A Federação Internacional de Surfe (ISA) propôs ao governo polinésio e ao comitê de organização dos Jogos de Paris 2024 abandonar a construção da controversa torre de juízes em Teahupo'o e julgar as competições com imagens captadas da costa, do mar e do ar.
"No dia 9 de dezembro, a ISA enviou ao governo polinésio e aos organizadores de Paris-2024 a proposta de realizar as provas olímpicas de surfe em Teahupo'o sem a necessidade de construir uma nova torre no recife", explicou a entidade em comunicado nesta terça-feira (19).
"A ISA propõe julgar as provas com imagens ao vivo da terra, da água e do ar por meio de drones", acrescentou.
"Frente a essa mudança de posição, Paris-2024 entrará em contato com os atores-chave do processo: o governo polinésio, a ISA, a WSL [Liga Mundial de Surfe] e a OBS [emissora dos Jogos] para entender como a ISA planeja a organização das provas sem o uso de uma torre de juízes, levando em consideração os desafios esportivos, de transmissão televisiva, orçamentários e de legado", reagiu o Comitê Organizador de Paris-2024 (Cojo).
O Cojo acrescentou que a ISA está "totalmente envolvida desde 2021 nas conversas sobre a necessidade de construir uma nova torre para a boa organização das operações de transmissão e arbitragem das competições esportivas", reafirmando sua "ambição de organizar as provas de surfe no Taiti".
- Suspensão das obras -
A proposta da ISA foi feita pouco antes de o governo polinésio anunciar, em 10 de dezembro, que as provas de surfe poderiam ser realizadas em Teahupo'o.
O presidente do território francês da Polinésia, Moetai Brotherson, apresentou um programa de obras, que inclui uma torre funcional e que deve ser concluído até 13 de maio, dias antes da etapa do circuito mundial de surfe, um teste para os Jogos Olímpicos.
Brotherson também afirmou que obteve o apoio "unânime de todos os prefeitos, da federação de surfe [do Taiti] e até das associações, exceto uma, e de um surfista que deseja representar a comunidade surfista".
Durante os testes técnicos realizados em 1º de dezembro, uma balsa que seria utilizada para a instalação da nova torre danificou vários pedaços de coral, levando o governo polinésio a suspender as obras.
A ministra francesa do Esporte e dos Jogos Olímpicos, Amélie Oudéa-Castéra, criticou esse ensaio da instalação, pois "não estava bem preparado". A ISA viu com bons olhos a suspensão das obras.
A instalação de uma torre de alumínio para que os juízes possam pontuar as provas, substituindo uma torre de madeira que não atendia às normas, está gerando tensões entre as autoridades, os organizadores dos Jogos e a população local, com um tema que já deu muitas voltas nos últimos meses.
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