O presidente de Guiana, Irfaan Ali, negou nesta terça-feira (12) que a reunião de quinta-feira com seu contraparte venezuelano, Nicolás Maduro, abordará a disputa territorial centenária entre os dois países, insistindo que é um caso que deve ser resolvido na Corte Internacional de Justiça (CIJ).

"Já deixamos claro que a CIJ decidirá a controvérsia sobre as fronteiras entre a Guiana e a Venezuela. Nos mantemos firmes nesta questão e ela não está aberta a discussão", disse Ali nas redes sociais ao divulgar uma carta que enviou a Ralph Gonsalves, primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, anfitrião do encontro entre os chefes de Estado.

Citando um comunicado de 8 de dezembro passado dos chefes de Estado da Comunidade do Caribe (Caricom), a carta destaca que o encontro buscará "desescalar o conflito por meio de um diálogo apropriado" e "evitar o uso ou ameaça de uso da força".

"Tenho um mandato da Assembleia Nacional da Guiana, que foi unânime em sua decisão de que a controvérsia limítrofe não é um assunto de discussões bilaterais e que a questão está apropriadamente na Corte Internacional de Justiça", insiste Ali no documento.

A Venezuela não reconhece a jurisdição da CIJ no caso.

Esta é a segunda carta de Ali para Gonsalves, desta vez em resposta a uma comunicação enviada por Maduro na segunda-feira, na qual celebrava a reunião para "abordar diretamente a controvérsia territorial". O governante da Guiana se referiu a esse e outros pontos no documento de seu homólogo venezuelano como "imprecisões".

Promovida pela Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e Caricom, a reunião ocorre em meio a tensões pelo Essequibo, território de 160.000 km² rico em petróleo e recursos naturais administrado por Georgetown, mas reivindicado por Caracas, em uma disputa intensificada pela descoberta de depósitos de petróleo em águas disputadas pela ExxonMobil.

Maduro promoveu em 3 de dezembro passado um referendo consultivo no qual foi aprovada a criação de uma província venezuelana na região e a concessão de nacionalidade a seus habitantes. Ali levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU e intensificou os contatos com os Estados Unidos.

O presidente da Guiana também classificou como uma "afirmação enganosa" a denúncia do governo de Maduro sobre concessões petrolíferas da Guiana em uma "zona marítima ainda por delimitar".

"Todos os blocos petrolíferos estão localizados dentro das águas da Guiana", afirmou.

Maduro questionou o "envolvimento" dos Estados Unidos. "Qualquer alegação de que existe uma operação militar dirigida contra a Venezuela em qualquer parte do território da Guiana é falsa, enganosa e provocativa", respondeu Ali.

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