SAÚDE MENTAL

Casa em BH chama atenção por fachada colorida inspirada em Salvador e Paris

Fitinhas na grade de imóvel simbolizam as vitórias de concurseiros da segurança pública após superação em avaliação psicológica

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Na Rua Turquesa, no bairro Prado, Região Oeste de Belo Horizonte, uma casa discreta esconde uma história curiosa - ou melhor, centenas delas. A fachada impressiona pelo detalhe inesperado: as grades são cobertas por fitas coloridas, idênticas às do Senhor do Bonfim. Mas ali não é igreja, nem ponto turístico. É uma clínica de psicologia especializada no atendimento de concurseiros da área da Segurança Pública, principalmente os que foram eliminados na etapa de avaliação psicológica. Os laços na entrada representam a conquista daqueles que tiveram êxito após o tratamento psicológico.

A clínica “LJ Psicologia” surgiu em 2020 de uma parceria entre as psicólogas e sócias Letícia Amorim Amaral Soares e Juliane Carla Lopes do Nascimento. A dupla já possuía bagagem anterior quando atuaram como psicólogas peritas para Polícia Militar, Civil e Penal. “Fazíamos avaliações psicológicas para o candidato entrar na instituição, para averiguar se ele tem o perfil comportamental exigido. Trabalhamos nesses lugares em tempos diferentes”, conta Letícia.

 

Com o passar dos anos, as duas decidiram sair e trabalhar com um processo chamado “recurso administrativo”. “Quando um candidato resolve se tornar integrante da Segurança Pública, precisa passar por uma avaliação psicológica. Nessa análise, ele pode ser apto e continuar no concurso, ou pode ser inapto por não atender aos requisitos determinados”, diz a psicóloga. 

A negativa, no entanto, pode ser contestada e para isso, é preciso um profissional que tenha conhecimento das ferramentas e do processo pelo qual houve a eliminação. “O recurso serve para avaliar os testes produzidos pela pessoa no momento do concurso e entender porque ela foi contraindicada. Isso pode ocorrer por vários motivos. Ou o perfil não é adequado, ou o candidato pode ser vítima de um erro. Todo processo que envolve pessoas é passível de erro”, explica Soares. 

O processo do concurso público é desgastante - tanto por questões financeiras como emocionais. Tudo começa com a prova teórica, na qual os participantes precisam investir em cursinhos. Em seguida, há a avaliação física, que envolve gastos com personal trainer. Depois a fase dos exames médicos, para saber as condições de saúde, e por fim, a etapa psicológica. “Quando chegam ao final eles já gastaram muito dinheiro, cerca de R$ 7 mil. Ao serem eliminados, a sensação é de que o esforço e a dedicação foram por água abaixo”, aponta Letícia. 

Segundo ela, o público, majoritariamente masculino (90%), procura a clínica para saber se a eliminação foi justa ou não. “Por isso, elaboramos um laudo técnico após avaliar os resultados do candidato. Esse documento é entregue à instituição, que avalia se a nossa argumentação é viável. Caso positivo, o candidato é incorporado novamente no concurso”, descreve a psicóloga.  

Controle das emoções

Com o passar dos anos, Letícia e Juliane acrescentaram um novo método de trabalho próprio, nomeado de Desenvolvimento Psicológico para Aptidão em Concursos - o DPAC - para avaliar o candidato de acordo com o perfil da instituição desejada. “Se a pessoa apresentar alguma inconsistência, construímos um plano de tratamento, por meio de terapia, para podermos chegar juntos até onde ela quer. Toda a clínica é voltada para esse processo de adequação do perfil para carreiras dentro da Segurança Pública”, acrescenta Soares.

Na foto Letícia Amorim Amaral Soares e Juliane Carla Lopes
Na foto Letícia Amorim Amaral Soares e Juliane Carla Lopes Reprodução/ Arquivo pessoal

O atendimento na clínica é personalizado para cada indivíduo, para que o concurseiro possa trabalhar exatamente o aspecto necessário para desenvolver e sustentar a carreira que almeja. “Aqui é o lugar para ter liberdade de ser vulnerável. Trabalhamos muito o controle emocional e a modulação de comportamento. Se a pessoa não tiver controle das emoções dela, ela não aguenta sustentar aquilo que ela quer”, descreve. 

Sinônimo de vitória

A decoração curiosa na entrada da clínica, então, surgiu para simbolizar as vitórias dos concurseiros. “É um trabalho difícil. De cada 100 recursos que recebemos, conseguimos reverter cerca de cinco. Para nós é uma conquista e tanto. Então tivemos a ideia de criar as fitinhas para os nossos clientes que passaram por algum processo dentro da clínica e foram bem-sucedidos”, confessa Letícia, que morou um tempo na França e se inspirou na ponte dos cadeados em Paris e nas fitas do Bonfim.

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Entre sessões de controle da ansiedade e o desenvolvimento de técnicas para enfrentar a pressão das provas, o ritual das fitinhas se tornou tradição. “A prática começou em 2023. Os candidatos colocam o nome deles, colocam o concurso que estão tentando, ou uma frase. É sempre um ritual - eles escolhem uma música que represente o momento e o local na nossa fachada onde querem colocar a fita. Isso fica eternizado, como um momento de superação e conquista. É a simbologia de um sonho realizado”, afirma Soares. Segundo a sócia, a julgar pelo emaranhado vibrante de cores, cerca de 4 mil clientes já cumpriram a tradição.

*Estagiária sob a supervisão do subeditor Humberto Santos

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