Dez são indiciados por morte brutal de caminhoneiro em Minas
Sebastião Felipe foi espancado e atropelado após discussão em boate. Dono e funcionários também foram denunciados por omissão
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Siga noO Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou, nesta segunda-feira (14/4), 10 pessoas pelo homicídio do caminhoneiro Sebastião Felipe Ladeira, espancado até a morte na madrugada de 23 de março nas imediações da boate Madeira’s, no Bairro Aeroporto, em Juiz de Fora, Zona da Mata mineira. A denúncia inclui seis pessoas por participação direta no crime e quatro por omissão, entre elas o proprietário do estabelecimento e três seguranças.
Segundo a promotoria, o crime teve início após uma discussão dentro da boate entre Sebastião Felipe e um dos denunciados, Itamar Júnior. A vítima tentou fugir, mas foi perseguida por Yago Natã Delibero, que também responde criminalmente.
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De acordo com a denúncia, Sebastião tentou pular um muro para se esconder, mas não conseguiu. Na sequência, Lucas Toledo chegou ao local em um carro branco. Conforme o MP, os dois tentaram colocar a vítima no porta-malas. Durante essa tentativa, Lucas teria dito que jogaria o corpo de Sebastião Felipe na BR.
Logo depois, outros envolvidos chegaram: Itamar, Yhan, Ricardo, além do dono do Madeiras, Victor, e os seguranças João Pedro, João Carlos e Rafael. Ainda conforme o Ministério Público, Itamar, Yhan e Ricardo chutaram Sebastião Felipe já caído e sem chances de se defender.
A denúncia descreve também que Fabiano passou com a caminhonete Ranger sobre o corpo da vítima, contribuindo para a brutalidade do crime. Após os atos de violência, nenhum dos envolvidos prestou socorro. Alguns, inclusive, voltaram para a boate como se nada tivesse acontecido.
Para o MP, a omissão do dono do Madeira's e dos seguranças — que estavam presentes no local — foi tão grave quanto os atos diretos de agressão. Eles teriam causado o mesmo efeito de quem matou, aponta o órgão.
Assim, foram denunciados por homicídio qualificado na modalidade ação direta:
Itamar Bisaggio Júnior
Lucas Dias Nascimento Toledo
Yago Natã Delibero de Carvalho
Yhan Damas Galvão
Ricardo Venturini Matozinhos Matos
Fabiano Marques Lima
E por homicídio qualificado na modalidade omissão:
Victor Oliveira Assis Moreira (dono do Madeiras)
João Pedro Lopes da Silva Souto (funcionário)
João Carlos de Oliveira (funcionário)
Rafael Jefferson de Souza Venâncio (funcionário)
Do total de denunciados, apenas Yago e Lucas respondem em liberdade. Os demais permanecem presos preventivamente.
Além da responsabilização penal, o Ministério Público também solicitou que os acusados paguem indenização de R$ 300 mil à família da vítima por danos morais.
Polícia Civil também indicia os dez envolvidos
Paralelamente, a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio da Delegacia Especializada de Homicídios de Juiz de Fora, concluiu as investigações e também indiciou os dez envolvidos por homicídio qualificado consumado, conforme o artigo 121 do Código Penal.
"Após minuciosa apuração, com análise de imagens de segurança, oitivas de testemunhas e demais elementos técnicos", a PC detalhou que a vítima foi brutalmente agredida mesmo já inconsciente e, em seguida, atropelada, sem qualquer tentativa de socorro.
O inquérito foi finalizado na sexta-feira (11), e agora cabe à Justiça decidir se aceita ou não a denúncia apresentada pelo MP. A defesa dos investigados ainda não se manifestou oficialmente. O espaço segue aberto para posicionamento.