O grupo chinês Huawei declarou nesta sexta-feira (29) que "resistiu à tempestade" das sanções impostas pelos Estados Unidos, com um aumento das vendas anuais e resultados notáveis no mercado de smartphones que levantam dúvidas sobre a eficácia destas medidas.

Há anos no centro da rivalidade tecnológica entre China e Estados Unidos, a Huawei foi acusada pelas autoridades americanas — que não apresentaram provas —, de espionar para o governo chinês, o que a empresa nega com veemência.

Desde 2019, as sanções impostas por Washington isolaram o grupo das cadeias globais de fornecimento de tecnologias e componentes americanos, obrigando a companhia chinesa a reorientar sua atividade em setores como software, dispositivos conectados, ou computação empresarial.

"Após anos de trabalho duro, conseguimos resistir à tempestade", afirmou nesta sexta-feira o presidente interino do grupo, Ken Hu, em uma mensagem de Ano Novo.

Entre janeiro e dezembro, a Huawei registrou vendas anuais de "mais de 700 bilhões de iuanes" (R$ 476 bilhões na cotação atual), disse aos seus funcionários. O número representa um aumento interanual de quase 9%.

Os números sobre lucros líquidos, ou vendas de smartphones, que foram bastante enfraquecidos nos últimos anos pelas sanções, não foram divulgados.

O grupo, que havia alcançado uma estabilidade geral de vendas em 2022, viu, entretanto, seu lucro líquido interanual cair acentuadamente (-69%).

- "Desafios importantes" -

"O nosso trabalho duro nos permitiu sobreviver (...) mas ainda enfrentamos desafios importantes", alertou Ken Hu, fazendo referência às incertezas geopolíticas e econômicas, bem como às restrições tecnológicas e barreiras comerciais, que continuam pesando sobre a companhia.

Apesar disso, "as atividades da empresa voltaram em grande medida à normalidade", garantiu.

Em agosto, a Huawei apresentou o Mate 60 Pro, um smartphone de ponta, cujo lançamento levanta dúvidas sobre a eficácia das sanções americanas.

Lançado no dia da visita da secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, à China, o dispositivo é alimentado por um chip avançado produzido no próprio país.

A Huawei também continua sendo o principal provedor mundial de equipamentos para 5G, a quinta geração de Internet móvel.

Mas os Estados Unidos tentam convencer seus aliados a proibirem o acesso da empresa às suas redes 5G, argumentando que o governo chinês poderia usar seus produtos para monitorar as comunicações e o tráfego de dados dos países ocidentais.

Em junho, a Comissão Europeia determinou que os fornecedores chineses de equipamentos de telecomunicações, incluindo a Huawei, representavam um risco de segurança para a União Europeia. 

O comissário do Mercado Interno, Thierry Breton, fez um apelo aos 27 Estados-membros e às operadoras de telecomunicações para que excluam esses equipamentos de suas redes móveis.

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