O Estado espanhol vai adquirir até 10% do capital da gigante das telecomunicações Telefónica para se tornar um "acionista público de referência", anunciou o governo presidido pelo socialista Pedro Sánchez nesta terça-feira (19).

Em um comunicado publicado pouco depois do fechamento da bolsa de valores de Madri, o governo espanhol justificou sua decisão pelo fato de a Telefónica ser "uma das principais companhias do país, líder no setor das telecomunicações e chave em outros âmbitos estratégicos".

O governo também ressaltou que as atividades da Telefónica são muito importantes para "a segurança e a defesa", incluindo as operações militares no exterior.

A aquisição será realizada através da Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI), órgão de investimento do Estado espanhol.

A SEPI, que saiu do capital da Telefónica em 1997, já havia anunciado em 31 de outubro que estava realizando uma "análise exploratória" para considerar uma possível participação na companhia.

O meio de comunicação digital El Confidencial indicou então que a SEPI cogitava adquirir 5% do capital, "em coordenação com outros investidores nacionais", para servir de contrapeso à entrada da Arábia Saudita na companhia espanhola.

No início de setembro, o grupo semipúblico saudita Saudi Telecom Company (STC) anunciou a aquisição de 9,9% da gigante espanhola por 2,1 bilhões de euros (pouco mais de R$ 11 bilhões, na cotação atual).

Essa operação gerou muita surpresa e provocou preocupação no governo espanhol, que foi avisado no último momento.

"A presença de um acionista público na Telefónica representará um reforço para sua estabilidade acionária e, consequentemente, preservará capacidades estratégicas de essencial importância para os interesses nacionais", destacou o Executivo de Sánchez em seu comunicado.

O governo também afirma que esta decisão está "em linha" com outros países de seu entorno. Na nota são mencionados os exemplos de Alemanha, onde o Estado detém 13,8% do capital da Deutsche Telekom; França, onde o Estado dispõe de 13,4% do capital da Orange, e da Itália.

Esta volta do Estado ao capital da gigante espanhola das telecomunicações acontece quando a empresa atravessa um momento complicado, com alto endividamento.

No início deste mês, a Telefónica anunciou a eliminação de cerca de 5.100 empregos na Espanha, quase um terço da sua força de trabalho no país, para tentar melhorar sua rentabilidade.

O grupo, integrado por várias sociedades, está presente em 12 países, incluindo Brasil, Alemanha e Reino Unido, e tem atualmente 16.500 funcionários na Espanha, de um total de 100.000 em todo o mundo.

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