O processo criminal na justiça alemã contra Kátyna Baía, 44, e Jeanne Paolini, 40, "foi completamente encerrado" e "ambas foram consideradas inocentes", disse a advogada Luna Provázio, que representa as brasileiras.
Em março deste ano elas tiveram a identificação da mala trocada no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e foram presas em Frankfurt sob a acusação de levar 40 kg de cocaína na bagagem. As duas permaneceram presas por 38 dias até serem liberadas após a comprovação de que eram inocentes.
O caso virou alvo da Operação Iraúna, da Polícia Federal em Goiás, que prendeu seis suspeitos de participarem do esquema que troca etiquetas de bagagens para enviar drogas ao exterior.
O método de ação dos criminosos, segundo as autoridades, consiste em retirar aleatoriamente etiquetas de bagagens despachadas e colocá-las em malas que contêm drogas. A operação já era conhecida pela PF, que investigava a quadrilha desde 2019, e há suspeita de ligação com a facção PCC (Primeiro Comando da Capital).
A advogada disse que vai entrar com pedido de indenização contra todos os envolvidos no crime que vitimou Kátyna e Jeanne.
"Agora daremos início à ação de indenização contra o governo alemão e contra as empresas GOL e Dnata, que tiveram um dos seus empregados envolvidos diretamente no crime internacional de tráfico de drogas que ocorreu no aeroporto de Guarulhos, os quais participaram efetivamente para o ingresso das malas com drogas, conforme o relatório da Polícia Federal", afirmou.
As duas companhias foram procuradas pela reportagem, mas não enviaram posicionamento até a publicação deste texto.
Segundo a PF, as malas de Kátyna e Jeanne foram conferidas e separadas da esteira, em uma área restrita, por dois funcionários. Eles retiraram a identificação e deixaram apenas uma etiqueta com o peso das bagagens.
Depois, na área de bagagens de viagens internacionais, um funcionário colocou as etiquetas das malas de Kátyna e Jeanne nas bagagens com drogas, aproveitando-se de um ponto cego das câmeras. Todas as malas seguiram no voo para a Alemanha.
Entre maio e julho, a Polícia Federal fez operações que resultaram na prisão de dezenas de integrantes da quadrilha de troca de etiquetas. Entre os alvos estavam funcionários terceirizados do aeroporto de Guarulhos.