Angola decidiu retirar-se da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) por divergências sobre as cotas de produção, considerando que é um momento oportuno para "se concentrar mais" em seus próprios objetivos, anunciou nesta quinta-feira (21) o seu ministro de Recursos Naturais.

"Até agora não tivemos qualquer influência sobre as cotas, mas se continuássemos na Opep, sofreríamos as consequências da decisão de respeitá-las", explicou Diamantino de Azevedo à televisão pública TPA. O país seria então "obrigado a reduzir a sua produção", acrescentou.

"É a decisão de um país soberano. Sempre cumprimos o nosso dever, mas Angola considera oportuno sair. Acreditamos que chegou a hora do nosso país se concentrar mais nos seus objetivos", justificou, acrescentando que a decisão não foi "tomada de forma leviana". 

Embora esta nação africana tenha estado muito ativa, "o nosso papel dentro da organização já não nos parece relevante (...) Os resultados atuais não atendem aos nossos interesses", analisou.

Apesar dos novos cortes anunciados em novembro, os preços do petróleo bruto permanecem em seu nível mais baixo desde junho (entre 70 e 80 dólares ou 341 e 390 reais por barril, na cotação atual), embora permaneçam acima da média dos últimos cinco anos. 

A Opep e os seus 10 aliados da Opep+ parecem ter perdido sua influência, em meio a divergências, a concorrência americana e a agitação devido à emergência climática.

No final de novembro, Angola e Nigéria, dois pesos pesados do petróleo do continente africano, manifestaram o seu descontentamento com as cotas durante a última reunião ministerial da organização, que foi adiada devido a divergências.

Fundada em 1960, a Opep tem 13 membros liderados por Riade, formou uma aliança em 2016 com outros 10 países, incluindo a Rússia, denominada Opep+, com o objetivo de limitar a oferta e apoiar os preços frente aos desafios colocados pela concorrência americana.

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