NOVA LIMA

Prefeitura retira portão de pousada que fechava acesso a cachoeira

Moradores do distrito de Macacos afirmavam que o portão prejudicava o trânsito de locais e turistas

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O portão colocado em área pública de São Sebastião das Águas Claras, distrito de Nova Lima mais conhecido como Macacos, na Grande BH, foi retirado após revolta popular. A remoção foi feita pela prefeitura nesta quarta-feira (26/3). O portão estava em estrada próxima à Cachoeira do Morumbé e era alvo de críticas de moradores, que relataram ao Estado de Minas, nessa segunda-feira (24/3), que o acesso estava sendo prejudicado. 

A Prefeitura de Nova Lima informou que a fiscalização no local, conhecido como Estrada da Servidão, foi executada de forma pacífica, sem qualquer intercorrência. O executivo municipal já havia afirmado que o portão estava em área pública e que  o responsável pela instalação tinha sido autuado pela Secretaria Municipal de Política Urbana, tendo seu pedido de defesa indeferido. 

Dono de uma pousada e restaurante em Macacos, o suíço Beat Christian Willi seria o responsável pela instalação do portão. Procurado pela reportagem nessa terça-feira (25/3), ele afirmou que não comentaria o caso. 

A retirada foi feita antes do protesto planejado pelos moradores para a tarde desta quarta-feira (26/3). Eles afirmam que o portão tem prejudicado o trajeto dos locais e turistas que desejam ir à cachoeira. De acordo com o presidente da Associação Comunitária de Macacos, Marcelo Bonfanti, o caminho existe há mais de 50 anos. Os moradores também contam que o portão tem deixado pessoas sem saída em ocorrências de chuvas fortes.

Críticas 

Bonfanti conta que no período entre dezembro e janeiro deste ano, cerca de 100 moradores ficaram ilhados, episódio comum no distrito. No caso, devido às fortes chuvas, árvores caíram e pessoas que estavam na região de Mendes ficaram sem saída por causa do portão, localizado em uma das principais vias de fuga em situações como essa.

Luiza Fonseca viu tudo da janela de casa. Ela mora na Estrada do Engenho, próximo de onde aconteceu. Além disso, ela acompanhou o desespero das pessoas afetadas pelo celular, através de grupos que participa em comum com outros residentes de Macacos. 

Outro morador é Danielson Gomes, que reside no distrito desde 1998. Atualmente, ele mora em Mendes. Em relação ao ocorrido, ele diz: "Por sorte não estava em Macacos quando aconteceu, mas no carnaval eu estava e aconteceu algo parecido. Um caminhão quebrou na Rua Dona Maria da Glória, sentido região Capela Velha, parando o trânsito. Não tem como retornar. A única saída era pela estrada onde está o portão. Foi uma hora até tudo se resolver", relata.

Em 2023, um dos motivos alegados pelo dono da pousada para instalação do portão seria para manter o controle dos turistas e da sujeira deixada por eles na cachoeira. No entanto, para Bonfanti, a razão não é válida. “Não é proibindo as pessoas de acessarem os lugares que vamos resolver essa questão da limpeza. É com conscientização que se resolve e não prejudicando os turistas”, defende. 

Marcelo afirma que quando assumiu a presidência da associação em 2020 ele e os próprios moradores tinham o hábito de limpar a sujeira deixada por turistas na cachoeira do Morumbé às segundas. "Cada pessoa voltava com vinte ou trinta sacos cheios de lixo", conta. Marcelo afirma que eles pararam de limpar quando entraram com ação no Ministério Público de Minas Gerais em 2023.

Além do portão

Apesar do portão ter sido retirado apenas nesta quarta, ele estava instalado desde 2022, de acordo Marcelo Bonfanti. O morador conta que os protestos contra o portão reacenderam este ano porque “foi construído um muro de contenção em uma área de preservação permanente, e aí a comunidade se revoltou mais ainda porque as autoridades não tomavam providência.” O muro de arrimo está a 10 metros de distância do portão, segundo Marcelo.

O presidente da associação afirma que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Nova Lima (Semam) notificou e multou o dono da pousada pelas obras, impossibilitando-o de continuar com as intervenções. De acordo com a notificação, o Departamento de Fiscalização Ambiental (DPA/Semam) foi ao local em 24 e 30 de janeiro deste ano. 

O DPA constatou que a construção, de aproximadamente dois metros quadrados (m²), está em uma distância inferior a 30 metros da borda da calha do leito do córrego Morumbé, área de preservação permanente. Nenhuma autorização para intervenção ambiental foi apresentada pelo dono.

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A crítica ao muro foi um dos motivos para que a manifestação em Macacos na tarde desta quarta (26/3) fosse mantida. Além disso, os moradores foram às ruas para reivindicar a construção de uma ponte para ligar a Rua Doze de Julho e a Estrada da Servidão. Marcelo Bonfanti afirma que o acesso entre as vias atualmente passa por dentro do córrego, o que ele considera ambientalmente arriscado.

*Estagiárias sob supervisão do subeditor Humberto Santos

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