Estudante da UFOP denuncia racismo em república
Associações e movimentos repudiam o episódio ocorrido em uma república particular em Mariana, na Região Central de Minas Gerais
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Siga noUma estudante de jornalismo da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foi vítima de racismo na República Mandacaru, localizada em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, onde fica o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA). O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFOP e Associação de Docentes da UFOP (ADUFOP) divulgaram notas de repúdio em relação ao ocorrido.
Segundo informações preliminares, a vítima morou por dois anos na república, onde as práticas racistas se manifestavam de forma sútil, mas constante. De acordo com o DCE-UFOP, houve um episódio em que uma caloura fez questão de excluir a vítima e de agir como se a mesma não pertencesse ao local.
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Quando a estudante decidiu expor o sofrimento, a caloura tentou amenizar a situação, sem reconhecer a gravidade do ato ou oferecer o apoio necessário. Para o movimento estudantil, esse comportamento invalidou a dor da vítima e reforçou a sensação de isolamento e invisibilidade que muitas vezes acompanha os casos de racismo.
“É inaceitável que, em pleno século XXI, episódios como este continuem a ocorrer sem a devida responsabilização dos envolvidos. Exigimos que a instituição reconheça a gravidade do racismo manifestado nesse episódio e adote medidas concretas para que situações semelhantes não se repitam. A estudante não deve carregar sozinha o fardo de ser a ‘experiência’ que sirva para ensinar aos demais sobre os danos do racismo”, diz a nota das redes sociais.
A atitude das demais colegas também foi alvo de críticas, uma vez que, segundo o DCE, optaram pelo silêncio diante da exposição da dor da estudante de jornalismo, o que evidencia um ambiente institucional que contribui para a manutenção de práticas discriminatórias. O movimento estudantil reforçou, ainda, que toda vítima de racismo merece ser “ouvida, acolhida e, sobretudo, ter sua dignidade respeitada”, pois “a responsabilidade de combater o racismo é de todos”.
A ADUFOP também repudiou a ação e destacou que recebeu com indignação a denúncia. Em nota, eles reforçaram o compromisso com a luta antirracista e conclamamos ações de combate ao racismo em todas as instâncias que compõem a universidade.
“Enquanto educadores é urgente colocar o combate ao racismo em nosso cotidiano de trabalho, é necessário combater o racismo todos os dias. Não precisa ser negro para se juntar à luta antirracista, esse deve ser um compromisso coletivo. Enquanto instituição de ensino, a UFOP precisa criar protocolos de ação, inclusive garantindo o acolhimento às vítimas”, diz.
Já a República Mandacaru, local onde ocorreram os episódios, se manifestou nas redes sociais. A moradia lamentou a situação e a falta de amparo à vítima. A república informou que não concorda com qualquer forma de racismo, discriminação ou violência e que a caloura em questão foi expulsa da casa no último ano e não tem mais contato com eles. No entanto, eles reconhecem que a medida “deveria ter sido tomada com urgência, o que é um erro que assumimos com responsabilidade”. A república também disse que está mobilizada em criar novas regras e protocolos para um ambiente seguro.
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“Reforçamos que a dor da ex-moradora e seu sofrimento nunca serão minimizados, e a história de violência que ela relatou não será apagada. Mais importante ainda, reafirmamos que essa situação não se repetirá. Não há desculpas, não há outro lado, outra história. Não nos isentamos da responsabilidade e reconhecemos que aconteceu e deveríamos, todas nós, termos tomado todas as medidas para que a ex-moradora não tivesse jamais passado pelo que passou”, lamentaram.