REPÚDIO

Bloco Baianas Ozadas se posiciona contra intolerância religiosa no carnaval

Integrantes do grupo se manifestam em nota contra a indicação ao executivo que propõe proibir blocos de passarem em frente às igrejas

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O bloco Baianas Ozadas, que celebra a cultura afro-brasileira e as religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, divulgou, nesta quinta-feira (20/2), uma nota de repúdio em suas redes sociais. O texto critica uma indicação ao executivo, proposta pela Frente Cristã da Câmara de Belo Horizonte, classificando-a como “uma afronta à diversidade cultural e uma tentativa de cerceamento da liberdade de expressão e de credo”.

Vinte e sete vereadores da Frente Cristã protocolaram, este mês, uma proposta que busca proibir a passagem de blocos em ruas próximas a igrejas, templos e centros espíritas durante o feriado de Carnaval. Se aprovada, a medida começará a valer em 2026.

Amparados pelo artigo 19 da Constituição Federal e pela Lei de Liberdade de Culto Religioso, de 1946, integrantes do grupo alegam que a indicação em questão incita a intolerância religiosa, viola o princípio da laicidade do Estado e atenta contra a liberdade de expressão. No comunicado, foliões destacam que, desde 2017, realizam a Lavagem das Escadarias da Igreja de São José, na Afonso Pena, região central da cidade, e garantem ter o consentimento do clero.

O “ritual”, segundo Geo Ozado, criador do bloco, é a prova de que é possível manter a festividade sem a continuidade do projeto dos parlamentares: “A Lavagem das Escadarias é feita com a anuência de todos os padres. É uma igreja com mais de 120 anos, bem no centro da cidade. Isso só demonstra que é possível, desde que haja diálogo. E nós dialogamos”, afirma.

Em 2018, um projeto de lei com o mesmo objetivo (proibir blocos carnavalescos de passarem em frente às igrejas) foi aprovado em primeiro turno, mas não seguiu adiante. O criador do bloco conta que, anteriormente, a proposta era proibir os blocos de passarem a uma distância de 200 metros de igrejas, escolas e hospitais. “Ia parar o carnaval todo”, comenta.

Ele acredita que, desta vez, o movimento dos vereadores também tende a perder força: “O carnaval vai se mobilizar e é de interesse de grande parte da população. Se outras capitais tão religiosas quanto a capital mineira conseguem conviver com a festa, por que BH não?”, questiona.

Além das violações, Geo afirma que a medida prejudica o turismo e a economia criativa do estado, já que, recentemente, a festa em BH tem se popularizado cada vez mais em todo o país.

O Baianas Ozadas, ao se posicionar, se coloca em “defesa da alegria, da diversidade e do direito de festejar o carnaval, uma grande marca identitária do povo brasileiro há mais de um século”. E promete não se calar diante de propostas conservadoras.

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