Samhain e a relação entre vivos e mortos
Essa celebração não estava apenas associada à vida, mas à morte. Nesse estágio, uma espécie de véu “se abre”, permitindo a passagem da alma. Durante a celebração do Samhain, surge o momento certo para entrar em contato com pessoas que já haviam falecido. Esse é um período para agradecer por tudo o que recebeu no último ano, e refletir sobre coisas, situações e pessoas que se foram — honrando especialmente seus ancestrais e entes queridos que passaram para o outro lado. O Samhain é reconhecido como uma época em que esse véu que separa o mundo dos vivos e dos mortos se torna mais fino, permitindo que aqueles que partiram pudessem se mover mais facilmente para o reino dos vivos. Longe de ser um conceito assustador, acreditava-se que nesse período, os entes desencarnados poderiam fazer visitas, e era costume preparar tanto as refeições favoritas dessas pessoas como guloseimas para os espíritos. No entanto, se alguém prejudicou algum desses espíritos em vida, este poderia voltar em busca de uma compensação — e, assim, o uso de máscaras era muito comum durante a celebração, para que as pessoas não fossem reconhecidas. Como o mundo espiritual é habitado por todos os tipos de seres, além das almas dos mortos, acreditava-se que durante o Samhain, mortais poderiam ser seduzidos e/ou sequestrados. Também era preciso ter cuidado ao viajar à noite, quando os poderes dessa data se tornavam mais potentes. Nesses casos, muitas pessoas optavam por usar máscaras e trajes a fim de se protegerem dessas entidades.Celebrações e brincadeiras do Samhain
Segundo a tradição, a festividade incluía erguer altares e colocar comida sobre eles, como bolos, doces e ponche, posicionando-os em frente às portas das casas. O não cumprimento desses rituais também poderia irritar os espíritos e causar problemas. Os celtas também costumavam acender uma grande fogueira e, na companhia de seus familiares e animais, circulavam em torno dela. As fogueiras do Dia das Bruxas e as práticas da chamada “noite de travessuras”, como conhecemos atualmente, também eram encontradas durante o Samhain. Como se acreditava que o mundo teve início no caos e só depois foi ordenado pelas forças divinas, fazia sentido que, em uma noite em que o véu estivesse mais fino entre o plano físico e espiritual, o mundo pudesse voltar ao caos. As brincadeiras realizadas na noite anterior à celebração do Samhain simbolizavam o caos, enquanto a retificação dessas travessuras no dia seguindo significava a restauração da ordem. Da mesma forma, as fogueiras simbolizaram o triunfo da luz e da ordem sobre a escuridão. Fogueiras ainda são acessas nessa data em locais como Irlanda, Escócia e Grã-Bretanha durante o Samhain, em reconhecimento a esse mesmo conceito.Curiosidades
O Samhain foi considerado um feriado pagão, mas essa determinação foi eliminada após o aparecimento do cristianismo — que considerava a prática bruxaria ou pertencente a seitas. Anos depois, a religião católica passou se identificar com a celebração celta, e o vinculou ao Dia de Todos os Santos e ao Dia de Finados. O mundo anglo-saxão também absorveu essa tradição, por meio do Dia das Bruxas, data de grande importância nos Estados Unidos. Na Inglaterra, a celebração conhecida como “Guy Fawkes” também foi adotada, na qual fogueiras são acesas e fogos de artifício são lançados.Saiba mais: