O presidente Nicolás Maduro divulgou, na noite de terça-feira (5/12), um novo mapa da Venezuela com a incorporação de Essequibo — região da Guiana rica em petróleo e disputada pelo governo venezuelano. No domingo (3/12), venezuelanos foram às urnas para votar se o país deveria anexar o local ao seu território. No referendo, 10,4 milhões de eleitores (dos 20,7 milhões habilitados a votar) aprovaram a criação, na região reivindicada, de uma província venezuelana chamada "Guiana Essequiba".
"Imediatamente ordenei publicar e levar a todas as escolas, colégios, conselhos comunitários, estabelecimentos públicos, universidades e em todos os lares do país o novo Mapa da Venezuela com a nossa Guiana Esequiba. Este é o nosso querido mapa", disse Maduro, na terça.
O presidente da Venezuela alega que o país tem um direito histórico sobre a região. "A decisão (no referendo) que vocês tomaram dá um impulso vital poderosíssimo. Agora, sim, vamos recuperar os direitos da Venezuela históricos na Guiana Essequiba, agora sim vamos fazer justiça, agora sim vamos reivindicar com a força de todos", destacou Maduro.
O governo venezuelano argumenta que o território em disputa faz parte da Venezuela e apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966, antes de a Guiana se tornar independente do Reino Unido. O documento anulava um laudo de 1899, que definiu os limites territoriais atuais. A Guiana, por sua vez, defende este laudo e pede que o documento seja ratificado pela Corte Internacional de Justiça (CIJ), que corresponde a mais alta instância judicial das Nações Unidas, cuja jurisdição não é reconhecida pela Venezuela.
"Guiana está vigilante"
A disputa pelo território Essequibo aumentou a tensão entre Venezuela e Guiana em meio a apelos internacionais para uma resolução pacífica do impasse entre os dois países. No domingo (3/12), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva disse que espera "bom senso" dos envolvidos na disputa. "A América do Sul não precisa de confusão", disse Lula. O Ministério da Defesa do Brasil colocará 20 veículos blindados na fronteira de Roraima com a Venezuela para ajudar na segurança.
O ministro guianês das Relações Exteriores, Hugh Todd, afirmou que a Guiana está "vigilante". "Embora não acreditemos que ele vá ordenar uma invasão, temos que ser realistas sobre o ambiente na Venezuela e o fato de que o presidente Maduro pode fazer algo que pode ser muito imprevisível", ressaltou. Caso a tensão se escale, a Guiana considera recorrer ao Conselho de Segurança da ONU.
Com informações da AFP