Prefeito de Sabará: "A gente tem de mostrar o que temos de bom"
Militar aponta como uma de suas prioridades atrair investimentos de turismo para a cidade da Grande BH
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Siga noA abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato do transporte público de Sabará, na Grande BH, é apenas uma entre as diversas frentes de trabalho que o Sargento Rodolfo (Republicanos) deu início desde a posse, há pouco mais de três meses. Em conversa com o jornalista Ricardo Carlini, o militar detalhou quais são as prioridades da sua gestão, influenciadas, como diz, pelos seus 21 anos de experiência servindo à Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). No rol dos seus objetivos, o prefeito destaca o desejo de “mostrar Sabará para o mundo” e fazer com que a cidade receba mais oportunidades de turismo e de negócios, assim como as também históricas Ouro Preto, Mariana e Tiradentes.
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Em entrevista ao EM Minas, que foi ao ar na noite de ontem, na TV Alterosa, e está disponível no canal do YouTube do Portal Uai, Sargento Rodolfo detalhou como pretende solucionar outros impasses em áreas importantes para os sabaraense, como segurança pública, estradas e mitigação das enchentes. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Os principais problemas das cidades do Brasil são de segurança pública. Como militar, você tem mais facilidade de buscar uma solução?
Acaba que a gente, como militar, tem uma noção do que é necessário e do que conseguimos realizar enquanto prefeito. [A segurança pública] é um dos principais problemas, e está dentro daquela tríplice de saúde, educação e segurança. O fortalecimento da Guarda Municipal vai começar agora. Já houve o concurso e vamos colocar 44 novos guardas na cidade, num total de 80 que queremos ter. E vamos remodelar as estratégias, para a população ter a visibilidade do guarda municipal mais presente no dia a dia.
Recentemente, você e o prefeito Álvaro Damião, de Belo Horizonte, resolveram aquela herança do Castanheiras, da estrada de terra. Não é um trecho muito grande, mas uma cidade empurrava para a outra, e vocês chegaram em um acordo. Como estão os trabalhos?
Está passando a fresa, o que, pelo menos nesse início, já acaba com aquela poeira que era sistemática. Eles brincavam sobre a poeirinha do ônibus 9030, que ficou famoso por rodar cheio de poeira. E, antigamente, era um empurra-empurra. BH mandava para Sabará, que mandava para BH. E aí nós entramos num consenso. A gente está ali para resolver problemas, e é em conjunto que a gente faz isso. BH veio com o material e Sabará com a mão-de-obra, que está a todo vapor.
Há outra situação parecida com isso em Nova Lima...
Sim, temos a chamada Estrada Velha de Nova Lima. Ali tem 10 anos que anunciaram que asfaltou, depois anunciou que asfaltou de novo, e nada. Eu e o João Marcelo [prefeito de Nova Lima] estamos conversando e, daqui a pouco, teremos uma notícia boa sobre isso. A estrada foi municipalizada e, depois que acabarem as obras, voltará a ser competência do estado. A municipalização foi para facilitar aos prefeitos agirem mais rapidamente. Ali a gente vai conseguir fazer [o asfaltamento].
Sabará tem um dos maiores tesouros religiosos do nosso estado, um patrimônio histórico maravilhoso. O que vocês estão oferecendo para os munícipes e para os turistas, que estão indo para a cidade a partir deste domingo?
A Semana Santa é muito tradicional em Sabará. Por ser a cidade histórica mais próxima da capital, tem uma grande possibilidade de angariar turistas. Nós temos uma comissão montada para a Semana Santa. E nós temos três pontos cruciais que acontecem em Sabará. O primeiro é a Matraca, de quinta-feira para sexta, sendo que somos uma das poucas cidades que ainda mantêm esta tradição. O outro ponto é a procissão e a encenação da Sexta-feira da Paixão, no Centro Histórico. E tem, em General Carneiro, a encenação da ressurreição.
Este ano, a gente está na rota do estado da Semana Santa. Isso favorece muito cidades históricas, como a nossa, a receber público que vem do exterior e de outros estados. Sabará é uma das únicas cidades históricas que têm todas as fases do barroco. Temos um patrimônio histórico e cultural fortíssimo, e precisamos difundir isso para as pessoas. Acaba que [a atenção] fica muito em Ouro Preto, Mariana e Tiradentes. E Sabará ficou muito tempo perdida. A gente tem de mostrar o que temos de bom, de cultura, de arte e de patrimônio histórico.
A cidade tem rede hoteleira para receber esses turistas, ou o pessoal fica na capital e vai para lá?
Nesse primeiro momento, a gente não tem rede hoteleira. Tinha um hotel que fechou e virou sala comercial. Isso é para se ter uma ideia do tanto que a gente tinha problema por não cuidarem do turismo. Temos três pousadas que ainda se mantêm vivas, mas, meio que, digamos, cambaleando. Temos que reestruturar a nossa rede hoteleira.
Estive em uma feira de turismo mês passado e perguntei para o dono da (rede de hotéis) Vila Galé: ‘Sabará é mais perto da capital, é mais perto do aeroporto, é perto de tudo, por que você foi (abrir unidade) em Ouro Preto?’. E ele falou assim: ‘Onde que é Sabará?’. Isso me chamou muita atenção. Eles não conhecem Sabará. A gente precisa mostrar Sabará para o mundo.
Como está a questão do Museu do Ouro e da Casa Borba Gato, que estavam num processo junto ao Governo Federal para restaurar e abrir?
O Museu do Ouro fechou durante a pandemia, reabriu por cerca de seis meses e fechou, de novo, por uma questão de risco estrutural. É um patrimônio também da cidade que temos que trazer de volta. Nós temos o Solar, que é a antiga prefeitura, e pensamos em levar o acervo para lá até o Governo Federal providenciar as obras. A gente não podia deixar mais fechado.
Chamamos o pessoal lá do museu, entramos num consenso, e nós vamos ceder o espaço para que eles levem as obras e para continuar a visitação. A Casa Borba Gato também entra, porque é um anexo do museu.
Muitas peças sacras foram furtadas ao longo do tempo em Sabará – o mesmo ocorreu em Ouro Preto e Mariana. E destaca-se aqui o trabalho do Ministério Público, que nos últimos anos tem recuperado muitas. Existe trabalho de policiamento ou de monitoramento para segurar esse acervo sacro-histórico?
Existe, isso está no nosso radar. Antigamente tinha um olho vivo, que era uma câmera só, na área central, que ficou 10 anos parado. Já estamos em contato e fazendo esse processo de entender as tecnologias que temos hoje, tanto na questão do acervo histórico, como também na entrada e saída da cidade. Em parceria, por exemplo, com a Polícia Militar, do Hélios, que é um sistema muito bom, que verifica se o veículo é furtado, roubado ou clonado. Essa parceria vamos fazer também.
E as enchentes, que ocorrem quando os rios enchem, especialmente nas chuvas do começo do ano? Tem algum projeto nesse sentido?
Nós vamos desassorear os dois rios, o Sabará e o Rio das Velhas. São 20 quilômetros de extensão, uma obra nunca feita na história. Nós temos, hoje, cerca de 10 mil famílias que são impactadas diretamente, e isso vai trazer um conforto muito maior para elas. Nós somos a segunda cidade de Minas, só depois de BH, a aderir ao Defesa Civil Alerta. Quando tem um alerta severo, o pessoal recebe uma mensagem no celular. E a gente colocou o monitoramento em tempo real, pelo YouTube, do Rio das Velhas. O que acontecia antes? Começava a chover e o pessoal, no WhatsApp, compartilhava vídeos antigos, aí todo mundo começava a ficar nervoso, ansioso. Agora não.
E sobre o transporte coletivo? Diz-se que o contrato é antigo, o que não é diferente da maioria das cidades em Minas, e que você bateu de frente, mandou abrir uma CPI para o transporte e os contratos das empresas de ônibus. Que história é essa?
Ano passado, ainda enquanto candidato, [a antiga gestão] renovou por mais 20 anos a concessão do transporte público. Já tinham 20 anos de ação e renovaram por mais 20, sem licitação e sem audiência pública. A gente verificou possíveis irregularidades, fizemos uma ação popular, ainda candidato, e impetramos isso na Justiça. Quando a gente assumiu a gestão, perguntamos (à concessionária) o quanto estão gastando, pedimos o documento para entender o contexto, e eles protocolaram no dia 1º de abril. Poucas horas depois, publicaram na rede social, sem notificarem a prefeitura, que iam reduzir as linhas e os ônibus da cidade - que só tem 14 veículos para 64 bairros. Ou seja, jogaram isso para a população pressionar a prefeitura a dar o subsídio para eles. Só que aqui não tem chantagem. Então, fizemos a solicitação de abertura da CPI, que já foi votada e instaurada.
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É preciso entender que, se tiver irregularidades, tem que ser cortado o contrato. Se identificou o problema, o que eles (antiga gestão) fizeram foi ato nulo, porque houve vício. Então, se abre nova licitação, as empresas que vierem têm que prestar um ótimo serviço, verificar a questão do valor e a quantidade de linhas e de ônibus.
O EM Minas é uma parceria entre a TV Alterosa, o jornal Estado de Minas e o Portal Uai. O programa vai ao ar aos sábados, a partir das 19h30, simultaneamente na televisão e no YouTube (youtube.com/portaluai). A versão online tem um bloco exclusivo.