MINAS GERAIS

"Há vícios na sentença", diz advogado de religioso condenado por estupros

Líder religioso foi condenado a 49 anos por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e importunação sexual

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O advogado Ricardo Rezende Rocha, que defende um líder religioso condenado a 49 anos de prisão por estupro contra mulheres, adolescentes e crianças, afirmou que há "vícios" na sentença e que os mesmos serão objeto de questionamento nas instâncias superiores. O caso, que aconteceu em agosto do ano passado em Frutal, no Triângulo Mineiro, corre em segredo de justiça. 

"Ao nosso ver, a forma que foram colhidas as escutas especializadas das menores fora de forma ilegal e não adequada", declarou Rocha. 

O advogado continua que os "vícios" que ele aponta irão ser debatidos em recurso de apelação. "Como o caso corre em segredo de justiça não posso divulgar mais detalhes", complementou. 

"O direito à ampla defesa e ao contraditório são pilares fundamentais do Estado Democrático de Direito, e medidas serão adotadas para sanar eventuais equívocos contidos na decisão", destacou o advogado. 

"Narrativas carregadas de intolerância" 

O advogado afirmou em nota divulgada à imprensa, que repudia veementemente o teor de algumas notícias veiculadas até o momento. "Elas contêm narrativas carregadas de intolerância e preconceito contra a religião de matriz africana, da qual o senhor W. A. G. era líder religioso. 

"Ressaltamos que qualquer abordagem que relacione a prática religiosa do acusado ao mérito da condenação é inaceitável e fere princípios fundamentais da liberdade religiosa e da igualdade previstos na Constituição Federal", destaca. 

Condenação em regime fechado 

O homem de 43 anos que se identificava como "líder religioso", indiciado pela Polícia Civil (PCMG) em Frutal por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e importunação sexual contra ao menos 10 crianças, adolescentes e mulheres, foi condenado a 49 anos de prisão em regime fechado. A informação foi divulgada pelo delegado responsável pelo inquérito policial, Bruno Geovannini de Paulo. 

O condenado havia sido preso em 29 de agosto do ano passado sob suspeita de praticar os crimes sexuais contra os menores "em nome da fé". A vítima mais nova tinha nove anos na época que foi abusada sexualmente, segundo a denúncia. 

Investigações 

O delegado Bruno Geovanini de Paulo contou que a investigação do caso foi complexa e demandou muito tempo e esforço dos policiais civis. "Tivemos sucesso graças à participação das policiais mulheres, que tiveram sensibilidade e todo um preparo no atendimento às vítimas desses crimes sexuais", considerou. 

Ainda conforme o delegado, os crimes sexuais começaram a ser desvendados a partir de denúncias de algumas mulheres que se sentiram acolhidas pela equipe feminina da Polícia Civil. "Nós pedimos as quebras de sigilos, fomos pedindo as representações para o prisão, mandados de busca, colhendo mais informações e isso culminou em uma completa apuração dos fatos, que levaram e que deram substância à denúncia do Ministério Público para que ele pudesse vir a ser condenado agora", finalizou Geovanini de Paulo. 

"Em nome da fé" e ‘Quarto do sigilo’ 

Segundo a Polícia Civil em Frutal, para praticar os crimes sexuais o homem usava a fé e, além disso, intimidava as vítimas com arma de fogo. 

Giovannini contou que os estupros ocorriam durante os rituais que eram reservados somente a ele, em um local chamado de ‘quarto do sigilo’. 

No quarto, segundo as investigações, o líder religioso teria usado imagens intimidadoras, forçando as vítimas a entrar em um alçapão junto com ele.

 Em seguida, o suposto líder "incorporava algum tipo de espírito" e exigia que as vítimas tivessem relações sexuais com ele para que seus pedidos de fé fossem realizados. "Através desse sigilo, ele estava perpetuando essas agressões sexuais". 

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Ainda de acordo com as investigações, o suspeito tinha um centro religioso que era frequentado por diversas pessoas. "Conforme apuramos, havia um grupo específico dentro desse centro, chamado ‘grupo do sigilo,  em que ele trazia para perto dele pessoas que seriam destinatárias de cerimônias mais exclusivas. Inclusive ele cobrava por isso. Mas durante esses cerimoniais, descobrimos que ele teria praticado diversos crimes sexuais contra crianças, adolescentes e mulheres", complementou o delegado.

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