A Polícia Federal deflagrou uma operação nesta quarta-feira (8) para prevenir atos terroristas no país, com a prisão de duas pessoas. A Operação Trapiche, segundo a PF, tem como objetivo "interromper atos preparatórios de terrorismo para ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil". Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Minas Gerais.

Não foram divulgados nomes dos detidos nem as cidades onde os mandados foram cumpridos. Um deles foi preso no aeroporto de Guarulhos, quando chegava do Líbano.

De acordo com o apurado pela Folha de S.Paulo, o planejamento envolveu recrutados pelo Hezbollah, grupo islâmico xiita que atua no Líbano. O Hezbollah recebe financiamento do Irã e, na guerra atual entre Israel e o Hamas, é aliado do grupo palestino, tendo inclusive atacado partes do território israelense.

A operação ocorreu nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal e, além de dois mandados de prisão temporária, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Subseção Judiciária de Belo Horizonte. Segundo a Justiça, a operação corre em sigilo e não serão fornecidas, por enquanto, mais informações sobre as investigações.

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Um policial ouvido pela reportagem da BBC Brasil reforçou que os suspeitos são financiados pelo Hezbollah e planejavam fazer ataques contra a comunidade judaica no Brasil.

Os recrutadores e recrutados responderão pelos crimes de constituir ou integrar organização terroristas e de realizar atos preparatórios de terrorismo, cujas penas máximas, se somadas, chegam a 15 anos e 6 meses de reclusão.

Os crimes previstos na Lei de Terrorismo se configuram hediondos, considerados inafiançáveis, insuscetíveis de graça, anistia ou indulto, e o cumprimento da pena para esses crimes se dá inicialmente em regime fechado independentemente de transito em julgado da condenação. 

O que é o Hezbollah?

O Hezbollah - cujo nome significa "partido de Deus" - é um partido político islâmico xiita que tem um braço paramilitar apoiado pelo Irã e exerce grande poder no Líbano. Desde 1992, é liderado por Hassan Nasrallah e tornou-se a força militar mais poderosa da nação árabe.

O grupo também ganhou gradualmente influência no sistema político do Líbano e tem poder de veto no Executivo do país.

O Hezbollah é considerado por alguns libaneses como uma ameaça à estabilidade do país, mas continua popular entre a comunidade xiita libanesa que representa.

Apesar de o Hezbollah defender uma corrente do Islã diferente da do Hamas, sendo o primeiro xiita e o segundo, sunita, os dois grupos convergem quanto ao desejo de destruir Israel.

Em nota, a Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp) informou que acompanha o andamento da Operação Trapiche  e "reitera seu compromisso com a segurança e bem-estar de toda a comunidade judaica". Informa ainda que está em contato com as autoridades policiais e com os agentes de inteligência, compartilhando informações e cooperando em todas as esferas.

"Nesse contexto, a Federação Israelita SP e o Departamento de Segurança Comunitário (DSC) desejam tranquilizar a comunidade judaica e reforçar sua posição de repúdio a qualquer forma de violência, intolerância religiosa ou discriminação."

Confira o balanço da operação:

Minas Gerais: 7 mandados de busca e apreensão cumpridos

Distrito Federal: 3 mandados de busca e apreensão cumpridos

São Paulo: 1 mandado de busca e apreensão e 2 mandados de prisão temporária cumpridos

 

*Com informações da Folhapress

 

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