Omer e Zemer Weiss lamentam morte de Yehudit Weiss, sequestrada pelos terroristas do Hamas  -  (crédito: JOHN MACDOUGALL / AFP)

Omer e Zemer Weiss lamentam morte de Yehudit Weiss, sequestrada pelos terroristas do Hamas

crédito: JOHN MACDOUGALL / AFP

Quando os combatentes do Hamas invadiram em 7 de outubro o kibutz em que Omer Weiss morava, no sul de Israel, mataram seu pai e sequestraram sua mãe. Na quinta-feira, o Exército de Israel informou que ela foi encontrada morta e seu mundo desabou novamente.

Yehudit Weiss, 65 anos, estava entre os quase 240 reféns tomados pelos milicianos islamistas em seu ataque e que foram levados para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelenses.

Depois que sua casa no kibutz de Beeri foi destruída no ataque, Weiss, a esposa e sua pequena filha passaram a morar com amigos na cidade costeira de Netanya.

"Os militares bateram na porta e eu entendi imediatamente", declarou à AFP, sem conter as lágrimas.

"Eles entregaram o aviso e o mundo desabou pela segunda vez".

Esta não foi a primeira que bateram em sua porta. Há cinco semanas, as autoridades compareceram para informar que seu pai Shmulik estava morto.

Israel iniciou há seis semanas uma grande ofensiva na Faixa de Gaza para eliminar o movimento islamista, que controla o território, e resgatar os reféns, que incluem um bebê, dezenas de crianças, várias mulheres e idosos.

Na quinta-feira à noite, o Exército anunciou que encontrou o corpo de Yehudit Weiss perto do hospital Al Shifa da cidade de Gaza e afirmou que ela foi assassinada por combatentes islamistas.

O kibutz onde ela morava fica a apenas quatro quilômetros da fronteira de Gaza e foi destruído pelo ataque: 85 residentes morreram e 30 foram levados como reféns para Gaza ou são considerados desaparecidos.

No ataque de 7 de outubro, o mais letal da história de Israel, os combatentes do Hamas mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

A ofensiva israelense contra Gaza provocou mais de 12.000 mortes, incluindo 5.000 menores de idade, afirma o Ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas.

- "Roleta russa" -

Weiss, que trabalha na gráfica do kibutz, afirma que ele e sua família sobreviveram ao massacre apenas porque os combatentes do Hamas não seguiram até sua casa.

Ele disse que foi como um jogo de "roleta russa. Meus pais tiveram azar e nós tivemos sorte".

Ele e sua mulher, ao lado da filha de dois anos, abriram caminho até um ônibus lotado e conseguiram escapar. Mas Weiss não esquece as imagens de sua fuga.

"Carros queimados com corpos dentro e muitos corpos espalhados pela estrada", disse à AFP.

O ônibus, explica, chegou a passar por cima de alguns cadáveres. "Era a única maneira de sair".

Depois de receber a notícia da morte do pai, um mecânico de 65 anos, Weiss e os irmãos se agarravam à esperança de ver a mãe novamente.

"Ainda tínhamos a esperança de que mamãe voltaria e poderíamos chorar por meu pai juntos", disse.

Desde 7 de outubro, ele, assim como as outras famílias dos reféns levados para Gaza, não receberam notícias. "Nós suportamos 40 dias sem nenhuma informação sobre mamãe", lamenta.

O funeral da sua mãe, uma ex-enfermeira, acontecerá no domingo (19) perto de Netanya, onde ela será sepultada ao lado do pai em túmulo temporário.

Os filhos do casal esperam que um dia consigam sepultá-los em Beeri, se o kibutz for reconstruído.

Mas antes, Omer espera que os reféns sejam resgatados.

"Nossos corações estão com as famílias dos sequestrados", declarou.

"Procuramos ajuda da Cruz Vermelha, dos Médicos Sem Fronteiras, de organizações dos direitos humanos", disse. Ele também escreveu ao Exército, ao governo de Israel e para representantes da União Europeia e dos Estados Unidos.

"Ninguém nos respondeu".