Minas Gerais é o estado com maior número de doentes por falta de saneamento
De acordo com estudo publicado pelo Instituto Trata Brasil, as doenças transmitidas por inseto vetor, como a dengue, são um problema para a população mineira
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Siga noO estudo "Saneamento é Saúde", publicado pelo Instituto Trata Brasil, revela que Minas Gerais lidera o ranking nacional de hospitalizações causadas pela falta de infraestrutura de distribuição de água potável e esgotamento sanitário. De acordo com a pesquisa, 47.612 pessoas precisaram de internação no estado, o que representa cerca de 14% do total nacional, que registrou 344 mil casos desse tipo.
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Ainda segundo o estudo da Trata Brasil, que utiliza dados oficiais do Ministério da Saúde e do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), o alto percentual é principalmente devido a doenças transmitidas por insetos vetores, como dengue e febre amarela. Do total de internações em Minas Gerais, 35.590, o que representa 75%, foram causadas por picadas de insetos.
Considerando o índice per capita, foram registradas 22,3 hospitalizações para cada grupo de 10 mil habitantes. Para efeito de comparação, o índice nacional foi de 16,2, e o da Região Sudeste do país foi de 13,1.
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"No estado de Minas Gerais, temos uma grande densidade populacional, o que eleva também o número absoluto dessas internações. Além disso, enfrentamos elevadas temperaturas, chuvas, mas também tratamos apenas 43,7% do volume de esgoto gerado. O mosquito da dengue se prolifera tanto em água limpa quanto em água suja", avalia Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil.
Para a porta-voz do instituto, o estado ainda precisa de obras de saneamento, que resultariam em uma melhoria na qualidade de vida da população. "O investimento em saneamento básico, com certeza, tem o potencial de reduzir essas possíveis epidemias relacionadas à dengue. Claro que esse não é o único motivo, mas em cidades com saneamento universalizado, a incidência foi 41% menor", destaca.
Outras doenças
No caso de doenças de transmissão fecal-oral, como cólera, amebíase e infecções intestinais em geral, os resultados alcançados pelo estado foram melhores. Essas enfermidades foram responsáveis por 11.073 hospitalizações em Minas Gerais.
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Outras causas de hospitalizações relacionadas à falta de saneamento incluem a falta de higiene, que causa infecções nos olhos e na pele, com 806 casos em Minas Gerais; doenças transmitidas por água contaminada, que resultaram em 100 internações; e verminoses, como teníase e ascaridíase, que levaram 43 pessoas aos hospitais do estado.
A pesquisa da Trata Brasil também aponta que Minas Gerais é o segundo estado brasileiro com o maior número de mortes causadas por doenças relacionadas à falta de saneamento. Em 2024, 1.778 pessoas morreram devido a essas enfermidades. Apenas São Paulo registrou um número maior, com 2.464 óbitos.
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Do total de mortes em Minas Gerais, 1.174 foram causadas por doenças transmitidas por insetos vetores, enquanto 537 vítimas contraíram enfermidades por meio feco-oral. Além disso, houve 60 óbitos devido ao contato com água contaminada e outras 7 vítimas de parasitas.
Por fim, o estudo também aponta que as regiões do estado com maior incidência de hospitalizações e mortes causadas por doenças relacionadas à falta de saneamento são a Zona da Mata e o Norte de Minas.
O que diz o governo de Minas Gerais?
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) informou que "desenvolve ações para apoiar os municípios mineiros no cumprimento das metas de universalização do saneamento. Conforme a Lei 11.445/2007, a titularidade dos serviços de saneamento básico é do ente municipal."
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Já a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou que "acompanha os impactos das mudanças ambientais sobre a saúde pública e promove ações para mitigar os agravos relacionados à saúde.
De acordo com a SES-MG, nos últimos dois anos, foram investidos R$ 50,3 milhões no Programa de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Vigiagua), por meio da Resolução SES/MG nº 9.528/2024, "visando a melhoria das ações de vigilância da qualidade da água utilizada para ingestão, preparo de alimentos e higiene pessoal. O recurso será utilizado pelos municípios em ações para mitigar e eliminar os fatores de risco e prevenir doenças de transmissão hídrica e alimentar no território."