SUL DE MINAS

Cocaína na escola: avó de criança que distribui a droga contesta a polícia

"Estou sem comer", desabafou a avó. Em Itamonte, no Sul de Minas, 20 crianças foram hospitalizadas depois de ingerirem droga pensando que eram doce

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A avó da criança apontada como responsável por levar papelotes de cocaína à escola questiona a versão divulgada pelas autoridades policiais e relata medo de linchamento. Em Itamonte, no Sul de Minas, 20 crianças foram hospitalizadas depois de ingerirem a droga na Escola Municipal Mariana Silva Guimarães, depois que uma colega ofereceu a substância achando que era doce. 

“Quero pedir investigação, quero que tudo seja investigado. Quero que seja investigada a minha casa, a escola, todo mundo que trabalha na escola. Eles falaram e eu tive que ficar quieta”. Ao Estado de Minas, Zunaide Madeira, de 52 anos, sugere que a droga tenha sido levada por outra criança ou que já estivesse na escola, e não que tenha sido encontrada com a menina.

“A menina só tem quatro anos, ela não está entendendo o que está acontecendo, cada hora fala uma coisa, está assustada. Eu sou a única pessoa que cuida dela, o pai dela nem mora aqui com a gente, eu que arrumei a mochila dela. Só tinha espaço para uma bolsinha com lápis, ela não usa caderno, não tinha como ela levar aquelas coisas. Como assim a menina que eu cuido estava com droga? Não teve nada disso!”, afirmou a avó.

“Não quero acusar ninguém, mas eu imagino que, quando uma coisa dessas é encontrada, deveriam ter tirado foto, filmado, antes de colocar a mão. Mas não teve nada disso. Uma pessoa disse que foi encontrada na mochila, outra que foi encontrada na cadeira, outra no lixo. Como podem afirmar que minha neta quem levou?”, questionou Zunaide.

Segundo a avó, seu depoimento não foi colhido no boletim de ocorrência, assim como o depoimento do filho, pai da menina, apontado como responsável pela droga. "Não quiseram saber", desabafou. Até o momento, a Polícia Civil não o encontrou para prestar depoimento e o considera foragido.

“Estou com muito medo, sem comer, sem dormir, sem vontade até de conversar. Minha família está sofrendo calúnia, difamação, ameaça. Estamos sufocados. Divulgaram a foto do meu filho e está circulando em grupos de WhatsApp que querem linchar ele. Ninguém está saindo da minha casa e estão invadindo a casa que ele mora, sem mandado nenhum”, contou. 

Para evitar alguma agressão à neta, a mulher resolveu tirá-la de casa e deixá-la aos cuidados de uma pessoa confiável. “Se alguma coisa acontecer e alguém invadir aqui, ela não está aqui”, relatou.

Filho é suspeito de entregar drogas à criança

No boletim de ocorrência, o pai da menina é apontado como suspeito de ter entregado a droga à criança. Conforme registros, a menina afirmou que os pacotes estavam na casa do pai e que ele havia entregado para ela. 

A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) informou que uma professora chamou a corporação após ouvir duas alunas dizendo que o “papelzinho” que uma colega tinha dado estava ruim. Quando a professora pediu para a criança mostrar o que a amiga lhe deu, a menina mostrou um objeto parecido com um papelote de droga.

A criança e o “papelzinho” foram levados para a diretoria. Depois, a professora encontrou mais seis pacotes na mochila e nove debaixo da cadeira. Segundo a polícia, sete pacotes estavam cheios e lacrados, e nove estavam parcialmente usados.

Segundo o B.O., o pai da criança foi até a escola antes da polícia ser chamada. No local, ele tirou o produto da mão de uma coordenadora e fugiu. Pouco depois, o tio da criança chegou, desacatou duas conselheiras tutelares e levou a sobrinha embora. Ele foi encaminhado para a delegacia onde assinou Termo Circunstancial de Ocorrência (TCO) e foi liberado. 

Conforme Zunaide, o filho, pai da menina, saiu da escola por estar sofrendo ameaças. “Antes de uma investigação, os policiais saíram no encalço do meu filho, sem depoimento meu, sem o depoimento dele. Quando me disseram que mandaram prender meu filho, eu liguei pra ele avisando que ele estava sendo procurado”. 

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Conforme o registro da ocorrência, o suspeito tem quatro passagens por tráfico de drogas. A informação é negada por Zunaide. A reportagem tentou detalhes do histórico com a Polícia Civil, mas os dados não foram divulgados em razão da Lei de Abuso de Autoridade.

A polícia realizou buscas para localizar e prender o homem, mas até a publicação desta matéria, ele ainda não havia sido encontrado. 

O que diz a prefeitura

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Itamonte informou que mobilizou uma força-tarefa para atender o caso das crianças que confundiram droga com doce. O gabinete municipal atuou em conjunto com as polícias Civil e Militar, o Conselho Tutelar, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e psicólogos. 

O prefeito acompanhou a situação pessoalmente, garantindo apoio médico extra e ambulâncias de prontidão para emergências. Além disso, foi oferecido lanche e suporte psicológico às famílias envolvidas. O município segue acompanhando o caso e prestando apoio às famílias.

Por precaução, a médica de plantão recomendou a realização de testes toxicológicos, mas não havia disponibilidade imediata em cidades vizinhas. A prefeitura, então, acionou o laboratório Oswaldo Cruz, em Taubaté (SP), que estendeu seu atendimento para realizar a coleta no mesmo dia. Os exames confirmaram que nenhuma das crianças havia ingerido a substância.

Com informações de Clara Mariz

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