TIMES SQUARE MINEIRA

Times Square de BH: especialistas divergem sobre painéis de led na Praça 7

Painéis de LED de até 40 metros no coração de BH prometem modernidade e segurança, mas dividem opiniões. Especialista considera a medida "estapafúrdia"

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Uma lei sancionada neste mês pela Prefeitura de Belo Horizonte autoriza a transformação da Praça Sete, no Centro, na “Times Square mineira”. O ponto nevrálgico da capital poderá receber painéis de LED em suas esquinas, tal qual o mundialmente famoso cruzamento de Nova York, nos EUA.

A novidade divide opiniões entre os que consideram a mudança uma modernização do espaço e os que se preocupam com a preservação do patrimônio histórico de BH. Segundo documento publicado no Diário Oficial do Município (DOM), a área de promoção visa modernizar a imagem do local “de modo harmônico com o processo histórico de ocupação da região”.

Os painéis deverão ter altura entre 3 metros e 40 metros e espessura máxima de 1,70 metro. Não há nenhuma menção à largura máxima das peças, mas é determinado que elas não poderão ocupar área superior a 30% da fachada. Eles serão instalados nas esquinas da Avenida Amazonas com Rua Rio de Janeiro, em ambos os lados da Avenida Afonso Pena; da Amazonas com Rua dos Carijós, em ambos os lados da Afonso Pena; da Afonso Pena com Rua Rio de Janeiro, em ambos os lados da Amazonas; e da Afonso Pena com Carijós, em ambos os lados da Amazonas.

Reações

“Além de super cafona querer copiar Nova York, esta lei é um retrocesso para a valorização do nosso patrimônio público”, discorda a arquiteta urbana Claudia Pires. Claudia explica que o município discute há mais de 20 anos a importância da valorização do patrimônio histórico da cidade, ela reforça que, este compromisso inclusive está garantido pelo código de posturas do município de Belo Horizonte.

“Só o painel não adianta, o ambiente está deteriorado. Mas essas placas de LED vão provocar o pensamento de melhorias para o Centro de Belo Horizonte”, diz o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva.

Ele destaca que a entidade acompanha o projeto desde o início e sempre se posicionou a favor dos painéis. E argumenta que a instalação evidenciará os outros problemas da região, como as calçadas, que, segundo Marcelo, precisam de reforma, a baixa iluminação e a falta de segurança.

O projeto também é visto como positivo para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que informou, por meio de nota, que apoia a instalação dos painéis luminosos, pois considera que, além de ampliar a visibilidade comercial da região, a medida impulsiona o turismo.

Para a Fiemg, a medida reforça a requalificação do hipercentro, que é um objetivo compartilhado com a PBH, consolidado por meio da parceria firmada em 2024.

A arquiteta urbana Cláudia Pires concorda que é urgente valorizar o Centro, mas observa que isso pode ser garantido dando prioridade a problemas muito mais urgentes na região, como tornar o entorno da Praça Sete um local de passeio turístico a pé, ocupar com moradores edifícios que estão vazios e, principalmente, ocupar o local com cultura.

“A Avenida Paulista (em São Paulo), por exemplo, tem virada cultural, tem museu, tem entretenimento. Isso sim, atrai turistas. Pessoas andando pelo Centro, visitando espaços culturais é muito mais a nossa cara do que enormes painéis coloridos com propagandas”, opina Cláudia Pires.

Ela explica que o município discute há mais de 20 anos a importância da valorização do patrimônio histórico da cidade e reforça que este compromisso inclusive está garantido pelo código de posturas da própria Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). “Em pleno século 21, onde se fala de desenvolvimento sustentável, colocar painéis de LED em um local cheio de fachadas belíssimas e históricas, é lamentável. Imagine edifícios projetados por Oscar Niemeyer tampados por publicidade!”

Ainda de acordo com a lei, a medida tem o potencial de ampliar o uso do espaço no período noturno e aumentar a sensação de segurança no hipercentro. A arquiteta afirma que o argumento é infundado, já que não existem estudos que comprovem isso. “Se essa é uma preocupação, o ideal é melhorar a iluminação das vias como um todo e aumentar a presença da guarda municipal no local.”

Na expectativa

O vice-presidente do Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de Minas Gerais (Sinapro-MG), Ricardo Melillo, é outro que avalia como positiva a instalação dos painéis, desde respeitem a estrutura cultural da cidade. “Já existem sondagens de possíveis anunciantes, o espaço é perfeito para publicidade, um público muito variado transita ali. Mas, por enquanto, tudo não passa de curiosidade. Como não fomos consultados sobre o propjeto, ainda estão pouco claro os detalhes da proposta, o que prejudica no repasse de informações aos interessados”, diz ele, sem saber o custo-benefício e como será o processo de contratação.

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Em nota, a PBH informou que a Secretaria Municipal de Política Urbana (SMPU) não recebeu, até o momento, nenhum pedido de instalação de painéis. A administração municipal também declarou não ser responsável pela comercialização das placas.

*Estagiária sob supervisão do subeditor Paulo Galvão

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