salienta.

Em julho de 2024, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) registrou uma morte pela doença. O óbito foi registrado em 19 de julho, mesma data da notificação, em Poços de Caldas, no Sul do estado, de um bebê, de 2 meses, do sexo masculino. 

Na época, a investigação epidemiológica realizada pelo município apontou que a criança ainda não tinha recebido nenhuma dose da vacina contra a doença, devido à faixa etária. Além disso, a mãe do paciente também não foi imunizada com a dTpa, vacina que protege contra a difteria, o tétano e a coqueluche, durante a gestação. Esse foi o primeiro óbito registrado no estado desde 2019. 

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da coqueluche em estágios iniciais é difícil, uma vez que os sintomas podem parecer com resfriados ou outras doenças respiratórias. A tosse seca é um forte indicativo da coqueluche, mas para confirmar o diagnóstico o médico pode pedir os seguintes exames: coleta de material de nasofaringe para cultura, e PCR em tempo real.

O tratamento da coqueluche é feito basicamente com antibióticos, que devem ser prescritos por um médico especialista, conforme cada caso. É importante procurar uma unidade de saúde para receber o diagnóstico e tratamento adequados, assim que surgirem os primeiros sinais e sintomas.

As crianças, quando diagnosticadas com coqueluche, frequentemente ficam internadas, tendo em vista que os sintomas nelas são mais severos e podem provocar a morte.

Vacinação 

Conforme o Ministério da Saúde, a vacinação é a principal forma de prevenção contra a coqueluche. No Sistema Único de Saúde (SUS), o imunizante está disponível para crianças a partir de 2 meses de vida a menores de 7 anos, gestantes, puérperas (até 45 dias pós-parto) não vacinadas durante o período gestacional. Além disso, profissionais da saúde, parteiras tradicionais e estagiários da área também têm direito às doses. 

Para crianças o esquema primário, recomendado pelo Calendário Nacional de Vacinação, é composto por três doses da vacina pentavalente (aos 2, 4 e 6 meses de vida), com intervalo de 60 dias entre as doses, mínimo de 30 dias (em situações especiais). O órgão recomenda que os reforços sejam aplicados aos 15 meses e aos 4 anos, com a vacina tríplice bacteriana infantil (DTP).

Já para gestantes, especialistas indicam uma dose da vacina tríplice bacteriana acelular – tipo adulto (dTpa), a cada gestação, a partir da 20ª semana gestacional. O imunizante tem objetivo de causar a imunização passiva, ou seja, passar anticorpos via da mãe para o feto, e promover a proteção dos recém-nascidos, até a idade para a aplicação das doses regulares.

“Em 2024 tivemos mais de 600 casos e óbitos de crianças cujas mães não tinham se vacinado. Portanto, é fundamental que as gestantes garantam essa proteção para si e para o bebê”, ressalta o subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi.

Segundo informações do Painel de Vacinação do Ministério da Saúde, que consideram os dados de janeiro a outubro de 2024, Minas Gerais está abaixo da meta vacinal estipulada pela pasta, de 95%. Em relação a pentavalente, que além da coqueluche também imuniza contra difteria, tétano, Haemophilus influenzae do tipo b e hepatite B, 91,43% do público alvo havia completado o esquema.

Já em relação a DTP, que também protege contra infecções de difteria e tétano, a aplicação chegou a 91,20%. A dTpa, aplicada nas gestantes, a cobertura bateu a meta e chegou a 97,67%. O Estado de Minas procurou a SES-MG para saber como está a procura e aplicação das doses em 2025, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta. 

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