A escalada na tensão entre Venezuela e Guiana ficou sob os holofotes na última semana, em especial para os países da América Latina. Entretanto, a disputa pelo Essequibo, território atualmente pertencente ao governo guianense, remonta até o século XIX, período de colonização das américas.
Essequibo compreende uma área de 159 mil km², o que corresponde a cerca de 70% do território da Guiana. Além disso, a área é conhecida por suas riquezas em ouro, diamantes e, mais recentemente, petróleo. Em 2015 foram encontradas reservas de petróleo equivalentes a 11 bilhões de barris, sendo grande parte "offshore", ou seja, no mar.
Território em disputa
O Império Espanhol fundou a Capitania Geral da Venezuela em 1777, que abrangia a região de Essequibo. Em 1811 a Venezuela se torna independente da Espanha e, três anos depois, o Reino Unido e a Holanda estabelecem um acordo que passava a posse de cerca de 51.700 km² para o império britânico e criava a Guiana Inglesa, sem estabelecer o limite do território a Oeste.
A não definição da fronteira ocidental faz com que a Venezuela entre em conflito com o Império Britânico pela primeira vez em 1841 e, desde então, a região tem sido um território em disputa. A primeira intervenção internacional foi em 1899 quando a Sentença Arbitral de Paris emitiu uma decisão favorável ao Reino Unido.
Em 1966, Reino Unido e Venezuela assinaram o Acordo de Genebra, que reconhece o território como venezuelano. Três meses depois a Guiana conquista a independência do império britânico, sem reconhecer o parecer da ex-metrópole.
A disputa ficou em segundo plano, voltando à tona em 2015 após a descoberta das reservas de petróleo no território. O auge da pressão venezuelana atual aconteceu no dia 3 de dezembro, quando o governo de Caracas realizou um plebiscito para a anexação de Essequibo e concessão de cidadania e documento de identidade aos mais de 120 mil guianenses que vivem no território. Como resultado, 95,93% dos venezuelanos aceitaram incorporar oficialmente o Essequibo.
Os países envolvidos aguardam a próxima quinta-feira (14/12) para negociações em São Vicente Granadina, que contará com a participação do governo brasileiro, para uma tentativa de resolução pacífica para a questão.