Dengue em Minas: cidade registra quatro mortes em 24 horas
Em 2025, a infecção já fez 19 vítimas em todo o estado. Levantamento diário também apontou que 28.038 exames testaram positivo para a doença
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Siga noOs casos de arboviroses avançam cada dia mais em Minas Gerais. Nesta quarta-feira (19/3), a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), por meio do Painel de Monitoramento das Arboviroses, confirmou a 19ª morte pela dengue. Foram quatro novos registros de infecções fatais em 24 horas, uma vez que, nessa terça (18/3), a pasta identificou 15 óbitos.
Apesar do aumento de casos, os números de contaminações no estado estão bem abaixo do apresentado no mesmo período em 2024.
Os novos registros foram registrados em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Com isso, a cidade se aproxima de Uberlândia, que lidera a lista da SES com sete óbitos em decorrência da arbovirose confirmados. De acordo com o Governo de Minas, as infecções fatais aconteceram em: Areado - 1; Carmo Paraíba - 1; Itapagipe - 1; Iturama - 1, Monte Santo - 1; Ponte Nova - 1; Uberaba - 5, Uberlândia - 7; e União de Minas - 1.
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Além das mortes em que foi confirmado a relação com a infecção da dengue, até o início desta tarde, a SES-MG investiga outras 62 infecções fatais. O levantamento diário também apontou que 28.038 exames testaram positivo para a doença.
Até a 11ª semana epidemiológica de 2024, 751.530 casos de dengue haviam sido confirmados, e 588 haviam morrido pela doença no estado. Os números são bem maiores dos registrados até a manhã dessa terça, quando, segundo o levantamento diário, 21.815 pessoas se contaminaram pelo vírus.
Em 2023 - quando a epidemia da doença foi menor do que a registrada em 2024 -, considerando as 11 primeiras semanas do ano, 79 infecções fatais foram confirmadas, e 93.130 exames haviam testado positivo.
Historicamente, as epidemias de dengue ocorrem a cada dois ou três anos, paradigma quebrado no ano passado, o segundo consecutivo de forte disseminação da doença em Minas.
Para o virologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Flávio da Fonseca, as sequências de alta nos casos têm acontecido, principalmente, pela recirculação de variantes antes em segundo plano. Mesmo assim, ele afirma que a aproximação de picos endêmicos, sem períodos interdepidêmicos, é “muito preocupante”.
Em 2024, Minas viveu a maior epidemia de dengue da história, ficando atrás somente de São Paulo entre os estados com o maior número de casos. A situação de emergência em saúde pública decretada pelo governo do estado começou em fevereiro, chegando ao fim apenas em julho. Um total de 267 municípios também recorreu à medida.
Com pico comum no primeiro semestre, o aumento de casos ocorreu na 9ª semana epidemiológica, entre 25 de fevereiro e 2 de março, quando foram registrados 134.076 casos. Ainda assim, o cenário não deixou de piorar ao longo do ano. Para se ter uma ideia, apenas entre 23 e 30 de agosto, Belo Horizonte confirmou 4.883 novos casos de dengue e quatro mortes.
O especialista diz acreditar que os surtos também estão ligados às mudanças climáticas e ambientais. "Na verdade, é um processo que temos visto no mundo inteiro com esses ‘vírus malucos’ que aparecem, como a própria COVID, surto de MPox e agora surto de doença respiratória na China. Acho que a gente realmente está em um ponto muito grave e sensível do nosso histórico enquanto agentes do processo de aquecimento global e destruição de ambientes naturais."
Prevenção
O infectologista Leandro Curi, que integra a equipe do Hospital Semper, acredita que perdemos a guerra contra o vetor transmissor da dengue. Porém, o especialista defende que a prevenção mais eficaz é a vacina. “Minha expectativa é que, enquanto ela [vacina contra a dengue] ainda não é produzida em nosso país, seja possível comprar mais doses para ampliar a proteção e estendê-la para outras faixas etárias”, destaca.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso de duas vacinas contra a dengue: Qdenga, do laboratório japonesa Takeda; e Dengvaxia, do laboratório francês Sanofi- Pasteur. A primeira foi incorporada ao calendário de vacinação e é distribuída pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde o último ano. Ela é indicada para pessoas de 4 a 60 anos, não sendo indicada para aplicação em idosos.
Em 14 de fevereiro, o Ministério da Saúde permitiu a ampliação temporária do público-alvo da vacina. A medida é válida para doses com prazo de validade iminente. Apesar disso, em Minas Gerais, até o momento, não há informações sobre o remanejamento da aplicação. O Estado de Minas procurou a SES-MG para saber se há algum planejamento, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.
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De acordo com o governo federal, por causa da dificuldade de produção e importação das doses, nas Unidades Básicas de Saúde (UBs), as doses estão sendo ofertadas para crianças de 10 a 14 anos, sendo que em alguns estados e municípios, devido à falta de procura, o público alvo foi ampliado para 6 a 14 anos. Já o imunizante francês pode ser aplicado em pessoas de todas as idades, mas só pode ser utilizado por aqueles que já tiveram dengue, sendo contraindicada para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.