Motoboys de app suspendem paralisação, mas adotam restrições nas entregas
Até reunião no dia 9 de abril, motoboys de aplicativos vão adotar restrições nas entregas
compartilhe
Siga noNos dias 31 de março e 1º de abril, a população de mais de cem cidades de todos os estados brasileiros sentiram os impactos da paralisação dos entregadores de aplicativos, o chamado Breque Nacional dos Apps 2025. Apesar do retorno das entregas, a busca por melhores condições de trabalho segue em curso.
O Comando Nacional do Breque divulgou nesta quarta-feira (2/4) que uma Plenária Geral dos Entregadores acontecerá em 9 de abril para avaliar os impactos da paralisação e decidir os próximos passos. Até lá, os entregadores seguirão fazendo pressão nas plataformas com as seguintes ações:
-
Motoboys devem rejeitar corridas abaixo de R$ 8,00
-
Entregadores de bicicleta devem rejeitar pedidos acima de 3 km
-
Todos devem rejeitar pedidos agrupados
-
Realizar paralisações pontuais que serão comunicadas com algumas horas de antecedência
Leia Mais
Segundo o comando, o breque teve grande impacto para as plataformas e os consumidores: "Em diversos estados, restaurantes relataram quedas de até 100% nos pedidos via delivery, usuários enfrentaram atrasos de horas, e grandes centros registraram apagões de entregadores, mostrando a força da categoria quando decide parar".
Ainda de acordo com a organização nacional, nenhuma das empresas de aplicativo se pronunciou sobre a paralisação ou buscou diálogo com os trabalhadores, causando indignação na categoria.
Breque nacional
Motoboys que prestam serviço às plataformas iFood, Uber e 99 fizeram uma paralisação nacional nesta segunda (31/3) e terça-feira (1º/4) pela valorização da categoria. "O iFood, a Uber e a 99 arrecadam mais de 7 bilhões por ano em cima dos motoqueiros, mas não escutam a gente. Estamos aqui pedindo voz e respeito", afirmou Vanessa Barbosa Muniz, que presta serviço para a plataforma há sete anos em Belo Horizonte.
Os entregadores pedem um reajuste na taxa mínima das corridas que, segundo eles, não tem aumento há três anos. A categoria também defende o pagamento mínimo de R$ 10 por entrega de até 4 km, com acréscimo de R$ 2,50 por quilômetro extra. Além disso, exige o fim das rotas duplas, prática em que o aplicativo agrupa pedidos, mas paga apenas por uma entrega. Outra reivindicação é que os motoboys sejam chamados para retirar as mercadorias apenas quando os pedidos estiverem prontos, evitando a espera sem remuneração.
Felipe Zuppo explica que, para um motoboy trabalhar, existe investimento em um bom celular, em uma moto e na manutenção dela, além de gastos com taxas como IPVA e seguros.
“Tem todo um investimento que ninguém vê. Todo mundo só vê o motoboy ganhando dinheiro, mas para a gente fazer dinheiro, precisa investir. E isso tudo subiu nos últimos anos. Tudo sobe. Só nossa taxa que não”, expõe.
O outro lado
Sobre a paralisação nacional, o iFood afirmou, por meio de nota, que "respeita o direito à manifestação pacífica dos entregadores e está estudando a viabilidade de um reajuste para 2025". A empresa destacou aumentos nos ganhos dos entregadores nos últimos anos, como o reajuste de 13% no valor mínimo da rota em 2022 e a introdução de um adicional de R$ 3 por entrega extra em 2024. Também ressaltou que o ganho bruto por hora trabalhada é quatro vezes maior que o salário mínimo-hora nacional e que todos os entregadores têm acesso a seguro pessoal gratuito, planos de saúde e apoio jurídico e psicológico.
A empresa reforçou ainda a importância de respeitar o funcionamento dos estabelecimentos parceiros e garantir a livre circulação de funcionários e da população, conforme previsto na Constituição, sempre prezando por um ambiente seguro e livre de qualquer tipo de violência.
Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que responde pelas empresas Uber e 99, informou à reportagem que respeita o direito de manifestação e que suas empresas associadas mantêm canais de diálogo contínuo com os entregadores.
Sobre a remuneração dos profissionais, a Amobitec destacou que, de acordo com o último levantamento do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), a renda média de um entregador do setor cresceu 5% acima da inflação entre 2023 e 2024, chegando a R$ 31,33 por hora trabalhada.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia
Por fim, a nota informa que: "As empresas associadas da Amobitec apoiam a regulação do trabalho intermediado por plataformas digitais, visando a garantia de proteção social dos trabalhadores e segurança jurídica das atividades. Além disso, atuam dentro de modelos de negócio que buscam equilibrar as demandas dos entregadores, que geram renda com os aplicativos, e a situação econômica dos usuários, que buscam formas acessíveis para utilizar serviços de delivery."