O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, pediu que se respeite a democracia na Guatemala e se permita que o opositor Bernardo Arévalo assuma o poder, pois, do contrário, pode se gerar uma "instabilidade política" nesse país com potencial para afetar seus vizinhos. 

Ao ser consultado em sua coletiva de imprensa matinal, López Obrador alertou sobre as possíveis consequências de se impedir a posse de Arévalo: "Se não se respeita a vontade do povo na Guatemala, pode-se gerar conflitos". 

"São nossos vizinhos, nossos irmãos, e não queremos que haja instabilidade política na Guatemala. É nossa fronteira sul", destacou o mandatário. 

Arévalo, um sociólogo de 65 anos que ganhou as eleições de 20 de agosto com 58% dos votos, deve assumir a Presidência em janeiro, mas o Ministério Público guatemalteco declarou "nulas" as eleições, alegando suspeita de irregularidades. 

O Tribunal Eleitoral do país centro-americano declarou, no entanto, que os resultados são "inalteráveis". 

"Por uma situação de resistência à mudança, de resistência à democracia, de falta de respeito à vontade dos guatemaltecos, estão colocando obstáculos para que não se realize a vontade dos cidadãos", acrescentou o presidente mexicano. 

López Obrador, que, em outras ocasiões, manifestou seu apoio ao social-democrata Arévalo, disse que não se trata de uma ação "intervencionista", mas sim de interesse por um país que é "vizinho, irmão". 

Os Estados Unidos, a União Europeia, a ONU e a Organização dos Estados Americanos (OEA) têm criticado sistematicamente as decisões do MP guatemalteco contra o político opositor. 

O presidente em final de mandato na Guatemala, Alejandro Giammattei, assegurou na terça-feira (12) que nada impede que Arévalo assuma o poder, mas também qualificou de "ingerência" a posição de Washington.

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