Uma década no ritmo do forró
Bloco Pisa na Fulô leva para as ruas em 2025 músicas que embalaram seus desfiles nos últimos 10 anos, e ainda conta com a participação mais que especial
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Siga noEntre a variedade de ritmos dos blocos de rua no Carnaval de BH, o Pisa na Fulô apostou no forró para animar seu cortejo durante a folia, se tornando o primeiro do estilo na capital mineira. O bloco se distingue por sua sonoridade, estética e comprometimento em manter viva a cultura popular brasileira.
Com o tema “Ser tão Belô”, o desfile de 2025 tem um gosto especial para os integrantes: comemorar o aniversário de dez anos com músicas que fizeram parte da história do bloco. O bloco sai na terça-feira (4/3), na Rua Professor Amaro Xisto de Queiroz, Bairro União, e conta com a participação especial do cantor paraibano Chico César.
“Para celebrar os 10 anos, a gente queria um artista que fizesse sentido em questões de posicionamento e postura. Então, é uma alegria enorme conseguir trazer um artista de relevância nacional que se encaixe tanto com a postura do Pisa”, declara Lídia de Sousa, uma das organizadoras do bloco.
Este ano o Pisa na Fulô ainda lança um hino, composto pela cantora Drica Mitre, que destaca a capital mineira, o forró e a força feminina como elementos fundamentais para sua identidade.
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Força feminina
Uma das características mais fortes do bloco é ter a ala de dança, produção e bateria majoritariamente compostas por mulheres. O Pisa também conta com uma regente e duas cantoras liderando a festa.
Lídia explica, no entanto, que essa formação não foi intencional, uma vez que não há restrição de gênero para participar do bloco. Assim, a participação de mulheres foi crescendo organicamente ao longo do tempo.
“Mais de 70% da bateria é feminina, assim como mais de 90% da ala de dança. Não nos colocamos como um bloco só de mulheres, mas acho que faz muito sentido pelo ambiente seguro e acolhedor que criamos. Foi uma consequência natural do posicionamento do Pisa”, diz Lídia.
Além disso, o bloco defende o Carnaval como espaço coletivo para defender pautas importantes como a luta contra o racismo, a luta LGBTQIAPN+, a igualdade de gênero, o direito à moradia, entre outras.
Repertório
O repertório é composto por ritmos de xote, baião, forró, xaxado e arrasta-pé, apresentados por uma bateria que conta com instrumentos típicos como zabumba, triângulo, agogô de coco, caixa e ganzá. Para este ano, foi feito um trabalho junto à bateria e aos foliões para mapear as músicas mais marcantes ao longo dos 10 anos de existência.
“É um som muito diferente e, ao mesmo tempo, muito familiar. É um bloco que você acompanha dançando. Eu acho que o carnaval é uma festa em que cabem todos os ritmos, e essa mistura que fazemos faz muito sentido, porque o forró é um ritmo muito brasileiro”, diz Lídia.
Ao longo de sua história, o bloco já fez desfiles em homenagem às mulheres do forró, a Dominguinhos e ao Vale do Jequitinhonha. Com este último, a diretoria do Pisa na Fulô recebeu um diploma de congratulações da Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em março de 2024.
“Foi um grande reconhecimento para nós. O Pisa recebeu essa honraria como um agradecimento por valorizar a nossa cultura. Acho que é esse o nosso objetivo: conseguir resgatar a história, a cultura e marcar isso em Belo Horizonte”, afirma a dirigente do bloco.
História
Composto inicialmente por cerca de 50 batuqueiros entusiastas que faziam aulas de percussão na Casa Azul, no Bairro Carlos Prates, o Pisa na Fulô teve seu primeiro cortejo em 2015, em uma praça na região que hoje leva o nome do bloco. Até 2019, o Pisa desfilava pelas ruas da região, mas, em 2020, teve de mudar seu trajeto devido ao grande número de foliões. Hoje, são mais de 250 integrantes e um público que cresce a cada ano.
“Apesar de toda a ligação do bloco com o Bairro Carlos Prates e a vontade de manter o bloco ali, a quantidade de foliões que o bloco alcançou não cabia mais ali, não estava mais seguro para a galera. Então, em 2020, a gente foi para a Via 710, que comportou melhor o público”, conta a organizadora.
Para se manter, o bloco oferece oficinas de percussão ao longo do ano e busca editais voltados à cultura para captação de verba. Além disso, há o investimento da Belotur e de patrocinadores.
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“Cada ano é uma surpresa. Uma fonte de renda muito importante é a própria contribuição da bateria, pelas aulas que a gente cobra, e a Belotur. Mas o valor não cobre todos os gastos, então, este ano a gente correu atrás de patrocínio, batendo na porta de empresas. A gente fica na lógica de ajustar o tamanho do cortejo à quantidade de recursos que a gente conseguir”, explica Lídia.
Os apaixonados pelo forró e pelo bloco podem matar a saudade em junho, quando o Pisa na Fulô promove uma festa junina na Avenida Nossa Senhora de Fátima, no Carlos Prates, com a presença de barraquinhas dos moradores e comerciantes da região.