Depois de 49 dias sob o poder do Hamas, 13 reféns sequestrados em solo israelense foram libertados pelo grupo nesta sexta-feira (24/11), por volta das 16h30 do horário local (11h30 em Brasília). Meia hora depois, chegaram à passagem de Rafah, no Egito, de onde seguem para Israel.

 

O grupo é o primeiro a ser solto graças a um acordo firmado entre o grupo terrorista e Israel esta semana. Espera-se que, até a segunda-feira (27/11), ao menos dez reféns, todos mulheres e menores de 19 anos, sejam libertados por dia, de modo que ao final do cessar-fogo de quatro dias, 50 reféns tenham sido soltos.



É possível que esse número seja ainda maior, uma vez que Tel Aviv se propôs a estender a trégua por mais 24 horas a cada novo grupo de dez reféns que os terroristas libertarem. Mesmo assim, ele não chega ao total de cerca de 240 pessoas capturadas pela facção terrorista palestina em sua sangrenta incursão ao solo israelense de 7 de outubro. O atentado, batizado de "sábado negro" pela imprensa local, deixou 1.200 mortos e serviu de estopim para os enfrentamentos entre Tel Aviv e em Gaza.

A contrapartida para a saída dos reféns de Gaza é a soltura de 150 mulheres e menores de 19 anos palestinos atualmente detidos em presídios israelenses. Israel confirmou a soltura de 39 deles nesta sexta, e à tarde já havia registros de alguns deles sendo retirados de penitenciárias israelenses e embarcando em ônibus rumo à Cisjordânia.

 

Uma multidão os aguarda em frente a Ofer, uma unidade carcerária na região, para celebrar seu retorno. Vídeos que não puderam ser verificados de forma independente mostram forças de Tel Aviv lançando gás lacrimogêneo sobre o grupo, que inclui parentes dos detidos, habitantes locais e jornalistas.

 

Além disso, a rede qatari Al Jazeera reportou que agentes de segurança israelenses cercaram a área no entorno da residência de um dos palestinos que serão soltos para prevenir a formação de aglomerações, além de ameaçar um jornalista da emissora ao proibi-lo de filmar a situação.

 

Outros veículos afirmam que tanto policiais quanto soldados israelenses têm feito o mesmo em outros locais para evitar uma "imagem de vitória" palestina.

 

As operações ocorreram ao mesmo tempo em que um outro acordo, paralelo às negociações entre Israel e o Hamas, foi anunciado. Também nesta sexta, pouco antes da chegada dos reféns israelenses a Rafah, o Egito afirmou que os terroristas concordaram em soltar mais 12 reféns, todos eles homens tailandeses. Bangkok diz acreditar que 26 nacionais do país tenham sido sequestrados nos atentados de outubro.

Ao final, porém, só dez deles chegaram ao lado egípcio da fronteira, além de um filipino. Eles são exemplos da grande quantidade de estrangeiros ou portadores de dupla nacionalidade sequestrados nos ataques do Hamas, correspondendo a quase metade do total de reféns.

 

Uma multidão os aguarda em frente a Ofer, uma unidade carcerária na região, para celebrar seu retorno. Vídeos que não puderam ser verificados de forma independente mostram forças de Tel Aviv lançando gás lacrimogêneo sobre o grupo, que inclui parentes dos detidos, habitantes locais e jornalistas.

 

Enquanto isso, os 13 reféns israelenses soltos no primeiro dia da trégua foram inicialmente acolhidos por uma equipe da Cruz Vermelha e encaminhado a um hospital em Khan Yunis, no sul de Gaza, para que suas condições de saúde fossem verificadas.

 

Em seguida, foram levados para o lado egípcio da fronteira e entregues ao serviço secreto israelense, o Shin Bet. Desse total, 12 são do kibutz de Nir Oz, próximo à Gaza. Cerca de 75 moradores do local foram sequestrados no 7 de outubro, incluindo 13 crianças.

 

"A dor profunda que familiares separados de seus entes queridos sentem é indescritível. Estamos aliviados que alguns deles estarão juntos de novo depois de uma longa agonia," afirmou Fabrizio Carboni, diretor regional para o Oriente Próximo e Médio da Cruz Vermelha.

Embora se limite a um período relativamente curto, a trégua acordada esta semana por Israel e Hamas representa uma esperança em relação a uma possibilidade de diálogo entre eles ?mesmo que ambas já tenham garantido que pretendem prosseguir com os enfrentamentos assim que a "pausa humanitária", como os terroristas se referem ao dias sem combates, chegarem ao fim.

 

Foi o caso do ministro da Defesa israelense, que afirmou nesta sexta que o país retomará as atividades em Gaza "com força militar total" após o término do cessar-fogo.

 

Antes do acordo, apenas outros quatro reféns tinham sido libertados. Em 20 de outubro, duas mulheres americanas foram soltas. Depois, no dia 23, foi a vez de mais duas mulheres, ambas israelenses idosas.

 

O cessar-fogo ainda promete um respiro temporário para o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. Manifestantes vinham pressionando seu governo com protestos quase diários, acusando-o de deixar a situação dos reféns em segundo plano frente ao êxito militar na Faixa de Gaza.

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