Comerciante é morto pela PM no Barreiro: 'Atiraram à queima-roupa'
PM alegou que Frederico Souto estava armado e não colaborou durante revista. Vídeo, no entanto, mostra vítima com as mãos na cabeça e de costas para militar
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Siga noUm comerciante de 27 anos, identificado como Frederico Souto de Azevedo, foi morto durante uma abordagem da Polícia Militar na noite dessa segunda-feira (24/2) no Bairro Águas Claras, no Barreiro, em Belo Horizonte. No registro da ocorrência consta que Frederico sacou uma arma, sendo necessário reagir “utilizando-se de força letal”. A família, no entanto, nega que ele estivesse armado. “Atiraram à queima-roupa”, afirmou uma testemunha. Na manhã desta terça-feira (25/2), moradores realizaram um protesto. A ação da polícia foi registrada em vídeo. Veja:
A PM registrou no boletim de ocorrência que foi acionada para ir ao local porque um homem estava armado na comunidade. Havia ainda a suspeita de tráfico de drogas, segundo nota da assessoria de imprensa da instituição. Conforme o registro policial, os militares, assim que chegaram ao endereço, viram um homem de camisa preta correndo com uma arma na mão em direção a um conjunto de apartamentos, mas não conseguiram alcançá-lo. Nesse instante, Frederico, que aparece nas imagens de camisa verde, saiu do condomínio e foi abordado pelos policiais.
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No início do vídeo, Frederico está com as mãos na cabeça e de costas para um policial enquanto passa por uma revista. Em relação a esse momento das imagens, a PM colocou na ocorrência que o comerciante estava nervoso e se negando a ficar em posição de busca pessoal. Logo em seguida, uma irmã do rapaz, que estava gravando a ação dos militares, teria levado um tapa de um deles, segundo uma pessoa ligada à família ouvida pelo Estado de Minas, que pediu para não ser identificada por medo de represálias.
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As pessoas que acompanhavam e filmavam a ação começaram a gritar — momento em que o rapaz saiu correndo. Pouco depois é possível ouvir barulho de tiros. Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, Frederico sacou um revólver calibre .38 e apontou a arma para um dos policiais. Conforme essa versão, o militar precisou efetuar dois disparos porque o homem não atendeu à ordem para largar a arma.
Ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Barreiro, onde morreu durante atendimento no pronto-socorro.
“Atiraram à queima-roupa”, diz testemunha
“Ele não estava armado quando a polícia começou a fazer a revista. Frederico era um homem trabalhador, um menino maravilhoso, não andava armado e nunca teve passagem pela polícia nem nome sujo. Ele só ficou muito nervoso depois de ver a irmã levar um tapa do policial. Atiraram à queima-roupa”, declarou o familiar sob condição de anonimato.
O Estado de Minas enviou o vídeo publicado pela reportagem à assessoria da Polícia Militar. A instituição respondeu que as imagens “serão devidamente analisadas”. No restante do comunicado, a PM basicamente repete o que está no boletim de ocorrência, reforçando que os disparos contra Frederico foram necessários “para repelir a injusta agressão”.
Leia na íntegra o comunicado à imprensa da Polícia Militar
A Polícia Militar de Minas Gerais, por intermédio do 41º Batalhão, informa que, em relação ao episódio ocorrido na região do bairro Águas Claras, recebeu acionamento via 190 relatando a prática de tráfico de drogas no local, além da presença de um indivíduo armado.
No local dos fatos, os indivíduos em suspeição, ao serem identificados pelos policiais, evadiram para o interior do aglomerado, o qual possui histórico de ser palco de vários crimes como homicídios, tráfico de drogas e porte ilegal de armas de fogo.
No momento em que um indivíduo suspeito foi alcançado, populares se aglomeraram no perímetro imediato da abordagem, no intuito de arrebatá-lo e impedir o trabalho policial, razão pela qual os militares utilizaram equipamentos de menor potencial ofensivo para dispersar os populares e evitar maiores riscos à integridade física de todos os presentes.
Contudo, durante a dispersão, o indivíduo abordado aproveitou-se da situação e empreendeu fuga, sendo perseguido pelos militares, momento em que agiu, sacando uma arma de fogo. Para repelir a injusta e iminente agressão, os militares reagiram utilizando-se de força letal, atingindo-o. Imediatamente o indivíduo foi socorrido e encaminhado para o hospital. Um revólver cal .38 foi apreendido.
Quanto às imagens enviadas pela reportagem, serão devidamente analisadas pela apuração que já está em curso para a tomada de medidas que se fizerem necessárias, conforme a lei.