O Banco Central Europeu (BCE) prorrogou o "status quo" de suas taxas nesta quinta-feira (14), seguindo os passos de outros grandes bancos centrais, mas deixou no ar uma futura flexibilização monetária, à medida que a inflação desacelera. 

A principal taxa de juro que remunera os depósitos, que serve de referência para o crédito na zona do euro, mantém-se em seu nível historicamente elevado de 4,0%, atingido em setembro.

Fechando também nesta quinta-feira um ano agitado, o Banco da Inglaterra manteve sua taxa de referência inalterada em 5,25%, pela terceira vez consecutiva, considerando que as pressões inflacionárias persistiam e que suas taxas provavelmente permaneciam elevadas "por um período prolongado".

Embora o ciclo drástico de aumentos das taxas de juro pareça estar chegando ao fim para as principais instituições monetárias, coloca-se agora a questão sobre quando aliviar a pressão. 

"A desaceleração da inflação subjacente [exceto os preços voláteis da energia e de matérias-primas] continua" desde outubro, mas "as tensões sobre os preços continuam sustentadas, principalmente devido a um crescimento dinâmico dos custos unitários de mão de obra", afirma a instituição em seu comunicado. 

O BCE já não considera que a inflação vá "continuar demasiado forte durante um período muito longo", dada sua meta de 2%, de acordo com a fórmula que se repete desde setembro de 2022. 

O comunicado das decisões de política monetária não dá qualquer indício sobre uma futura flexibilização das taxas. 

Na quarta-feira (13), o Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) abriu o caminho com a decisão de manter o "status quo" pela terceira vez consecutiva. 

A instituição "discutiu um calendário de reduções das taxas”, comentou seu presidente, Jerome Powell. 

- Redução a partir de março? -

Apesar da notável queda da inflação na zona euro, a presidente do BCE, Christine Lagarde, advertiu hoje "para não baixarmos a guarda" e afirmou que o conselho de governadores "não discutiu a redução das taxas".

Lagarde mencionou, especialmente, os riscos inflacionários ligados aos "salários", os "riscos geopolíticos" e os "acontecimentos meteorológicos extremos" que podem fazer os preços subirem. 

Os mercados esperam uma primeira flexibilização entre março e abril do ano que vem. 

Os preços altos levaram a instituição europeia a adotar dez aumentos consecutivos nas suas taxas desde julho de 2022, até uma primeira pausa em outubro. 

A inflação na zona do euro caiu mais de quatro vezes desde o recorde de 10,6% alcançado em outubro de 2022, quando os efeitos da guerra na Ucrânia sobre os preços do gás e do petróleo foram plenamente sentidos. 

Em suas novas previsões de quinta-feira, a instituição monetária prevê uma alta de preços de 2,7% em 2024 - contra os 3,2% anteriores -; de 2,1%, em 2025; e de 1,9%,em 2026. As projeções de crescimento também foram revistas para baixo: para 0,8% em 2024 - ante 1% em setembro -, e 1,5%, em 2025 e em 2026. 

O endurecimento da política monetária produz efeitos cada vez mais visíveis na economia. O custo crescente do crédito pesa cada vez mais sobre as empresas e as famílias, afetando especialmente o setor imobiliário. 

- Aumento salarial -

O BCE quer manter as taxas de juro elevadas durante o tempo que for necessário, pois teme uma nova subida dos preços da energia em um contexto de tensões geopolíticas, especialmente no Oriente Médio. Também se preocupa com os aumentos salariais que podem alimentar uma alta nos preços. 

O BCE anunciou, ainda, que pretende acelerar a redução do tamanho do balanço, ainda saturado, de dívida adquirida durante os anos de inflação baixa e da covid-19. 

A instituição vai reinvestir apenas metade, cerca de 7,5 bilhões de euros por mês em média, a partir de julho de 2024, ou seja, seis meses antes do que o previsto, da dívida adquirida no âmbito do plano de emergência contra a pandemia lançado em 2020. 

Esses reinvestimentos serão interrompidos no final de 2024, segundo o comunicado. 

Outros bancos centrais decidiram, nesta quinta, manter sua trajetória monetária. 

O Banco Nacional da Suíça manteve a taxa básica em 1,75% e continua monitorando a inflação, que caiu para 1,4% em novembro no país. Já o Banco da Noruega concluiu que a inflação continua demasiado alta, optando, assim, por elevar sua taxa pela 14ª vez em mais de dois anos, para 4,5%.

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