O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, tentará desesperadamente, nesta terça-feira (12), em Washington, evitar que o Congresso dos Estados Unidos corte a ajuda militar vital para seu país.
Zelensky chegou ao Congresso por volta das 9h locais (11h no horário de Brasília) para falar com membros do Senado, a Câmara Alta nas mãos dos democratas do presidente Joe Biden.
Depois, fará o mesmo com os congressistas da Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos e bastante reticentes quanto a continuar apoiando a Ucrânia.
A Rússia, por sua vez, está bem consciente da erosão do apoio americano, em especial pelo fracasso neste verão (boreal) da contraofensiva ucraniana e, nesta terça, afirmou ter feito progressos "significativos" na região de Zaporizhzhia, no sul do país.
Moscou aposta em que "um impasse militar durante o inverno minará o apoio ocidental à Ucrânia", por isso, está "determinada a pressionar" em todas as frentes, advertiu a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Adrienne Watson.
É a terceira vez em um ano que Zelensky vai ao Capitólio de Washington, sede do Congresso - e, sem dúvida, sua visita "mais importante", nas palavras do líder democrata no Senado, Chuck Schumer.
O Congresso americano se comprometeu a desembolsar mais de US$ 110 bilhões (R$ 544,5 bilhões na cotação atual) desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022, mas não consegue chegar a acordo sobre o novo pacote solicitado por Biden de cerca de US$ 61 bilhões (R$ 301,9 bilhões na cotação atual), suficientes para resistir pelo menos até a eleição presidencial americana de 2024.
- "Putin e sua corja" -
Os democratas são a favor desse novo pacote. Os republicanos não se opõem completamente, mas exigem, em troca, mudanças importantes na política migratória americana.
Neste ponto, as discussões estão paralisadas.
O presidente Biden acompanhou seu pedido de ajuda à Ucrânia com um pacote de em torno de US$ 14 bilhões (R$ 69,3 bilhões na cotação atual) para Israel, atualmente em guerra com o movimento islamista palestino Hamas, na esperança de superar as reservas dos republicanos a respeito. Sem sucesso até agora.
O líder democrata receberá seu homólogo ucraniano no início da tarde na Casa Branca, antes de uma entrevista coletiva conjunta.
"Se há alguém que está feliz com estas questões não resolvidas no Capitólio, é Putin e sua corja doente", acusou Zelensky na segunda-feira (11).
Após a reunião com os senadores americanos, Zelensky deverá se reunir com o presidente da Câmara de Representantes.
Essa reunião com o republicano Mike Johnson é especialmente importante, porque acontece em um momento em que alguns congressistas de direita radical pedem o fim total da ajuda.
"Zelensky veio mendigar, e os 'belicistas' em Washington querem lhe dar ajuda ilimitada", criticou Marjorie Taylor Greene, representante deste movimento, na rede social X.
Em tese, o Congresso tem apenas até esta sexta-feira (17), quando começa o recesso do Legislativo, para chegar a um acordo.
A Casa Branca alertou que "ficará sem dinheiro" até o final do ano se nada for feito.
A Ucrânia teme que um impasse duradouro nos Estados Unidos também afete a ajuda militar europeia, apesar da chegada ao poder na Polônia de um novo governo, mais favorável a apoiar Kiev.
Hoje, o Kremlin disse que qualquer nova ajuda dos EUA está condenada a ser um "fiasco".
- Ofensiva maciça -
Enquanto isso, a Rússia pressiona cada vez mais no leste e no sul da Ucrânia.
Segundo os serviços de Inteligência americanos, isso se dá à custa de muitas baixas. Uma estimativa enviada por essas fontes à AFP fala em 13 mil soldados russos mortos, ou feridos, desde outubro e mais de 220 veículos perdidos na linha da frente de batalha entre Avdivka e Novopavlivka desde que a Rússia retomou seu ataque em outubro.
O Exército russo fez avanços "significativos" na região ucraniana de Zaporizhzhia, parcialmente ocupada, declarou o governador empossado por Moscou, Evgeny Balitsky, nesta terça-feira.
Há dois dias, os russos também lançaram uma "ofensiva maciça" em torno de Avdivka e Mariinka, na frente leste, afirmou Oleksandre Tarnavski, comandante ucraniano na zona, que garante que suas tropas mantêm suas posições.
A AFP não conseguiu verificar essas afirmações.
Moscou mantém seus ataques diários em toda a Ucrânia e é suspeita de estar por trás de uma "potente" ciberinvasão que paralisou a principal operadora de telefonia móvel da Ucrânia, a Kyivstar, de acordo com os serviços de segurança do país.
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