Carnaval 2025: álbum inédito reúne canções dos blocos de BH
O projeto Trilhas do Carnaval tem a coordenação de Henrique Portugal e conta com músicas autorais de 14 blocos da capital. O álbum já está disponível
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Siga noÁlbum inédito, que reúne canções de blocos de BH, foi lançado nesta quarta-feira (26/2) em evento no Palácio das Artes. O projeto Trilhas do Carnaval teve direção artística de Henrique Portugal, tecladista da banda Skank. O álbum conta com músicas autorais de blocos mineiros e fará parte da programação da Via das Artes, nas avenidas sonorizadas no Carnaval de BH, Amazonas, Andradas e Avenida Brasil. Para Henrique Portugal, o projeto é uma forma de contribuir para a construção do patrimônio intelectual do estado e dar um rosto para o carnaval belo-horizontino e mineiro.
O instrumentista ressalta que o crescimento do carnaval da capital o inspirou a pensar na necessidade da construção de um legado para a folia. “É legal você ver que os artistas estão começando a pensar que é possível viver de arte fora dos palcos. Isso é muito legal. Quando você cria uma canção, quando você grava uma canção e quando você lança essa canção para o mundo, a gente perde o domínio dela, o domínio que eu falo assim, o controle sobre ela, porque as pessoas se apropriam daquela música. Essa é a parte legal, quando muita gente se apropria da canção como se fosse uma verdade para elas. Isso se torna um patrimônio intelectual”, reflete Henrique Portugal.
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O projeto foi realizado em parceria com a Playlist Oficial do Carnaval de Beagá e conta ainda com uma versão especial da música ‘Minas Gerais’ na voz de Henrique Portugal com participação de Geo Ozado, fundador do bloco Baianas Ozadas, e Pri Glenda, idealizadora do Bloco da Pri e vocalista dos blocos Juventude Bronzeada e É o amô. Uma das motivações para o início do projeto é aumentar o número de canções autorais da folia em Belo Horizonte e em Minas Gerais.
Além de dar uma nova versão para a canção Minas Gerais, Geo Ozado aparece no álbum com uma música autoral do bloco, nomeada Yayá Marabô. Ele destaca a importância das músicas autorais para aumentar a popularidade do carnaval belo-horizontino.
“O carnaval de Belo Horizonte já se tornou um dos maiores do país, indiscutivelmente. Mas a nossa questão agora é a construção da identidade que a gente vai mostrar nesse carnaval. A gente vê um carnaval muito plural, multicultural, com diversas influências. São diversos carnavais dentro do carnaval. Acredito que esse carnaval com esse projeto vem mostrar essa diversidade toda e provocar um amadurecimento dos blocos no caminho da autoralidade. Só com a autoralidade, com as músicas próprias, vai ter esse amadurecimento da identidade com a cara desse carnaval”, afirma o compositor.
A seleção dos blocos participantes do projeto foi feita por meio do Edital 01/2025 Trilhas do Carnaval/MG, realizado em parceria entre o Instituto Cultural Aurum, Unoh Music e a Fundação Clóvis Salgado, com patrocínio da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge).
As músicas, que estão disponíveis nas plataformas de streaming a partir desta quarta-feira, foram gravadas na semana passada entre os dias 17 e 21 de fevereiro. Ao todo são 14 canções autorais, uma para cada bloco, mais a regravação da música Minas Gerais, considerada um dos grandes hinos do estado.
Segundo o presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, a canção ganhou duas versões, uma com um timbre mais calmo e outra com um estilo carnavalesco. “A ideia é que a gente sempre comece o dia com essa versão mais light, no meio do dia cante a versão mais animada e termine o dia também com essa versão mais light, mostrando aí essa música que tá na alma e na essência da nossa identidade cultural”, comenta.
Sérgio reforça ainda o potencial que o projeto tem para aumentar o acesso à produção artística e cultural de Minas que é feita para o carnaval.
“A gente estava cantando muita música de fora, sendo que a gente tem uma produção cultural incrível aqui na cidade, artistas importantíssimos que não estavam tendo vez e voz, porque não estavam tendo uma gravação à altura para concorrer com outras gravações que a gente tem acesso. Então não tem problema nenhum cantar música de qualquer lugar, mas por que não cantar a música da gente também. A gente não canta porque não tem acesso”, reflete Reis.
A ideia é que o Trilhas do Carnaval de Minas Gerais continue nos próximos anos, mas com algumas atualizações. “A gente sabe que tem mais de 500 blocos em Minas Gerais, muito mais do que isso, só Belo Horizonte tem 500 blocos e que precisam dessa oportunidade também. Então, a perspectiva é que isso dure muito tempo e que a gente registre toda a riqueza cultural e artística simbolizada por essas canções”, almeja Sérgio Reis.
Para os próximos anos, Henrique Portugal ressalta que a ideia é que o lançamento das canções ocorra mais cedo. “O Carnaval é um encerramento do verão. Então, que a gente possa antecipar esse momento do carnaval, pelo menos musicalmente falando, e que as pessoas possam conhecer essas trilhas no início do ano, se possível, no dia primeiro de janeiro, a gente possa mostrar para as pessoas o que irá acontecer e qual será a trilha do próximo carnaval que está chegando”.

Henrique Portugal reconhecido por seu trabalho como tecladista do Skank, foi diretor artístico do projeto
Sebá Mota, compositor, cantor e fundador do Bloco do Sebá, lançou a música ‘Caboclinho’ no álbum e comenta que o projeto veio no momento certo. “Eu precisava colocar uma música que tivesse a identidade do bloco, que passasse esse pertencimento todo para a rua. Eu tinha a base pré-montada, chamei os músicos parceiros que vão estar comigo também no dia oficial e a gente gravou a música e, para além de gravar a música, é fazer com que a nossa voz chegue no ouvido das pessoas, isso muda tudo”, detalha Sebá.
O cantor, que é de Januária, no Norte de Minas, ressalta que a canção, assim como o seu bloco, teve influência de Calypso, Raça Negra, Aviões do Forró e Ivete Sangalo. “Eu faço uma homenagem para o carnaval, eu sinto que é um resgate do que eu ouvi nessa época, nos anos 90, o pagodão baiano, que são sons que a gente consome muito já no Norte de Minas por estar muito próximo à Bahia. Então a gente tem esse pertencimento essa ligação mais forte com a Bahia mesmo. Então trago isso para o meu bloco”.
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Blocos que integram a playlist oficial do carnaval mineiro
- Bloco da Cinara – A Mulher do Futuro – Cinara Ribeiro
- Afoxé Bandarerê – Quem Acreditava/Pelas Ruas da Cidade – Tata Kamusénde e Tata Kilunji
- Magia Negra –Tubarão de Yemonjá – Camilo Gan
- Abre Que Tô Passanú –Deixa Rolar – Danilo Favato / Avelino de Paula Lara Filho
- Baque de Mina – Lugar de Mulher – Daniela Ramos
- Pisa na Fulô – Hino do Pisa na Fulô – Drica Mitre
- Todo Mundo Cabe no Mundo– Todo Mundo Cabe no Mundo – Marcelo Xavier
- Bloco do Odilara – Na Volta do Sol – Eurípedes Neto / Renato Rosa
- Românticos São Loucos – Aquilombar BH – Marcos Catarina
- Volta Belchior – Apelação - Celso Moretti
- Bloco do Sebá – Caboclinho - Sebá
- Seu Vizinho – A Namoradeira – Diogo de Paula / Diego Chassi
- Juventude Bronzeada – Hoje Eu Só Quero Amar – Pri Glenda
- Baianas Ozadas – Yayá Marabô – Geo Ozado, Pablo Moraes, Priscila Magalhães