As associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis de Belo Horizonte receberam, na manhã desta segunda-feira (24/2), seis novos caminhões compactadores. Os veículos serão utilizados na coleta seletiva porta a porta e substituirão a frota atual. A entrega foi feita pela Prefeitura de BH (PBH), que investiu R$ 3,91 milhões na aquisição.

De acordo com a PBH, serão beneficiadas a Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare), Associação dos Recicladores de Belo Horizonte (Associrecicle), Cooperativa dos Trabalhadores com materiais recicláveis da Região Oeste de BH (Coopemar), Cooperativa Solidária de Trabalhadores e Grupos Produtivos da Região Leste (Coopesol) e Cooperativa Solidária dos Recicladores e Grupos Produtivos do Barreiro e Região (Coopersoli).

Tais associações fazem a coleta seletiva porta a porta desde 2019, quando foram credenciadas pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) em chamamento público. Elas foram contratadas pela SLU, responsável pelo planejamento e fiscalização do serviço.

Atualmente, a Asmare conta com 130 colaboradores, que devem ser auxiliados com a chegada do veículo.

"É uma grande alegria a gente tá recebendo esses caminhões novos pra estar recolhendo reciclagem na rua. Isso aí é uma luta nossa de muito tempo e hoje tá sendo festejado grandiosamente pela gente, porque levou uma luta de muito tempo e isso dá a sensação de que os nossos pedidos estão sendo ouvidos pelo poder público", diz o diretor da Asmare, Getúlio Andrade.

Ele reforça, no entanto, que ainda há muito a conquistar. Para ele, o reconhecimento pelo serviço histórico prestado pelos catadores em Belo Horizonte seria ótimo para a categoria. Ele considera que este é um grande avanço, mesmo precisando de muito mais.

"Precisa mais do pessoal se conscientizar sobre a coleta seletiva, porque ainda vai muita coisa que não é reciclável no meio. Isso é um ultimato para a população. O poder público está fazendo o papel dele, mas ainda tem muitas coisas que tem que ser melhorado. Mas já é um avanço, não deixa de ser", diz.

Novo projeto

Belo Horizonte também foi incluída no Programa Diogo de Sant’Ana Pró-Catadoras e Pró-Catadores para a Reciclagem Popular, do governo federal. Durante o evento, que contou com a participação do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, e representantes das associações, o termo de adesão do município ao programa foi assinado pelo prefeito em exercício Álvaro Damião (União Brasil).

“Esse projeto é muito importante para as cidades porque tudo o que é feito na cidade é pelas pessoas. Principalmente para as mais simples e mais pobres. Temos que dar qualidade de vida para essas pessoas que estão trabalhando e sofrem preconceito nas ruas de Belo Horizonte”, disse Damião.

O prefeito em exercício ainda elogiou e parabenizou o trabalho do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), mas reforçou que o empenho da SLU é notório. Ele ainda reconheceu o trabalho feito pelos catadores e fez um apelo para que a população também reconheça os serviços prestados por eles.

“O projeto promove serviços, qualidade de vida, o trailer vai rodar e oferecer serviços. Catador é ‘da correria’, não dorme, fica 24 horas trabalhando. A gente tem que ir até a esse grupo e levar o que ele precisa”, concluiu.

Na assinatura do termo, um trailer que vai oferecer serviços para os catadores de BH foi entregue pelo governo federal. O veículo faz parte do Projeto Conexão Cidadã, que vai oferecer serviços de assistência em saúde, como primeiros socorros e vacinação, regularização de documentos, apoio jurídico e psicológico, além de incluir os catadores nos programas sociais da PBH.

Em parceria com o governo federal, os serviços possibilitam o mapeamento dos catadores, dando visibilidade e reconhecimento profissional, avaliando a situação em que eles se encontram, com o objetivo de inseri-los nas cooperativas. Isso porque, o projeto busca promover qualidade de vida e de trabalho aos catadores.

“Estamos retomando essa cadeia produtiva, que faz um trabalho muito importante pra gente. O Brasil não tratou na sua história essa categoria, fazendo com que as pessoas se acostumaram a chamar os catadores de lixo e a querer longe de suas casas, mas eles prestam um serviço fundamental. Uma prestação de serviço ambiental. Ajuda o país a se desenvolver de maneira sustentável, então eles precisam de respeito e nós estamos recuperando essa cadeia produtiva”, disse o ministro Márcio Macêdo.

Programa Diogo Sant’ana

O Programa Pró-Catador surgiu em dezembro de 2010 para promover a inclusão social e econômica dos coletores de materiais reutilizáveis e recicláveis. O advogado e professor Diogo Sant’ana foi um dos responsáveis pela criação do programa no âmbito da Secretaria-Geral da Presidência naquele ano.

O programa previa ações nas áreas de capacitação, formação, assessoria técnica, incubação de cooperativas e empreendimentos sociais solidários, pesquisas e estudos sobre o ciclo de vida dos produtos e a responsabilidade compartilhada, aquisição de equipamentos, máquinas e veículos.

Além disso, a implantação e adaptação de infraestrutura física e a organização de redes de comercialização e cadeias produtivas integradas por cooperativas e associações de catadores. Em fevereiro de 2023, o programa retornou com outro nome do advogado, que faleceu em dezembro de 2020.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

De acordo com o decreto, o objetivo é colocar os catadores como atores centrais na cadeia de reaproveitamento de materiais recicláveis e reutilizáveis no Brasil e realizar uma mudança no modelo atual de economia circular e logística reversa do país.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

compartilhe