INVESTIGAÇÃO

Cocaína na escola: exames não detectam droga no organismo das crianças

Caso veio à tona após a descoberta de um envelope com a substância na mochila de uma das crianças

Publicidade

Os exames toxicológicos realizados nas crianças que, por engano, ingeriram cocaína achando que era doce em uma escola municipal de Itamonte, no Sul de Minas, confirmaram que nenhuma delas apresenta a substância no organismo. A informação foi repassada ao Estado de Minas neste sábado (22/3) pela Prefeitura da cidade. 

O caso foi registrado nessa sexta-feira (21/3), quando uma aluna de 4 anos levou 16 papelotes de cocaína para a Escola Municipal Mariana Silva Guimarães, acreditando que se tratava de doces. Pelo menos 20 crianças, com idades entre quatro e cinco anos, foram encaminhadas a uma unidade de saúde com suspeita de ingestão da droga.

Eles foram liberados do hospital no mesmo dia. Após a realização dos exames, foi confirmado que não houve consumo da substância. Apenas dois laudos tiveram resultado inconclusivo inicialmente, segundo relato do pai de uma das alunas ao Estado de Minas, mas os demais 18 foram negativos.  O material foi analisado por um laboratório de Taubaté, município de São Paulo, a pedido da Prefeitura de Itamonte.

À reportagem, a administração municipal disse que continua acompanhando o caso, que segue sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, e prestando apoio às famílias. O gabinete também destacou a atuação conjunta com as polícias Civil e Militar, o Conselho Tutelar, o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e psicólogos.

Como a droga foi descoberta na escola

Uma professora percebeu a situação ao ouvir alunas reclamando do “papelzinho ruim” que haviam recebido e acionou a Polícia Militar. Ao pedir para a criança mostrar o objeto, a educadora identificou um envelope semelhante a um papelote de droga.

Ela então questionou a menina sobre a origem do material, e a criança afirmou que os pacotes estavam na casa do pai, que havia entregado para ela. A busca continuou, e, na mochila da menina, foram encontrados mais seis pacotes, além de outros nove localizados debaixo de uma cadeira. Ao todo, foram apreendidos 16 papelotes, sendo sete lacrados e nove parcialmente usados.

Antes da chegada da Polícia Militar, o pai da criança teria ido até a escola e, ao perceber que a droga havia sido encontrada, tomou um dos papelotes da mão de uma coordenadora e fugiu. Até a publicação desta matéria, ele ainda não havia sido encontrado.

Pouco depois, o tio da criança também esteve no local, discutiu com duas conselheiras tutelares e levou a sobrinha embora. Ele foi detido e liberado após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Em entrevista ao Estado de Minas, a avó da criança negou a versão apresentada nos registros policiais e afirma que a família tem sofrido ameaças e ela teme um linchamento.

Susto para as famílias

As famílias de crianças que ingeriram cocaína passaram por momentos de apreensão. O empresário Matheus Silva, pai de uma aluna de 4 anos, relatou que a filha recebeu um dos papelotes de uma colega e acabou engolindo o conteúdo. "Ela confirmou para a gente que uma colega entregou a droga, colocou na boca e engoliu", contou.

Apesar do susto, a criança não apresentou sintomas. "Ela não teve nenhuma reação. Hoje acordou febril, mas logo ficou bem. Acredito que foi pelo nervoso da situação", disse o pai. A família do empresário é nova na cidade e não conhece os responsáveis pela criança que teria levado a droga para a escola. Segundo ele, todos os pais estão preocupados.

A descoberta da droga levou a direção da escola a acionar o Conselho Tutelar, a Secretaria de Educação e a polícia. "Fomos chamados à escola e, ao chegarmos lá, nos informaram que encontraram um envelope com pó branco na mochila de uma das crianças. A polícia confirmou que era cocaína", relatou Matheus.

Outro lado

A avó da criança que levou os papelotes para a escola contesta a versão divulgada pelas autoridades e denuncia ameaças que a família vem sofrendo. Segundo ela, a casa de seu filho já foi invadida sem mandado judicial, e a imagem dele circula em grupos de mensagens com ameaças de linchamento.

Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia

"Minha família está sofrendo calúnia, difamação, ameaça. Estamos sufocados. Ninguém está saindo de casa", desabafou em entrevista ao Estado de Minas. Com medo de represálias, a mulher decidiu tirar a neta de casa e entregá-la aos cuidados de uma pessoa de confiança. “Se alguma coisa acontecer e alguém invadir aqui, ela não está aqui”, afirmou.

(Com informações de Bel Ferraz e Clara Mariz)

Tópicos relacionados:

droga escola minas-gerais policia

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay