MOBILIDADE URBANA

Rotina de escola particular gera caos no trânsito da Prudente de Morais

Fila de carros na porta do Colégio Bernoulli, no Bairro Cidade Jardim, ocupa faixa da avenida, causa congestionamentos e atrapalha a mobilidade em BH

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A rotina de chegada e saída dos alunos da nova unidade do Colégio Bernoulli, na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Cidade Jardim, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, tem causado transtornos diários para moradores, trabalhadores e motoristas. O cenário virou sinônimo de congestionamento, buzinas incessantes, atrasos e reclamações nos horários de pico.
 
 
 
Como em qualquer escola particular, filas de carros são comuns, mas, nesse caso, ela toma a faixa direita da avenida e deixa apenas uma livre para os demais motoristas. Nessa segunda-feira à tarde (24/2), a reportagem do Estado de Minas esteve no local e presenciou uma fila de carros à espera, que se estendia por mais de 350 metros. Com isso, o tráfego fica lento e tumultuado. Motoristas impacientes buzinam, tentando avançar em meio ao engarrafamento que se forma nos horários de pico.
 
 
 
Os ônibus que passam pela via ainda têm dificuldades em parar nos pontos, obrigando passageiros a desembarcarem onde for possível. O motorista Emerson Manhães, que faz o trajeto da linha 8103 (Nova Floresta/Santa Lúcia), lida diariamente com o trânsito travado na Avenida Prudente de Morais, e afirma que o trecho nas proximidades do colégio virou uma perturbação nos últimos dois meses. “O trânsito está péssimo. A gente não consegue nem encostar no ponto do ônibus para desembarcar o passageiro. Tem que parar fora do ponto”, conta.
 
 
 


A situação reflete no tempo de viagem. Antes, segundo Emerson, o trajeto fluía sem grandes problemas, mas agora, só para passar pelo colégio, ele leva entre 20 e 25 minutos a mais. “O ônibus fica preso no congestionamento. Um veículo desse tamanho não tem agilidade para sair rápido”, aponta. Ele ainda precisa lidar com a insatisfação dos passageiros. Atrasos viraram rotina, e as reclamações são constantes. “As pessoas chegam tarde no trabalho, nos compromissos. Todo mundo reclama”, disse.


A unidade do Colégio Bernoulli na Prudente de Morais, inaugurada em julho do ano passado, inicialmente atendia estudantes do 6º ano do ensino fundamental à 1ª série do ensino médio. No entanto, neste ano, a escola passou a receber também alunos do 4º e 5º ano, o que aumentou o fluxo de veículos na região. Muitos pais ouvidos pelo Estado de Minas atribuem a piora no trânsito a esse aumento no número de alunos e, consequentemente, de carros parando na porta da escola.
 
 
 


O prédio onde hoje funciona a unidade do Bernoulli anteriormente abrigava o Colégio Pitágoras, que encerrou suas atividades em 2021. A estrutura, tombada pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal de Belo Horizonte desde 2022, passou por adaptações para receber a nova escola, incluindo a implementação de um recuo para embarque e desembarque de alunos, pensado para agilizar e tornar o processo mais seguro.
 
 


Na prática, porém, o espaço dedicado ao embarque e desembarque não tem resolvido o problema. Golias Camilo, de 60 anos, depende do transporte público e, desde a abertura da unidade, precisou reajustar seus horários para evitar atrasos. “O trânsito ficou uma porcaria. Tá ruim demais. Tenho que sair mais cedo de casa, porque sei que vou ter esse transtorno chegando aqui. Então me programo para não pegar o trânsito”, reclama.


O tempo de deslocamento do Centro até o trabalho, que antes levava cerca de 15 minutos, agora, segundo ele, beira os 40. “Fica uma fila enorme. Não está dando certo”, desabafa. Para Golias, o maior problema é a lentidão na entrada e saída dos veículos dentro do colégio. “O trânsito fica todo travado. O carro entra, mas demora para sair, não tem agilidade”, observa.


Quem vive e trabalha na área sente os efeitos do tráfego congestionado. Morador do bairro há mais de 15 anos, Ricardo Cornélio, de 70, acompanha de perto as mudanças na Avenida Prudente de Morais. Segundo ele, a situação piorou muito com a chegada do Bernoulli. “O colégio é muito grande, tem muitos alunos. O trânsito parou de vez, já chamaram até a polícia”, comenta.

Alguns pais de alunos do colégio admitiram à reportagem que o problema existe – e, para alguns, a culpa é dos próprios responsáveis. Na correria do dia a dia, muitos acabam estacionando em fila dupla ou permanecendo na área do "drive-thru", que deveria ser usada apenas para embarque e desembarque rápido, causando congestionamento.

Ricardo não usa carro normalmente, mas suas filhas, que também moram no bairro, já tiveram problemas com o congestionamento na porta do colégio. Agora, segundo ele, elas preferem “dar a volta”, desviando pelas ruas do bairro. “Às vezes alguém não sabe e cai aqui, fica parado”, comenta. Apesar dos transtornos, Ricardo reconhece um lado positivo na presença da escola no bairro. “Melhorou o comércio, restaurantes, bares. Isso foi bom. Mas, no trânsito, a gente tem que ter paciência. É só esperar um pouquinho. Buzina aqui ninguém aguenta”, diz.
 
 
Em nota, o Colégio Bernoulli afirmou que monitora continuamente o fluxo no entorno de suas unidades e mantém diálogo ativo com autoridades para garantir segurança e fluidez no trânsito. “Na unidade Cidade Jardim, a estrutura foi projetada com um recuo (drive), permitindo o desembarque dos alunos dentro do espaço escolar, e o projeto incluiu um relatório de impacto aprovado pela BHTrans, com uma microssimulação de trânsito”, diz o texto. 
 
 
 
 
O Bernoulli ainda diz realizar desde o início de fevereiro, em parceria com a BHTrans, testes e ações educativas nas imediações do colégio com o objetivo de promover segurança e melhorias no tráfego da região.
 
 

 
 
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que tem monitorado a região e realizado fiscalizações frequentes para tentar minimizar os impactos no trânsito. “Ajustes estão sendo realizados para a melhoria do funcionamento do trânsito de veículos particulares, transporte escolar, transporte coletivo e todos os usuários da via”, completa a nota. Equipes da BHTrans também estiveram no local para orientar alunos, pais e motoristas, reforçando a segurança, o respeito às leis de trânsito e a boa convivência.

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