Vídeo mostra ex-marido de biomédica tentando fugir após crime
Homem foi indiciado por feminicídio. As investigações apontaram que o homicídio foi premeditado e suspeito forjou uma tentativa de suicídio
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Siga noO caminhoneiro de 42 anos indiciado pela morte da biomédica Miqueias Nunes de Oliveira, de 33, mentiu à polícia durante depoimentos prestados. De acordo com as investigações, o homem, suspeito de feminicídio, tentou fugir do local do crime e, ao não conseguir, forjou que sua intenção inicial era cometer suicídio. Os fatos foram repassados pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19/3). Miqueia foi esfaqueada em 10 de março, dentro de uma clínica de estética em Itabirito, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
As investigações começaram logo após o crime. Segundo o delegado Wellington Faria, os investigadores chegaram ao local quando a vítima ainda estava caída ao chão, já morta, e o autor, ao seu lado, sujo de sangue e com um ferimento em um dos pulsos. Por meio da análise de câmeras de segurança, depoimentos prestados e perícia nos celulares, os policiais constataram que o indiciado teria mentido quanto à intenção de cometer suicídio, e que o intuito seria fugir, mesmo que tivesse conseguido atrair a vítima para o apartamento.
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“O autor disse que matou a mulher e que tentou suicídio logo em seguida, mas esta não é a verdade apurada por nós. Isso só foi possível, graças à ação de uma das duas testemunhas que estavam no local no momento do crime”, conta o delegado.
Uma das testemunhas, que estava na clínica no momento do crime, saiu do local e correu até a delegacia para pedir ajuda. “A outra testemunha saiu da casa e, assim que chegou à rua, fechou o portão, que ficou trancado, o que derruba a teoria do autor, pois ele tentou, sim, fugir. Ao encontrar o portão fechado, não tinha mais como sair do local, e então cortou o pulso, atingindo os tendões, deitando-se ao lado da ex-mulher", afirma o delegado.
Segundo o delegado Gabriel Araújo, o crime foi premeditado. "Tanto que ele não adquiriu uma arma legal, adquiriu uma com numeração raspada. Ele não queria deixar vestígio, não queria deixar rastros, queria dificultar toda e qualquer investigação. Ele é caminhoneiro, iria ‘ganhar’ o Brasil e sumir", detalhou Araújo.
"A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, e ele se encontra ainda internado no hospital, sob escolta policial", concluiu Faria.
O motorista está sendo indiciado pelo crime de feminicídio, que prevê pena de 20 a 40 anos de prisão, com os agravantes de crueldade, impossibilitar a defesa da vítima e motivo fútil, que poderá acrescentar mais 10 anos à pena, e mais seis anos pelo porte ilegal de arma de fogo.
A separação
Conforme o delegado Wellington Faria, a decisão de se separar partiu de Miqueias, que descobriu, ao vasculhar o celular do suspeito, que tinha sido traída por ele, que teve um relacionamento com uma ex-namorada.
“Ela tomou, então, a decisão de terminar”, conta o delegado. Segundo a polícia, isso aconteceu em dezembro e o homem não aceitava o rompimento e assediou Miqueias várias vezes, inclusive, fazendo ameaças de morte.
“O caminhoneiro havia planejado matar a ex. Primeiro, tentou levá-la ao apartamento onde viveram. Lá, tinha uma arma, uma pistola 9 mm com a numeração raspada, e que foi apreendida por nós. Como não conseguiu convencê-la, resolveu ir à clínica e tinha em seu poder um canivete, de uso em pesca, que é maior, e que usou para matá-la”, conta o delegado Wellington.
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A crueldade do crime chama a atenção do delegado. “Ele desferiu nove golpes, a maioria atingiu o coração e o pulmão. Ela teve morte instantânea”.
Outros detalhes levam à conclusão de que o crime tenha sido planejado, uma vez que o homem disse para amigos do casal e parentes dela que se mataria se Miqueias não voltasse para ele. A polícia revela, ainda, que havia uma combinação entre o casal, de que eles comprariam, em comum acordo, um outro apartamento, para que cada um tivesse a sua casa. O caso será entregue à Justiça.