Criminalidade

Os bairros de BH em que casas e prédios estão mais expostos aos ladrões

Estatísticas apontam que moradias da Serra, do Sagrada Família e do São Gabriel foram as mais visadas por assaltantes em 2024 em BH

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Três bairros de Belo Horizonte se destacam como os que mais sofreram invasões e arrombamentos para furtos em 2024, de acordo com dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais. Casas invadidas por arrombamento durante a madrugada foram os alvos, método e horário predominantes. O bairro que acumula mais ocorrências é o Serra, na Regional Centro-Sul, com 126 casos, seguido pelo Sagrada Família, na Regional Leste, com 99 registros, e pelo São Gabriel, pertencente à Regional Nordeste, com 72 crimes. Nos três locais, é raro se ver um muro sem rolos de cercas cortantes (concertinas), hastes com cercas elétricas e monitoramento por câmeras.


No Bairro Serra, a relação de casas e edifícios violados para furto é um pouco diferente do restante da capital mineira, onde as casas são de longe os alvos prediletos dos ladrões. Entre os imóveis invadidos, a maioria ainda são as casas, com 59 ocorrências, seguidas por 36 edifícios residenciais, que tiveram furtos em áreas comuns, garagens e outros espaços. Mas as 21 invasões de apartamentos elevam os ataques de ladrões a edifícios – tanto a apartamentos quanto a áreas comuns – para 57.

Escalada do crime

Foi depois de terem cortado os cabos da cerca elétrica do prédio que os ladrões escalaram o muro da garagem e levaram a bicicleta do empresário Pedro Araújo Guimarães de Freitas, de 37 anos. Ele não se deixou abater e recuperou o bem depois de muito esforço. “Coloquei fotos da bicicleta no WhatsApp. Distribuí para porteiros, empregadas, coloquei uma recompensa, até para os próprios policiais que estavam ajudando. Foi só assim que consegui reaver a bicicleta”, conta.

“Os arrombamentos têm sido muito frequentes aqui na região. Todo mundo comenta. E quase sempre é na madrugada, quando todos estão dormindo. Praticamente todos os prédios da Rua Itapemirim já foram invadidos. Falta mais segurança noturna. Policiais que fiquem girando mais por aqui, porque se observar todas as casas têm concertinas, cercas elétricas, câmeras, mas não tem sido suficiente.”

O bairro é delimitado pela Avenida do Contorno na altura do Bairro Funcionários, pelas avenidas Afonso Pena e Bandeirantes, pelo Parque das Mangabeiras e por duas grandes comunidades: a Vila Nossa Senhora da Conceição e a Vila Marçola. Tem dois grandes hospitais (Lifecenter e Evangélico), dois grandes clubes (Minas Tenis e Olympico) e um colégio de grande porte, a Escola SEB Serra – antigo Sagrado Coração de Jesus.

Enquanto vizinhos da parte mais baixa reclamam dos furtos e arrombamentos, nas partes mais altas, próximo a atividades de vendas de drogas, o que se diz é que o tráfico proíbe furtos e pune quem o faz perto das “bocas”. “Se é por causa das bocas de fumo que a gente está tendo paz? Então te digo: deixa as bocas lá”, ironizou o síndico de um prédio na Rua Herval.

Como ocorre a invasão

No ano passado, a forma mais utilizada pelos bandidos para entrar em imóveis da Serra para furtar foram os arrombamentos, com 95 ocorrências por esse método, seguido por 20 escaladas. A divisão de crimes pelos meses é bem distribuída nesse bairros, com os meses de maio, agosto, setembro e novembro registrando 16 invasões cada. O horário no qual os criminosos encontraram mais oportunidades de invasão foi a madrugada, com 68 dos crimes ocorrendo entre meia-noite e 5h59.

Já o Bairro Sagrada Família aparece com as casas como alvo principal de ladrões, com 49 invasões e furtos, seguidas também pelos edifícios residenciais, com 26 crimes e 12 apartamentos violados. O método principal foi o arrombamento, com 68 registros, seguido por 22 escaladas. Fevereiro foi o mês com mais ataques, somando 12, sendo também a madrugada o horário mais vulnerável, com 49 registros entre meia-noite e 5h59.

Tentando se prevenir disso, o representante e distribuidor Olímpio Silva, de 60 anos, deixou cada canto dos acessos à sua casa coberto por concertinas, câmeras em setores fechados e abertos e alarmes. Até o momento, se diz aliviado por ter uma das poucas casas ainda não furtadas da sua rua, no Sagrada Família.

“Já entrou gente aqui do lado; em frente à minha casa e abaixo da minha casa, tanto na primeira, quanto na segunda e na terceira casas. A gente faz o que pode: instala cerca elétrica, coloca arame farpado, mas contamos também muito com os vizinhos. Um sempre avisa ao outro quando vai viajar para ajudar a vigiar a casa. Se ali, por exemplo, eu vi alguém suspeito, comunico com o pessoal”, afirma.

O Sagrada Família é o segundo bairro mais habitado da capital, com 33.342 moradores (IBGE, 2022) – o primeiro é o Buritis – sendo essencialmente residencial, com comércio e serviços muito voltados à população local, delimitado pelas avenidas Cristiano Machado, Silviano Brandão e José Cândido da Silveira, o Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG e o Bairro Horto.

Ataques no São Gabriel

As casas são o alvo quase exclusivo das invasões de moradias para furtos no Bairro São Gabriel, com 71 dos 72 registros desse tipo de crime em 2024. Os ladrões acessaram os imóveis na maioria das vezes por meio de arrombamentos, responsáveis por 49 ocorrências. O mês de novembro reuniu mais ataques, totalizando 17, sendo também o horário da madrugada o predominante, com 45 crimes entre a meia-noite e 5h59.

O bairro tem grande vocação residencial, mas é permeado de importantes estruturas urbanas e metropolitanas. É delimitado por vias importantes de ligação metropolitana, como o Anel Rodoviário e as avenidas Cristiano Machado e Risoleta Neves (MG-020). Tem no seu interior a Estação do Metrô São Gabriel, em integração com a Estação São Gabriel – BRT/Move Municipal e o Terminal BRT/Move Metropolitano. Um câmpus da PUC Minas funciona em todos os turnos. No interior ou limites do bairro ficam também as favelas Vila Esplanada, Vila Rede, Vila Esportiva, Vila São Gabriel e Vila Bangu.

O lado do combate

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) de Minas Gerais informa que tem reduzido os índices de crimes contra o patrimônio apostando no trabalho conjunto das forças policiais para o combate aos crimes de furtos e roubos. “O trabalho coercitivo e preventivo da Polícia Militar se destaca com ações como as das Patrulhas de Prevenção a Homicídios e a Gestão de Desempenho Operacional (GDO) para mapear tendências do crime, para uma repressão qualificada.”

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Já a Polícia Civil, na área investigativa, desenvolve estratégias de combate por meio do seu serviço de Inteligência e de Tecnologias, integradas com o Ministério Público e o Poder Judiciário, sustenta a secretaria. A criação da Agência Central de Inteligência reuniu dados e permite a troca de informações entre as forças de segurança, para ampliar o cerco ao crime.

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