A ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Narges Mohammadi, ativista iraniana  presa desde 2021, se recusou a comparecer ao novo julgamento de seu caso, informou nesta terça-feira (19) sua família.

O tribunal perante o qual ela deveria comparecer é o mesmo que ordenou a execução de diversos jovens iranianos, segundo Mohammadi, que classificou este tribunal como um "matadouro".

"Não vou pôr os pés nesse matadouro", disse ela em seu perfil no Instagram, gerenciado por sua família. "Recuso-me a conceder credibilidade ou autoridade a juízes leais aos serviços secretos e a tribunais que organizam julgamentos falsos", acrescentou.

O julgamento, o primeiro desde o anúncio do Prêmio Nobel, está relacionado às suas atividades na prisão, onde continua lutando contra o véu obrigatório e a pena de morte, segundo seus familiares.

Sua família teme que a ativista seja transferida para fora de Teerã para uma possível nova pena de prisão.

Mohammadi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz "por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e pela promoção dos direitos humanos e da liberdade para todos", foi repetidamente condenada e presa nos últimos 25 anos por seu compromisso contra a obrigação do véu para as mulheres e a pena de morte.

Presa 13 vezes, condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão e 154 chibatadas, e novamente encarcerada desde 2021, ela é uma das principais figuras do movimento iraniano "Mulher, Vida, Liberdade".

Separada há anos do marido e dos filhos, que residem em Paris, Mohammadi não tem direito a ligações telefônicas "desde 29 de novembro", afirma sua família.

Até então, ela conseguia falar com parentes que viviam no Irã, garantindo que suas mensagens pudessem chegar rapidamente ao mundo exterior por meio de suas contas nas redes sociais.

Sua família aceitou o prêmio Nobel da Paz em seu nome, em 10 de dezembro, durante uma cerimônia em Oslo.

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