PROBLEMAS ESTRUTURAIS

Oito casas são interditadas em BH pela Defesa Civil por causa de rachaduras

Imóveis e rua no bairro Primeiro de Maio, na Região Norte de BH, foram interditadas há mais de um mês; 21 moradores precisaram sair do local

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Oito casas localizadas na Rua Cesena, no Bairro Primeiro de Maio, na Região Norte de Belo Horizonte, estão interditadas pela Defesa Civil Municipal devido a rachaduras e buracos há mais de um mês. De acordo com o órgão municipal, os moradores dos imóveis foram orientados e notificados dos riscos em 6 de fevereiro. Já no dia do mesmo mês, a rua foi parcialmente interditada.

Nessa quinta (20/3), a Defesa Civil realizou novas vistorias em sete dos imóveis, onde foi constatada a evolução de trincas e rachaduras, abatimento do asfalto e processo erosivo, incluindo um reforço da sinalização de interdição na via. No entanto, não foi possível realizar a vistoria em um dos imóveis, pois o morador não estava presente. Nesse caso, uma nova vistoria será agendada.

Todos os imóveis continuam interditados, e a Defesa Civil orientou todos os moradores a manter isolamento total dos imóveis e parcial da via, evitando riscos. Também foi reforçada a necessidade de providenciar uma avaliação técnica especializada para identificar e solucionar as causas dos problemas estruturais.

Conforme relatado por um dos moradores, há mais de um mês surgiu um vazamento nos canos da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) em frente às casas. No entanto, depois de solucionado o problema, rachaduras e buracos no piso começaram a aparecer nas casas da rua.

Preocupados, os moradores acionaram a Copasa, mas foram informados de que a situação não é de responsabilidade deles.

À reportagem do Estado de Minas, a companhia informou que um laudo pericial independente apontou que os danos não têm relação com as redes da empresa no local. Segundo a Copasa, vistorias na rede de esgoto apontaram que o funcionamento estava normal, e as vistorias na rede de água mostraram que o vazamento não provocou erosão no seu entorno e era de baixa pressão, não sendo possível causar danos nos imóveis. Em nota, a Copasa informou que outros assuntos relacionados ao caso estão sendo tratados judicialmente.

Os moradores foram ainda orientados a acionar a Defesa Civil pelo telefone 199 em caso de agravamento da situação. No total, 21 pessoas precisaram desocupar suas residências e receberam acolhimento por parte de familiares e assistência humanitária da Defesa Civil.

O advogado Leonardo Silva, representante das famílias afetadas, alerta para a gravidade do problema e afirma que há um risco real de desmoronamento.  

"O estado dos imóveis é muito crítico. O terreno começou a ficar todo oco por baixo. Pegamos uma madeira de três metros, e ela simplesmente sumiu no buraco ao lado da casa 3. Se nada for feito, corremos o risco de ver uma tragédia semelhante ao que aconteceu em Alagoas", diz ele, referindo-se ao afundamento de bairros inteiros causado pela mineração de sal-gema em Maceió.

Ainda segundo ele, os moradores já convivem com problemas estruturais há mais de 20 anos. "Desde 2004, a rua sofre com abatimentos e infiltrações causadas pela má prestação de serviços da Copasa. Há registros de indenizações na própria rua. Dessa vez, a situação saiu do controle."  

O advogado afirma que a Copasa já foi notificada judicialmente a fornecer assistência às famílias, mas até o momento não cumpriu a decisão. "No dia 14, conseguimos na Justiça uma decisão que obriga a Copasa a arcar com hospedagem ou aluguel para os moradores. O prazo era de 48 horas, porém a empresa simplesmente ignorou. Enquanto isso, essas famílias estão desamparadas."  

 

Moradores desalojados

A pensionista Vânia Aparecida da Silva, moradora da casa 31-A, é uma das mais afetadas pela situação. O terreno onde mora abriga três casas, onde viviam ela, a família da suas duas filhas e os nove netos. A família teve que deixar o local às pressas.  

"A Defesa Civil nos deu um laudo em 2021 dizendo que havia uma cratera debaixo da nossa casa. A Copasa foi lá, arrumou o cano dela e tapou o buraco, mas o problema continuou. Agora, tivemos que sair correndo porque a casa pode cair a qualquer momento", relata.

 

Sem qualquer suporte da empresa ou do governo, Vânia e sua família passaram semanas vivendo de favor na casa de um familiar. "Ficamos 12 pessoas na casa da minha irmã, que já tinha oito pessoas morando lá. No total, eram 20 pessoas dividindo um espaço pequeno. Como é que a gente ia viver assim?", questiona.  

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Os moradores aguardam uma resposta concreta das autoridades. Vânia afirma que há laudos e documentos provando que o problema na rua é antigo e foi negligenciado por anos  temendo perder sua residência  "Nossa casa é tudo que temos” afirma.

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