A Justiça chilena aumentou nesta quinta-feira (28) as condenações de nove militares da reserva por sua participação no assassinato de 15 pessoas durante o caso chamado de "Caravana da Morte", nas primeiras semanas da ditadura de Augusto Pinochet. 

O brigadeiro Pedro Espinoza e o coronel Juan Chiminelli, os dois militares da reserva que haviam sido condenados a cinco anos de prisão em 2018 como autores dos homicídios, agora deverão cumprir uma pena de 15 anos, segundo a decisão da Suprema Corte, o máximo tribunal do país. 

Outros seis militares receberam condenações entre cinco e 10 anos por sua participação nos crimes, ocorridos na cidade de La Serena, a cerca de 500 km de Santiago. 

O general reformado Juan Emilio Cheyre, que, em 2003, foi o primeiro comandante em chefe do Exército a pedir um "nunca mais" para abusos dos direitos humanos, foi condenado a cinco anos por sua cumplicidade no caso, mas ele recebeu o benefício da liberdade vigiada. 

A Caravana da Morte é um dos casos mais emblemáticos dos crimes cometidos durante a ditadura de Pinochet (1973-1990), que deixou mais de 3.200 mortos. 

Dias depois do golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 que depôs o governo do socialista Salvador Allende (1970-1973) e instaurou a ditadura de Pinochet, uma comitiva militar liderada pelo general Sergio Arellano percorreu de helicóptero várias cidades do país para executar partidários de Allende que haviam sido presos. 

Segundo a decisão judicial, Pinochet ordenou "percorrer diversas cidades do país, para acelerar os processos que afetavam os presos políticos e (...) avançar com sua execução". 

Nesse contexto, as 15 vítimas de La Serena foram levadas a um polígono de tiro, onde foram "executadas sem julgamento prévio, mediante disparos efetuados pelo pessoal do Exército, alguns deles mortos com um tiro de graça", diz o tribunal.

A Suprema Corte ordenou à Receita Federal a pagar uma reparação de cerca de 3,6 milhões de dólares (17,4 milhões de reais) a 32 familiares das vítimas. 

Pinochet, que faleceu em 2006, foi processado e ficou sob prisão domiciliar por esse caso, o primeiro pelo qual teve que comparecer ante a Justiça chilena. 

Mas, em julho de 2002, foi exonerado pelo Supremo Tribunal por uma alegada demência que o impedia de se defender em tribunal.

A decisão desta quinta-feira é uma das várias condenações definitivas emitidas neste ano pela Justiça chilena por crimes cometidos durante a ditadura, quando o golpe de Estado completou 50 anos.

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