MPMG denuncia ex-marido de biomédica por feminicídio
Miqueias Nunes de Oliveira, de 33 anos, foi esfaqueada dentro de sua clínica de estética em Itabirito. Vítima e suspeito estavam separados
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Siga noO Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ofereceu denúncia contra o caminhoneiro, de 42 anos, suspeito pela morte da biomédica Miqueias Nunes de Oliveira, de 33. O homem é acusado de feminicídio e posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, com a numeração raspada. Miqueia foi esfaqueada em 10 de março, dentro de uma clínica de estética em Itabirito, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
No documento, entregue à justiça, o promotor Eduardo Almeida da Silva ressalta que o denunciado matou a vítima por razões da condição do sexo feminino, em contexto de violência doméstica e familiar, e que o feminicídio foi cometido com recurso que dificultou a defesa da vítima, que foi surpreendida no ambiente de trabalho, em momento que havia outras pessoas no lugar.
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As investigações começaram logo após o crime. Segundo o delegado Wellington Faria, a equipe chegou ao local quando a vítima ainda estava caída ao chão, já morta, e o autor, ao seu lado, sujo de sangue e com um ferimento em um dos pulsos. Por meio da análise de câmeras de segurança, depoimentos prestados e perícia nos celulares, os policiais constataram que o indiciado teria mentido quanto à intenção de cometer suicídio, e que o intuito seria fugir, mesmo que tivesse conseguido atrair a vítima para o apartamento.
“O autor disse que matou a mulher e que tentou suicídio logo em seguida, mas essa não é a verdade apurada por nós. Isso só foi possível, graças à ação de uma das duas testemunhas que estavam no local no momento do crime”, conta o delegado.
Uma das testemunhas, que estava na clínica no momento do crime, saiu do local e correu até a delegacia para pedir ajuda. “A outra testemunha saiu da casa e, assim que chegou à rua, fechou o portão, que ficou trancado, o que derruba a teoria do autor, pois ele tentou, sim, fugir. Ao encontrar o portão fechado, não tinha mais como sair do local, e então cortou o pulso, atingindo os tendões, deitando-se ao lado da ex-mulher", afirma o delegado.
Segundo o delegado Gabriel Araújo, o crime foi premeditado. "Tanto que ele não adquiriu uma arma legal, adquiriu uma com numeração raspada. Ele não queria deixar vestígio, não queria deixar rastros, queria dificultar toda e qualquer investigação. Ele é caminhoneiro, iria ‘ganhar’ o Brasil e sumir", detalhou Araújo.
"A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva, e ele se encontra ainda internado no hospital, sob escolta policial", concluiu Faria.
A separação
Conforme o delegado responsável pelo inquérito, a decisão de se separar partiu de Miqueias, que descobriu, ao vasculhar o celular do suspeito, que tinha sido traída por ele, que teve um relacionamento com uma ex-namorada. “Ela tomou, então, a decisão de terminar”, conta o delegado. Segundo a polícia, isso aconteceu em dezembro e o homem não aceitava o rompimento e assediou Miqueias várias vezes, inclusive, fazendo ameaças de morte.
“O caminhoneiro havia planejado matar a ex. Primeiro, tentou levá-la ao apartamento onde viveram. Lá, tinha uma arma, uma pistola 9 mm com a numeração raspada, e que foi apreendida por nós. Como não conseguiu convencê-la, resolveu ir à clínica e tinha em seu poder um canivete, de uso em pesca, que é maior, e que usou para matá-la”, conta o delegado Wellington.
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A crueldade do crime chama a atenção do delegado. “Ele desferiu nove golpes, a maioria atingiu o coração e o pulmão. Ela teve morte instantânea”, contou. Outros detalhes levam à conclusão de que o crime tenha sido planejado, uma vez que o homem disse para amigos do casal e parentes dela que se mataria se Miqueias não voltasse para ele.
A polícia revelou, ainda, que havia uma combinação entre o casal, de que eles comprariam, em comum acordo, um outro apartamento, para que cada um tivesse a sua casa. O caso será entregue à Justiça.