DIREITO AO CULTO

BH: terreiros de umbanda enfrentam resistência para alugar imóveis

Representantes relatam dificuldades, restrições e "discriminação disfarçada de burocracia" por parte de imobiliárias, que se recusam a locar imóveis

Publicidade

Líderes espirituais de casas de Axé têm enfrentado desafios para encontrar espaços adequados para suas práticas religiosas, em Belo Horizonte. Três representantes de terreiros relataram, em vídeo nas redes sociais, divulgado na última semana, a dificuldade para alugar um imóvel que comporte a demanda das atividades, devido à resistência, restrições contratuais e até preconceito velado.

Wiliam Rogério Gonçalves é membro da Casa de Pai Ogum e Seara do Mestre Sibamba, no Bairro Dom Bosco, Região Noroeste de BH. Ele conta que sua comunidade existe na capital mineira desde 1949 e, por estar enraizada na capital há muitos anos, muitas outras casas o procuram para pedir auxílio. 

Foi o caso de Fernando Antônio Moreira Pinto, o Pai Fernando, do Terreiro de Umbanda Erê Frederico, que está há cerca de seis meses em busca de um imóvel no Bairro Floramar, Região Norte da cidade. "Pai Fernando falou da dificuldade de encontrar um espaço. A nossa comunidade tem prédio próprio, porque já está estabelecida. Mas, dentro desse contato, me lembrei da luta do Pai Lucas, que comanda o terreiro Casa de Caridade da Vó, no Horto, Região Leste, e demorou mais de dois anos para conseguir um lugar, e teve 29 negados", conta William. 

 

O trio, então, se juntou em um apelo público contra a discriminação disfarçada de burocracia e sob o argumento de que a "liberdade de culto não pode ser só no papel".

Fernando Moreira relatou ao Estado de Minas que há seis meses não tem sucesso na locação de um imóvel e que já recebeu algumas negativas de imobiliárias. "Algumas, explicitamente, dizem que não alugam imóveis para instituições religiosas", comenta. 

A procura de um novo local se deve ao vencimento do contrato atual. "Nosso contrato está chegando ao fim em maio e o proprietário não teve interesse em renovar", diz. Pai Fernando acrescenta que está a procura de uma casa com, no mínimo, 150 metros livres. "Somos 60 médiuns e recebemos, em média, entre 80 e 120 pessoas por trabalho. O terreiro é público e funciona uma vez por semana, às terças-feiras, de 20h às 22h", descreve.

 Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

O Terreiro Erê Frederico ainda desenvolve trabalhos sociais e o responsável pela casa teme ficar inoperante e sem um ponto de encontro que dê sustentabilidade às atividades. "Nossa casa tem como público principal pessoas e trabalhadores em situação de rua. Buscamos atendê-los com alimentação, vestuário, material de higiene social e, principalmente, o que mais pedem: uma resenha, uma prosa e um bom papo. Não conseguimos imaginar ficar sem funcionar", aponta.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Gabriel Felice

Tópicos relacionados:

bh locacao-comercial umbanda

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay