ESTRADAS

Pedágios avançam nas rodovias federais que cortam Minas Gerais

Com as novas concessões e relicitações na malha viária do estado, reajustes chegam a ultrapassar o dobro do valor da tarifa anterior

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Já se foi o tempo em que o pedágio custava apenas um trocado. Com reajustes que chegam a ultrapassar o dobro do valor da tarifa anterior, viajar pelas rodovias mineiras está cada vez mais caro. Na BR-040, novas praças de cobrança no trajeto entre Minas Gerais e Goiás começaram a operar na última semana, enquanto a BR-262 terá aumentos de até 49% a partir de hoje (21/3) para carros de passeio. Com isso, o bolso dos motoristas que se aventuram pelas estradas já sente o impacto e, com novas concessões a caminho, como a da MG-010, que liga Belo Horizonte ao Aeroporto de Confins, a conta pode subir ainda mais.

Quem percorre toda a extensão da Rota do Zebu, trecho da BR-262 entre Uberaba, no Triângulo Mineiro, e Betim, na Grande BH, precisará desembolsar R$ 82 (ida e volta), um aumento de quase 35% em relação aos R$ 60,80 cobrados até ontem. Os reajustes variam entre 15% e 49%, tornando os 440 quilômetros de viagem significativamente mais caros. A alta se deve à transição da administração da rodovia, que deixa de estar sob a concessão da Triunfo Concebra, administradora da via desde 2014, e passa para a Way-262, empresa criada pelo grupo vencedor do leilão realizado pelo governo federal em outubro do ano passado.

Com a relicitação, feita após a concessionária anterior alegar dificuldades financeiras para cumprir as obrigações do contrato, como duplicações e melhorias na estrada, o Ministério dos Transportes optou por dividir a rodovia em trechos menores, o que permitiu a concessão separada do segmento Uberaba-Betim. A cerimônia de oficialização do novo contrato ocorreu ontem (20/3), em Uberaba, com a presença do diretor-geral em exercício da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Guilherme Theo Sampaio, e do ministro dos Transportes, Renan Filho.

Agora, os motoristas que trafegam pela BR-262 encontram quatro praças de pedágio ativas. Partindo de Uberaba, as cobranças acontecem em Perdizes (R$ 10,30), Campos Altos (R$ 10), Luz (R$ 10,40) e Florestal (R$ 10,30) — esta última sofreu o maior reajuste, de 49%, saindo de R$ 6,90. Além dessas, outras duas praças de pedágio ainda serão construídas em Nova Serrana e Araxá, o que irá elevar ainda mais o custo da viagem. Embora os valores dessas futuras praças ainda não tenham sido divulgados, estima-se que, após a instalação, o pedágio total supere os R$ 60.

Rota Centro-Oeste/Sudeste

Quem viaja de Belo Horizonte a Goiás pela BR-040 também sente no bolso a alta dos pedágios. Assim como na BR-262, o Ministério dos Transportes dividiu a concessão após a Via 040 desistir do contrato, três anos depois de assumir a estrada, alegando inviabilidade financeira para manter a pista e realizar as obras previstas. Agora, o trecho entre BH e Cristalina (GO) está sob gestão da Via Cristais.

A rodovia conta com sete praças de pedágio, localizadas em Paracatu, Lagoa Grande, João Pinheiro, São Gonçalo do Abaeté, Felixlândia, Curvelo e Capim Branco. Antes, cada praça cobrava R$ 6,30, mas, desde a última terça-feira (11/3), os valores foram reajustados e agora variam entre R$ 11,30 e R$ 15,50. A tarifa mais alta (R$ 15,50) é cobrada na praça de Capim Branco, nas proximidades de Sete Lagoas. Com isso, uma viagem de ida e volta entre BH e Sete Lagoas, a 74 quilômetros da capital, custa agora R$ 31.

Já para quem vai de Belo Horizonte a Cristalina, o pedágio total sobe para R$ 168,80 (ida e volta), um aumento de 91,3% em relação aos R$ 88,20 anteriores. Os motociclistas, por outro lado, agora estão isentos da cobrança de R$ 44,10 que era feita anteriormente pelo trajeto ida e volta.

No outro trecho concedido da BR-040, o custo para ir de Belo Horizonte a Juiz de Fora, um trajeto de 232 quilômetros, subiu significativamente. Os motoristas agora desembolsam R$ 76,20 no total (ida e volta), com praças de pedágio em Itabirito, Conselheiro Lafaiete e Barbacena, administradas pela EPR Via Mineira. Antes, cada praça cobrava R$ 6,30, totalizando R$ 18,90 para todo o percurso. Desde agosto do ano passado, porém, a tarifa saltou para R$ 12,70 por praça, um aumento de 105,8%.

Outra rodovia entregue à iniciativa privada, cujo pedágio deve pesar no bolso dos motoristas, é a BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. A concessão ficou com a gestora de investimentos 4UM, que se comprometeu a duplicar parte do trajeto e manter a rodovia por 30 anos. 

A previsão é que a viagem completa até Governador Valadares custe R$ 60,45 em pedágios, distribuídos entre cinco praças: Caeté (R$ 13,75), João Monlevade (R$ 11,40), Jaguaraçu (R$ 13,35), Belo Oriente (R$ 10,75) e Governador Valadares (R$ 11,20). Os valores exatos ainda não foram divulgados e a cobrança só deve acontecer a partir de 2026. 

Outra rodovia que pode entrar no esquema de concessão é a MG-010. O governo de Romeu Zema tem um plano ambicioso para conceder rodovias estaduais à iniciativa privada, o que pode resultar na instalação de 12 novas praças de pedágio. A proposta estima o pagamento de R$ 15,50 em pedágio no trajeto até o Aeroporto de Confins. Já para quem viaja para a Serra do Cipó, um dos destinos turísticos mais populares da Grande BH, a soma dos pedágios pode ultrapassar os R$ 26.

Descontos 

Apesar dos aumentos nos valores de pedágio, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) assegura que as concessões trarão benefícios aos motoristas. O diretor-geral em exercício da agência, Guilherme Theo Sampaio, afirma que a nova tarifa está compatível com os investimentos programados e ressalta a preocupação com a modicidade tarifária. "O valor da tarifa anterior não contemplava investimentos dessa magnitude. Agora, temos recursos vultuosos aplicados na rodovia", enfatiza, ao comentar o caso da BR-262.

Para reduzir o impacto dos aumentos, a agência destaca programas de desconto em todas as rodovias recentemente concedidas a iniciativa privada. "Todo usuário que transitar pela rodovia e utilizar TAG terá um desconto automático de 5%. Além disso, o usuário frequente, aquele que precisa passar pela rodovia diariamente para trabalhar ou estudar, pode obter descontos progressivos que chegam a 50%, o que pode resultar em tarifas até menores do que as praticadas atualmente", explica Sampaio.

O desconto é aplicado conforme a frequência mensal em que o veículo passa pela praça de pedágio, sem necessidade de cadastro nas concessionárias. Sampaio também ressalta que motociclistas seguirão isentos do pagamento.

Investimentos nas estradas 

Os aumentos expressivos nos pedágios, que em alguns casos chegaram a dobrar de preço, são justificados pelo governo federal como necessários para viabilizar melhorias na infraestrutura das rodovias, depois de as concessionárias anteriores declararem inviabilidade financeira para cumprir os contratos. Entre as promessas, estão a duplicação de trechos, a recuperação do asfalto e o reforço da segurança viária. 

Após uma década sob gestão da Via 040, a administração da BR-040 foi entregue com apenas 78 quilômetros duplicados — 9,1% dos 557,2km previstos em contrato — e um saldo de mortes que a coloca à frente da “rodovia da morte”, a BR-381. Agora, a Via dos Cristais chega com um plano de 100 dias para ações emergenciais na via, como reparo de buracos e reabertura de bases de atendimento. O contrato ainda prevê R$ 12 bilhões em investimentos, incluindo 100km de duplicação, 342km de faixas adicionais e 34 novas passarelas a serem construídas durante o período de concessão. 

O mesmo será feito pela EPR Via Mineira no trecho BH/Juiz de Fora. O contrato firmado com o governo federal prevê um investimento de R$ 8,7 bilhões, com R$ 5,2 bilhões destinados a melhorias estruturais. Isso inclui a duplicação de 164 km, a criação de 42 km de faixas adicionais, ajustes em curvas perigosas, construção de retornos e passarelas, além da instalação de iluminação em pontos de baixa visibilidade. Outros R$ 3,6 bilhões serão aplicados em serviços operacionais. 

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A concessão da BR-262 prevê a duplicação de 44,3 quilômetros, implantação de 169 quilômetros de faixas adicionais e 3,6 quilômetros de vias marginais. Também estão planejadas a construção de 17 passarelas de pedestres, 100 pontos de ônibus, três passagens de fauna e um ponto de parada e descanso. “Isso muda a maior eficiência logística para uma região importante do agronegócio, não apenas o estado de Minas Gerais, mas de todo o Brasil, traz maior trafegabilidade e o principal que todos esperam, segurança viária”, afirma o diretor-geral da ANTT. 

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