A Coreia do Norte lançou nesta segunda-feira (18) um míssil balístico de longo alcance que tem potencial de atingir o território dos Estados Unidos, informaram a Coreia do Sul e o Japão, o que aumenta o número recorde de testes armamentistas de Pyongyang em 2023.

O disparo aconteceu após o lançamento de um míssil de menor alcance no domingo, e poucos dias depois de uma troca de advertências entre Coreia do Norte e os aliados Estados Unidos e Coreia do Sul contra ataques nucleares.

O Exército da Coreia do Sul informou que detectou o lançamento de um míssil balístico de longo alcance na região de Pyongyang nesta segunda-feira. O projétil voou quase 1.000 quilômetros, antes de cair no Mar do Leste, também conhecido como Mar do Japão.

O Ministério da Defesa japonês confirmou que era um míssil do tipo ICBM com alcance potencial que abrange todos os Estados Unidos.

"O míssil balístico da classe ICBM lançado desta vez, se calculado com base na trajetória, dependendo do peso da ogiva, poderia ter um alcance de vôo de mais de 15.000 quilômetros", afirmou Shingo Miyake, vice-ministro da Defesa.

"Todo o território americano estaria dentro de sua capacidade de alcance", acrescentou.

O voo durou uma hora e 13 minutos, com uma altura máxima de mais de 6.000 km. Às 9H37 (horário japonês, 21H37 de Brasília, domingo), o míssil caiu no mar na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Japão, informou Miyake.

- Críticas internacionais -

Após uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Segurança, Seul "condenou com veemência" o vizinho do Norte e afirmou que o lançamento representa uma "ameaça grave para a paz e a segurança da península coreana e da comunidade internacional".

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, ordenou uma resposta "imediata e absoluta" a qualquer provocação de Pyongyang, além de uma ação conjunta com Estados Unidos e Japão.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu o lançamento como uma "ameaça à paz e estabilidade". Também disse que violava as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou diversas resoluções em que pede à Coreia do Norte a interrupção de seu programa nuclear e de mísseis balísticos desde que o país realizou seu primeiro teste nuclear em 2006.

O Departamento de Estado americano condenou o lançamento de teste.

A China, principal aliada da Coreia do Norte, não comentou o lançamento, mas divulgou uma nota em que reitera seu apoio a Pyongyang.

"Diante da turbulenta situação internacional, a China e a RPDC sempre se apoiaram firmemente e confiaram uma na outra", declarou o chefe da diplomacia chinesa, Wang Yi, utilizando a sigla oficial da Coreia do Norte.

Pyongyang já havia efetuado quatro testes de ICBM este ano. No anterior, em julho, lançou um Hwasong-18 de combustível sólido.

O porta-voz do Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul afirmou que o governo estava examinando as imagens para determinar se o lançamento desta segunda-feira foi um ICBM com este tipo de combustível.

- Míssil de combustível sólido -

Park Won-gon, professor de Estudos Norte-Coreanos na Universidade de Ewha, afirmou que há muitas possibilidades de que tenha sido um Hwasong-18.

Este tipo de míssil "utiliza combustível sólido, não há tempo de preparação e pode ser disparado imediatamente a partir de um lançador móvel, e pode ser considerado um sistema que tem capacidade prática de alcançar o continente americano", disse à AFP.

Estados Unidos e Coreia do Sul organizaram na semana passada a segunda sessão do Grupo Consultivo Nuclear, durante a qual alertaram que qualquer ataque nuclear de Pyongyang contra Washington ou Seul significaria o fim do regime norte-coreano.

Um porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Norte criticou no domingo os planos dos aliados de ampliar o exercício militar conjunto anual em 2024 para incluir uma simulação de operação nuclear.

"É uma declaração aberta sobre o confronto nuclear para tornar o uso de armas nucleares contra a RPDC em fato consumado", disse a fonte, citada pela agência estatal de notícias KCNA.

"Qualquer tentativa de utilizar as Forças Armadas contra a RPDC enfrentará uma resposta preventiva e letal", acrescentou.

A Coreia do Norte se declarou no ano passado uma potência nuclear "irreversível" e insistiu, em várias ocasiões, que nunca renunciará a seu programa nuclear, que o regime considera essencial para sua sobrevivência.

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