Um segundo grupo formado por 48 brasileiros e familiares que aguardava resgate na Faixa de Gaza chegou ao Brasil na madrugada desta segunda-feira (11) em mais uma operação de repatriação do governo federal.

 

A maior parte do grupo é formada por crianças e mulheres. Dos 48 repatriados, 36 são menores de idade (nenhum deles desacompanhado), 17 mulheres -duas delas idosas- e quatro homens.

 

O governo Lula (PT) queria resgatar 102 pessoas em Gaza, mas 24 delas -incluindo sete brasileiros-palestinos- não tiveram autorização de Israel para deixar o local. O Itamaraty ainda não sabe o motivo do impedimento.

 

Das 78 pessoas incluídas na lista, 47 efetivamente cruzaram a fronteira com o Egito, sendo 11 com nacionalidade brasileira-palestina e 36 palestina. Uma jovem de 22 anos que já estava no Egito se juntou ao grupo e conseguiu embarcar com os irmãos no voo brasileiro.

 

Sem o aval de Israel para a retirada de todas as pessoas, parte das famílias, como a de Yasmeen Rabee, foi separada.

 

Ela chegou ao Brasil nesta segunda ao lado da mãe, mas conta que a irmã não conseguiu deixar Gaza e está sozinha. O irmão dela, Hassan Rabee, que tem dupla nacionalidade, chegou ao Brasil no primeiro voo da FAB e está em São Paulo.

 

"Me sinto segura, feliz, mas minha felicidade não está completa porque minha irmã não está comigo. Ainda estou preocupada com ela. Agora minha irmã está longe de casa, sem comida, nenhum lugar seguro. Então estou muito preocupada com ela", relatou Yasmeen.

 

"A situação de Gaza está muito crítica. Você não consegue dormir. Você dorme e não sabe se vai acordar ou não", completou a jovem ao ser perguntada por jornalistas sobre a situação de Gaza.

 

A aeronave KC-30 da Força Aérea Brasileira (FAB 2902) decolou neste domingo (10) do Aeroporto Internacional do Cairo, no Egito, às 14h03 no horário de Brasília (19h03 no horário local).

 

O avião da FAB (Força Aérea Brasileira) pousou às 3h47 na base Aérea de Brasília. Os repatriados serão divididos entre o Hotel de Trânsito da FAB e o Batalhão da Guarda Presidencial.

 

O secretário nacional de Assistência Social do Ministério do Desenvolvimento Social, André Quintão, afirmou que a pasta vai identificar, a partir de agora, quantos repatriados irão para a casa de familiares ou amigos e quantos precisarão de acolhimento.

 

"Em um primeiro momento, elas ficarão de dois a três dias em Brasília. A primeira etapa é para apoio psicológico, imunização, contato com familiares, a questão da documentação. E já preparando para o destino que elas irão."

 

Em seu quarto voo de repatriação desde o início da guerra entre Israel e Hamas, a capitão médica da FAB Kelly Gomes, responsável pela equipe médica envolvida na operação, afirmou que o principal desafio é a questão emocional.

 

"Eu diria que, em todos os voos, a principal interconrrência de saúde é o transtorno de stress pós-traumático. A abordagem psicológica de pessoas que saem de um ambiente desses, sem dúvida, é o principal motivo de acompanhamento das equipes que vão dar seguimento."

 

Este é o segundo grupo resgatado pelo Brasil na Faixa de Gaza. Em 13 de novembro, o presidente Lula e uma comitiva de ministros receberam 32 brasileiros e palestinos.

 

Desde 10 de outubro, mais de 1.500 brasileiros e familiares foram retirados pelo governo brasileiro da região do conflito.

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